Publicidade

Cratera de 800 mil anos estaria enterrada em deserto na China

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

Compartilhe:
Jamartevgeniy/Envato
Jamartevgeniy/Envato

Uma cratera de impacto em nosso planeta há muito procurada pelos cientistas pode ter sido finalmente encontrada em um deserto na China. Até então, os pesquisadores acreditavam que estaria localizada em algum lugar bem mais ao Sul, onde um tipo de vidro natural se espalha em abundância.

Em um esforço para encontrar vestígios dos grandes impactos já sofridos pela Terra, os pesquisadores usaram novas tecnologias e encontraram a possível cratera soterrada no deserto Badain Jaran, norte da China. A pista para detectá-la foram rochas chamadas tectitas, objetos de vidro formados por impactos de grandes meteoroides.

A distribuição e composição química das tectitas levaram os cientistas a mapear quatro grandes regiões do planeta onde grandes impactos teriam ocorrido no passado. Três dessas áreas estão relacionadas a crateras específicas: Cratera da Baía de Chesapeake (EUA), Nördlinger Ries (Alemanha), Lago Bosumtwi (Gana).

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Já a quarta região de tectitas fica na Australásia (nome de região que inclui Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores) e ainda não teve uma cratera individual associada ao objetos de vidro. Este é o campo de dispersão de tectitas mais extenso do planeta — daí a dificuldade para encontrar onde exatamente o meteoro caiu.

Pesquisas anteriores já analisaram as tectitas da Australásia e estimaram uma idade de 790 mil anos, ou seja, o evento do impacto provavelmente ocorreu há cerca de 800 mil anos. Existem outras regiões candidatas a ter a cratera que gerou todas as tectitas da Australásia, como uma formação encontrada no sul do Laos em 2019.

Tectitas da Australásia também já foram encontradas nas regiões circunvizinhas da Australásia, como a Antártida. O desafio é encontrar a cratera de origem ou, caso ela não exista, elaborar alguma nova teoria para explicar a presença dessas rochas. Os pesquisadores ainda não abriram mão da primeira possibilidade, e parece que o esforço foi recompensado.

Usando dados de satélites que medem variações gravitacionais e magnéticas, os autores do novo estudo mostraram uma grande estrutura semelhante à uma cratera de impacto no subsolo do deserto de Badain Jaran. O local está fora da região do campo de tectitas da Australásia, mas a movimentação das areias nos desertos poderiam explicar algumas dessas discrepâncias.

Segundo os autores, a Terra se recuperou rapidamente do impacto, enterrando a cratera com uma elevação central do tamanho de uma montanha. Porém, a baixa densidade dessa cobertura resultou em uma atração gravitacional menor quando comparada à do leito rochoso não afetado pelo impacto. Por isso, os instrumentos de medição gravitacional detectaram a anomalia.

Os dados magnéticos, usados como outra abordagem para testar essa ideia, revelaram um padrão que parece seguir a borda da suposta cratera enterrada. Entretanto, os cientistas ainda vão ter que recuperar amostras de rochas dessa região subterrânea — até porque a possível descoberta no Laos também utilizou o mesmo método de pesquisa.

Fonte: Scientific Reports; via: Forbes