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Cratera em São Paulo foi criada por impacto de objeto espacial

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Victor Velázquez Fernandez/Agência FAPESP
Victor Velázquez Fernandez/Agência FAPESP

Novas evidências sobre da cratera de Colônia, localizada na cidade de Parelheiros, em São Paulo, foram descobertas por uma pesquisa liderada pela Universidade de São Paulo (USP). O estudo apresenta uma possível explicação de como um corpo celeste teria atingido a região paulista produzindo, assim, a cratera com mais de 3 km de diâmetro.

A cratera de Colônia possui 3,6 km de diâmetro com bordas que atingem até 120 metros de altura. Vulnerável aos processos de erosão, hoje a cratera de impacto é coberta pela vegetação local e por sedimentos. No início da década de 1960 a estrutura quase em círculo perfeito foi notada em imagens aéreas e de satélite.

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Somente em 2013 sua origem foi atribuída a um impacto de um corpo celeste, graças a análise microscópica de sedimentos do local. Agora, o geólogo Victor Velázquez Fernandez, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP) esteve à frente desses estudos e da nova pesquisa.

Fernandez e sua equipe encontraram pequenas esferas no interior da cratera a uma profundidade de 180 a 224 metros que teriam surgido com o impacto de um corpo celeste. O evento gerou um calor de 5.000 °C e pressões de até 40 quilobars — 40 mil vezes a pressão atmosférica normal da Terra.

É muito incomum que as esférulas tenham sido encontradas no interior da cratera, pois os impactos costumam lançar os sedimentos para fora. Segundo Fernandez, a energia do transformou as rochas em uma nuvem densa e quente. “Esse material foi lançado para cima, congelou e voltou a cair na base da recém-formada cratera”, disse.

Análise das pequenas esferas

Os fragmentos coletados apresentam tamanhos variados entre 0,1 a 0,5 milímetros — a maioria com 0,4 mm. Já os seus formatos foram definidos em 44% ovais, 30% em formato de goa, 18% esféricas e 8% em disco. O restante do material ficou de fora dessas classificações.

Fernandez aponta que, por não serem esferas perfeitas os fragmentos não podem ser micrometeoritos — sempre esféricos por conta do atrito com a atmosfera. “Só podem ser explicadas por meio de nossa hipótese: da nuvem superaquecida, ejeção vertical e posterior solidificação e queda do material”, acrescentou.

Outra característica apresentada pela pesquisa é a composição química dessas esférulas que combina com a borda da cratera. A ausência de silício, alumínio, crômio e níquel sugere que o objeto a atingir a região foi um cometa e não um asteroide metálico ou rochoso. No entanto, apenas novas pesquisas podem confirmar esta relação.

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O tamanho, a velocidade e o ângulo do objeto celeste são desconhecidos, mas, em comparação com outros impactos, os pesquisadores estimaram um raio de 20 km de devastação. Por enquanto, estima-se que o evento tenha acontecido entre 5 a 36 milhões de anos atrás.

O estudo foi publicado na revista científica Solid Earth Sciences.

Fonte: Solid Earth SciencesAgência FAPESP