Destaques da NASA: fotos astronômicas da semana (30/07 a 05/08/2022)
Por Danielle Cassita • Editado por Rafael Rigues |
Que tal começar o fim de semana conferindo as mais recentes fotos selecionadas pelos astrônomos da NASA? Aqui, você poderá conferir a Lua de um jeito diferente: em uma foto feita durante a missão Apollo 11, nosso satélite natural aparece em um anáglifo, ou seja, em uma imagem especialmente editada para ser vista com óculos 3D. Em outra foto, vemos a Lua parcialmente coberta por nuvens em uma perspectiva incrível.
Como de costume, temos também fotos de uma galáxia, nebulosa e até de um belíssimo aglomeado estelar, que impressiona com seu brilho. Confira:
Sábado (30) — Módulo Eagle em 3D
Se você tiver um par de óculos 3D em casa, com uma lente vermelha e outra azul, este é um bom momento para pegá-lo e conferir esta foto tridimensional da órbita lunar. Este é um anáglifo, ou seja, é uma foto que foi editada para ficar com duas camadas coloridas sobrepostas com uma pequena distância entre si, conferindo um efeito de profundidade para o observador.
O anáglifo em questão foi criado a partir de duas fotos tiradas por Michael Collins, que serviu como piloto do módulo de comando na missão Apollo 11. Ele fotografou o estágio ascendente do módulo lunar Eagle, com Neil Armstrong e Buzz Aldrin, subindo para se encontrar com o módulo de comando na órbita lunar, no dia 21 de julho de 1969.
Já a grande área escura na superfície lunar é Mare Smythii, um dos “mares” lunares na face lunar voltada para a Terra. A região leva o nome do astrônomo inglês William Henry Smyth e tem forma circular, provavelmente vinda de um grande impacto. Depois, novas rochas espaciais bombardearam a área, dando origem à forma irregular dela.
Domingo (31) — Galáxia M94 pelos “olhos” do Hubble
Em direção à constelação Canes Venatici, os Cães de Caça, está a galáxia Messier 94. Considerada um objeto bastante popular entre os astrônomos, essa galáxia é do tipo espiral e se estende por 30 mil anos-luz e tem outros braços espirais que não aparecem aqui, mas vão ainda mais longe no espaço. Nesta foto do telescópio Hubble, observamos apenas 7 mil anos-luz da região central dela.
A beleza da M94 é, certamente, um espetáculo por si só, e fica ainda mais impressionante nesta foto, que direciona o olhar para o núcleo compacto e brilhante dela. Ao redor dele, estão os braços galácticos repletos de poeira e marcados pelo brilho azulado das estrelas massivas e jovens ali, organizadas em uma espécie de anel. Essas estrelas parecem ter menos de 10 milhões de anos.
Isso indica que a M94 está passando por um processo de formação estelar intenso, que pode ter sido causado por uma onda de pressão viajando para fora do centro dela. Esta onda comprime o gás e poeira nas regiões mais externas, fazendo com que a matéria gasosa colapse em nuvens mais densas; no interior delas, a gravidade une o gás e a poeira. Quando chegam à pressão e temperatura adequadas, novas estrelas nascem.
Segunda-feira (1º) — Poeira na Nebulosa Carina
Pode não parecer, mas há um "combate estelar" em andamento nesta imagem da Nebulosa Carina: de um lado, temos as estrelas; de outro, a poeira. Ao que tudo indica, as estrelas estão ganhando em função da luz e ventos vindos das mais jovens delas. Juntas, estas emissões estão evaporando e dispersando os berçários estelares de poeira, que deram origem a elas.
A Carina, nebulosa lar destes pilares empoeirados, é uma grande região de formação estelar localizada a cerca de 7.500 anos-luz da Terra. Já os pilares são formados principalmente por hidrogênio gasoso, mas têm aparência marcada por poeira escura. Normalmente, os pilares de poeira são menos densos que o ar, e ficam com a aparência que lembra a de uma montanha por causa da poeira interestelar opaca.
Essa foto do interior da nebulosa Carina foi feita pelo telescópio espacial Hubble, e mostra uma área com cerca de três mil anos-luz de extensão. Em apenas alguns milhões de anos, as estrelas devem "vencer" o processo em andamento; quando isso acontecer, a montanha de poeira deverá acabar evaporada.
