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Crítica Lenda do Lobo | Um novo e delicioso olhar para o mundo de The Witcher

Por| Editado por Jones Oliveira | 16 de Agosto de 2021 às 10h13

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Reprodução/Netflix
Reprodução/Netflix
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Entre erros e acertos, a primeira temporada de The Witcher foi um enorme sucesso na Netflix. A história de Geralt de Rívia introduz muito bem esse universo fantástico de caçadores de monstros, de intrigas palacianas e de magia ao mesmo tempo que desenvolve bem seu protagonista e prepara terreno para o que está por vir. E, justamente por esse foco no herói e em como ele é apenas um peão nas tramas do destino, a série deixa algumas lacunas abertas em relação ao mundo à sua volta. Afinal, pouco sabemos sobre os demais bruxos e sua natureza — e The Witcher: Lenda do Lobo chega para trazer algumas dessas respostas.

O anime é uma ponte entre a primeira e a segunda temporada do seriado, ainda que toda a ação se passe muitos anos antes da jornada de Geralt. Para isso, a animação nos apresenta um novo protagonista, o bruxo Vesemir, que estará presente nos novos episódios da série e que tem um papel fundamental dentro da saga como um todo. Assim, a animação funciona como uma espécie de prévia, permitindo que a gente conheça esse personagem tão interessante antes de sua versão em live action aparecer de fato.

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Só que esse é apenas o ponto de partida de Lenda do Lobo. Esse novo herói, que é igualmente dúbio e encantador, se mostra a personificação perfeita de todo o mundo à sua volta. Da mesma forma que tudo ali é envolvente, há uma certa malícia e perigo escondido que faz com que nada seja preto ou branco. E é ao evidenciar todas essas escalas de cinza que o anime expande o universo da série, apresentando a natureza dos bruxos e mostrando a riqueza de histórias que ainda podem ser contadas.

Bem-vindo, Vesemir

Vamos direto ao ponto: Vesemir é um personagem incrível. Enquanto Geralt é aquele cara sisudo e de poucas palavras, o novo bruxo é o exato oposto. Muito mais solto e extrovertido, ele é o típico espadachim que é bom no que faz e sabe disso. Esse misto de orgulho e arrogância o torna um herói muito mais charmoso e interessante de acompanhar, ao mesmo tempo que traduz muito bem a imagem dos bruxos diante daquela sociedade.

E esse é o cerne de Lenda do Lobo. Mais do que apresentar Vesemir, o anime se preocupa em estabelecer o mundo à sua volta, principalmente no modo como os humanos veem os bruxos e em como a existência desses mutantes afeta a geopolítica dos reinos. Afinal, sendo os únicos capazes de acabar com os monstros que infestam as florestas e estradas, não seriam eles a maior força a ser temida?

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Há uma cena logo no início do anime que deixa tudo isso bem claro, com Vesemir e outros bruxos em um bar contando histórias e mostrando como eles se veem acima das leis dos reinos em que transitam. É uma passagem bastante rápida, mas que mostra tanto quem é esse personagem como o modo como os caçadores de monstros são vistos pelas pessoas comuns.

Isso não quer dizer que esse novo protagonista é uma pessoa ruim ou mesmo um anti-herói. Lenda do Lobo se preocupa em explorar a natureza dos bruxos como esses guerreiros de moral questionável que vivem (e morrem) por um punhado de moedas e Vesemir nada mais é do que fruto dessa realidade. Mais uma vez, tudo aqui é cinza.

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E a graça da trama está em vê-lo se equilibrar nessa corda bamba, principalmente quando passa a descobrir um pouco mais sobre a própria origem dos bruxos e a natureza de Kaer Morhen, a fortaleza onde vivem esses caçadores de monstros. Por um lado, as coisas são como são e ele passou por todas as etapas de transformação que o deixou calejado para muita coisa. Por outro, ainda há um resquício daquele garoto que existia ali muito antes das poções e das magias.

