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Dados do Hubble mostram vapor d'água persistente em apenas um lado da lua Europa

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Outubro de 2021 às 17h27

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NASA/JPL-Caltech/SETI Institute
NASA/JPL-Caltech/SETI Institute

Graças a dados do Telescópio Espacial Hubble, astrônomos conseguiram detectar, pela primeira vez, a presença de vapor d’água persistente na tênue atmosfera de Europa, uma das 79 luas de Júpiter. Com temperatura média de -170 °C em sua superfície, a causa da distribuição irregular do vapor neste pequeno mundo congelado permanece um mistério.

Há muito tempo, os astrônomos suspeitam de que Europa possua uma vasto oceano abaixo de sua superfície; por isso, a lua é apontada como um lugar potencialmente hospedeiro à vida como a conhecemos. A compreensão sobre a atmosfera dessa e de outras luas de Júpiter é essencial para o planejamento de futuras missões exploratórias do sistema de Júpiter. 

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Observações anteriores indicaram a presença de vapor d’água em Europa, mas foram associadas a plumas de erupção em gelo, registradas pelo Hubble em 2013 — estruturas bem parecidas com os gêiseres da Terra, capazes de lançar o material até 100 km acima da superfície. No entanto, a nova análise aponta quantidades semelhantes de vapor em uma área bem maior, de acordo com observações do telescópio espacial, que vão de 1999 a 2015.

Tais informações sugerem uma presença prolongada de vapor d’água apenas no hemisfério posterior de Europa. A razão dessa distribuição disforme ainda é um mistério. Para chegar a esta descoberta, a astrônoma Lorenz Roth, da KTH Royal Institute of Technology e principal autora do estudo, realizou uma nova análise de imagens e espectros dos arquivos do Hubble.

Segundo Roth, a detecção de vapor d’água tanto em Europa quanto em Ganimedes, outra lua de Júpiter, aumenta a compreensão sobre a atmosfera em luas geladas. Acontece que, em Europa, a descoberta é surpreendente porque lá a temperatura média é bem mais baixa em relação à Ganimedes. As novas observações indicam que o gelo de água está sublimando, ou seja, passado do estado sólido diretamente para o gasoso.

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A astrônoma analisou um conjunto de dados do Hubble, selecionado observações ultravioleta de Europa de 1999, 2012, 2014 e 2015 — com a lua em diversas posições — a partir do Espectrógrafo de Imagens do Telescópio Espacial Hubble (STIS). Então, Roth pôde determinar a abundância de oxigênio, um dos constituintes da água, na atmosfera da lua e, a partir da intensidade da emissão em diferentes comprimentos de onda, ela inferiu a presença de vapor.

A descoberta será fundamental para as missões que vão explorar o sistema de luas de Júpiter, como a Europa Clipper, da NASA, e a Jupiter Icy Moons Explorer (JUICE), da Agência Espacial Europeia (ESA). A missão JUICE está prevista para ser lançada em 2022, chegando ao gigante gasoso por volta de 2031. Ali, a sonda estudará Ganímedes, Calisto e Europa — as três maiores luas do sistema.

A descoberta foi publicada na revista Geophysical Research Letters.

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Fonte: NASA, ESA/Hubble