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A maior lua de Saturno pode ajudar na busca por exoplanetas habitáveis; entenda

Por| 27 de Março de 2020 às 12h41

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NASA
NASA

A busca por vida fora da Terra não precisa - nem deve - se concentrar apenas em planetas semelhantes ao nosso. Existem alguns mundos no Sistema Solar que têm algum potencial de abrigar formas de vida, como é o caso de Titã, a enorme lua de Saturno. Por isso, alguns pesquisadores estão procurando por sinais de habitabilidade em planetas bastante diferentes da Terra.

Titã tem rios e lagos de hidrocarbonetos, um provável oceano subterrâneo, lagos de metano e etano no estado líquido e uma atmosfera rica em nitrogênio. Tudo isso pode compor um quadro no qual formas de vida seriam capazes de se desenvolver - mas poderiam ser bastante diferentes do que temos no nosso planeta.

Além disso, à medida que o metano e o nitrogênio de Titã sobem em forma de gás para a atmosfera superior do planeta, a luz solar e o calor os separam, criando uma névoa semelhante à encontrada nas grandes cidades aqui na Terra.

Pesquisadores trabalham com a ideia de que a névoa nebulosa de exoplanetas (aqueles fora do Sistema Solar) parecidos com Titã poderia ser visível com a próxima geração de telescópios espaciais. É que, se esses mundos estiverem longe o suficiente de suas estrelas anfitriãs, o metano estaria condensado no estado líquido, possibilitando a formação de compostos voláteis na atmosfera que poderiam criar uma névoa. Isso seria um bom cenário para que a vida surgisse.

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Uma das primeiras estrelas modeladas pela equipe dessa pesquisa foi a Estrela de Barnard, uma das mais próximas de nós, apenas a 6 anos-luz de distância. Ela hospeda um objeto candidato a planeta que é aproximadamente três vezes mais maciço que a Terra, chamado Estrela de Barnard b, localizado perto da linha orbital gelada deste sistema estelar. Ali, a água, o metano e outros gases podem congelar e solidificar.

A equipe descobriu que uma névoa do tipo que é encontrada em Titã poderia ser visível no Estrela de Barnard b a partir da Terra, se usássemos um instrumento como o LUVOIR – um telescópio espacial de vários comprimentos de onda. “Para exoplanetas do tipo Titan, a atmosfera é analisável por grandes telescópios espaciais”, disse um dos autores do estudo.

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Como o tamanho das partículas de neblina muda de acordo com a temperatura, exoplanetas semelhantes a Titã devem ter características diferentes. Então, a equipe primeiro modelou mundos em torno de estrelas semelhantes ao nosso Sol, e isso resultou em planetas bem parecidos com Titã em tamanho de partículas da neblina e misturas de gases.

No entanto, a diferença essencial entre os modelos e Titã é que os mundos modelados eram planetas, e não luas. Isso resultou em algumas pequenas diferenças, mas não o suficiente para comprometer a pesquisa. Os pesquisadores pensam que foi um caso específico do Sistema Solar que Titã seja uma lua, em vez de um planeta. É que os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno têm força gravitacional o suficiente para fazer um mundo grande como Titã uma de suas luas. Em sistemas estelares que não possuem gigantes de gás na mesma região orbital, há mais chances de que mundos como Titã sejam, de fato, planetas.

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Além de simular exoplanetas ao redor de estrelas como o Sol, a equipe também modelou mundos ricos em neblina em torno de estrelas mais frias. As temperaturas mais baixas diminuíram o nível da atmosfera que era atingido pela névoa, mas a diferença não deve ser significativa o suficiente para impactar as tentativas de simular o planeta parecido com Titã em diferentes tipos de estrelas.

As estrelas mais escuras que os cientistas estudaram foram as anãs vermelhas. Os planetas ao redor delas devem orbitar mais perto para alcançar as mesmas temperaturas que atingiriam se orbitassem uma estrela parecida com o Sol. Isso aumenta as chances de serem atingidos por “chamas” estelares e temperaturas mais baixas causariam uma diminuição da neblina, o que reduziria a capacidade de proteger o planeta da radiação.

Em um ponto intermediário entre as anãs vermelhas e as estrelas parecidas com o Sol, estão as estrelas-K. Mundos semelhantes a Titãs em torno dessas estrelas podem apresentar neblinas que se formam mais abaixo, com partículas menores.

Com a próxima geração de telescópios espaciais, os astrônomos poderiam sondar os mundos ricos em neblina em torno desses três tipos de estrelas, de acordo com o estudo. Em especial, se o LUVOIR, que ainda é apenas um projeto, puder ser concluído e enviado ao espaço, poderemos descobrir muito sobre a atmosfera desses planetas e encontrar um tipo de ambiente potencialmente habitável bem diferente da Terra.

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Fonte: Space.com