Terça-feira (2) — Lua “vestida” de Saturno
Em um primeiro momento, pode até parecer que esta é uma foto de Saturno, mas não se engane: na verdade, a imagem mostra a Lua fotografada atrás de algumas nuvens que apareceram no lugar certo, na hora certa. Na madrugada em que o registro foi capturado, a maior parte da superfície do nosso satélite natural estava iluminada pela luz refletida pela Terra. Essa luz é conhecida como "Earthshine", no termo em inglês.
Assim como acontece com a Terra, a Lua tem um lado "noturno" e um "diurno", que mudam conforme ela gira. Por isso, metade da Lua sempre está iluminada, e o quanto conseguimos ver desta parte varia conforme a nosso satélite natural se move em sua órbita. A faixa brilhante na parte inferior da Lua mostra que ela estava na fase crescente.
Como a luz solar está incidindo sobre a parte inferior dela, isso mostra que nosso astro estava abaixo do horizonte. Portanto, a foto foi tirada durante o fim da madrugada, antes mesmo de o Sol nascer. A foto foi capturada em 24 de dezembro de 2019 em Pacaya, na Guatemala, um dia antes de um belo eclipse solar fascinar observadores no local.
Quarta-feira (3) — Nebulosa Olho do Gato
Estas cores e formas compõem a nebulosa Olho do Gato, uma das nebulosas planetárias mais complexas que conhecemos. As nebulosas planetárias são objetos únicos, formados quando estrelas parecidas com o Sol chegam ao fim de suas vidas e expandem suas camadas externas, tornando-se gigantes vermelhas.
Depois, a estrela libera suas camadas externas para o espaço e expõe seu núcleo a altas temperaturas. A radiação ultravioleta dele incide sobre o gás ao redor, fazendo com que brilhe — é este gás forma a nebulosa planetária. Com o tempo, ela se dispersa e a estrela esfria, até que, um dia, se tornará uma anã branca.
No caso desta nebulosa, a foto mostra algumas formações bastante simétricas em sua região central. Contudo, elas não são o destaque da imagem, mas sim o halo externo dela, que se estende por cerca de três anos-luz. Recentemente, os astrônomos encontraram algumas nebulosas planetárias com grandes halos, que parecem vir do material expelido durante etapas mais iniciais do processo de evolução estelar.
Quinta-feira (4) — O brilho do Grande Aglomerado Globular de Hércules
Será que você imagina quantas estrelas existem em M31, o aglomerado estelar globular que brilha nesta foto? Bem, é difícil saber a quantidade exata, mas os astrônomos estimam que há mais de 100 mil delas por lá. M31 fica a aproximadamente 25 mil anos-luz de nós e é um dos objetos mais visíveis do tipo no céu do hemisfério norte, e pode ser observado até com binóculos.
M31 foi descoberto em 1714 pelo astrônomo Edmond Halley, muito conhecido pelo cometa que leva seu nome. Quando o astrônomo Charles Messier adicionou o M13 ao seu catálogo, em 1764, ele estava plenamente convencido de que não havia estrelas ali. É que, como as estrelas estão bastante unidas, elas só puderam ser observadas individualmente depois de 1779.
Os aglomerados estelares globulares são formados por grupos de estrelas que se mantêm juntas, pela ação da gravidade. Normalmente, estes aglomerados podem abrigar desde algumas dezenas de milhares de estrelas a vários milhões delas. Eles estão presentes em quase todas as galáxias.
Sexta-feira (5) — As cores da Nebulosa Trífida
Essas cores e formas fazem parte da Nebulosa Trífida. Catalogada como "M20", essa nebulosa formadora de estrelas foi descoberta em 1764 pelo astrônomo Charles Messier. Ela fica a cerca de nove mil anos-luz da Terra, em direção à constelação Sagitário e, como pode ser observada através de pequenos telescópios, ela é uma das "queridinhas" dos astrônomos amadores.
Como o nome indica, esta nebulosa é formada por três lobos de gás brilhante, separados por faixas de poeira escura. No centro dela, há estrelas massivas e brilhantes recém-nascidas, liberando radiação intensa; essa radiação ajuda a esculpir a nuvem cósmica nos arredores do objeto. Um aspecto interessante desta foto é que, nela, podemos observar diferentes tipos de nebulosas.
Em vermelho, está uma nebulosa de emissão dominada pela luz dos átomos de hidrogênio. Já a área azulada é uma nebulosa de reflexão, nascida da poeira refletindo luz estelar. Por fim, o terceiro tipo é uma nebulosa escura, que aparece nas regiões onde nuvens de poeira escura chamam a atenção pela silhueta, em contraste com as cores ao redor.
Fonte: APOD