Assim, enquanto Geralt e Ciri se apresentam como reféns do destino, Vesemir vai por um caminho totalmente oposto, sendo uma vítima do mundo em que foi criado. Isso é bem representado nos caminhos que o levaram a Kaer Morhen e em todo o processo de treinamento de crianças para se transformar em um bruxo. Tudo é muito duro e cruel, o que nos leva a entender esse estilo de vida que eles levam. Mas até que ponto tudo isso é aceitável?

Isso também nos leva a entender mais o porquê o resto do mundo tem medo e ódio dos bruxos. Na série principal, vemos em uma ou outra cena o receio que as pessoas têm com Geralt, mas não há uma grande contextualização das razões desse receio. Em The Witcher: Lenda do Lobo, vemos bem por que as pessoas comuns têm esse temor dos mutantes, da mesma forma como isso se insere nas intrigas e conspirações palacianas, bem ao estilo Game of Thrones.

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E tudo isso acaba sendo bem personificado na figura de Vesemir. Ele centraliza toda essa tensão e traz algumas explicações e revelações que eram desconhecidas até então, o que nos permite ter uma visão bem mais ampla de como tudo nesse mundo é dúbio e cinza. E ele representa tudo isso ao mesmo tempo em que traz uma personalidade divertida e interessante que nos faz querer saber mais desse personagem e de suas aventuras. É divertido acompanhá-lo a ponto de a animação de 1h20 ser pouco para tudo o que ele tem a oferecer — o que apenas aumenta as expectativas para sua versão mais velha na segunda temporada de The Witcher.

Sem restrições orçamentárias

Você deve ter estranhado a escolha da Netflix de produzir um anime de The Witcher. Afinal, estamos falando de uma adaptação americana de uma história polonesa com uma estética oriental. Contudo, apesar dessa salada multicultural, a verdade é que Lenda do Lobo se aproveita muito bem do fato de ser uma animação.

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Uma das principais reclamações feitas à série The Witcher é que ela era bastante comedida no uso de efeitos visuais para conter gastos e não estourar o orçamento dos episódios. Sem grandes magias ou mesmo um grande monstro para justificar o poder dos bruxos, as coisas às vezes pareciam até uma novela da Record. E o anime consegue se livrar desses freios orçamentários e usar toda essa liberdade criativa a seu favor.

Isso significa que toda a pirotecnia dos livros e dos jogos está presente, o que rende ótimo momentos. A batalha final é um belo exemplo disso, se aproveitando muito bem tanto da possibilidade de colocar diversas criaturas de uma só vez na tela quanto de usar diferentes tipos de magia sem qualquer tipo de restrição. É o tipo de ação que os fãs da saga esperavam e que finalmente foi entregue.

O mais importante disso é que essa liberdade tem um peso narrativo muito grande. Por muito tempo ouvimos falar como os bruxos são grandes guerreiros, mas somente agora foi possível ver de fato sua habilidade com a espada e com a magia em ação. Isso sem falar dos próprios monstros, que puderam ser usados com mais frequência, o que também nos ajuda a ter uma noção mais clara de como esse mundo é perigoso e cruel.

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Um mundo muito mais rico

A principal questão em torno de The Witcher: Lenda do Lobo era se esse tipo de spin-off era realmente necessário ou apenas uma estratégia da Netflix de surfar no sucesso da série. E agora que a animação está prestes a chegar ao catálogo, fica claro o quanto essa adição é bem-vinda.

O anime faz um ótimo uso de sua linguagem e de seus personagens para explorar e expandir o universo da franquia, mostrando como esse mundo é rico. Já tínhamos nos apaixonado por ele mesmo com o jeito lacônico de Geralt e, agora, vemos como ele pode ser ainda mais interessante com alguém como Vesemir.

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E o fato de Lenda do Lobo servir de ponte com a segunda temporada de The Witcher — embora se passe muito tempo antes de seus acontecimentos — é uma ótima estratégia. A animação evidenciou como ainda há histórias para serem contadas e como há figuras tão interessantes e divertidas que ainda não conhecemos. Por isso, por mais que Vesemir esteja mais velho em The Witcher, reencontrá-lo vai ser rever um velho amigo que tem muito para nos contar — e não vemos a hora de isso acontecer.

The Witcher: Lenda do Lobo chega à Netflix no dia 23 de agosto.