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Quem é a Mulher-Aranha? Conheça as origens e a trajetória da heroína

Por| 24 de Agosto de 2020 às 09h55

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Reprodução/Marvel Comics
Reprodução/Marvel Comics
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Na semana passada, a Sony Pictures confirmou Olivia Wilde como diretora da adaptação de Mulher-Aranha, filme que vem para integrar não somente o cantinho do Homem-Aranha, ao lado de Venom e Morbius, como também o Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) — pelos menos é isso que se espera. Mas quem é essa personagem? E por que os executivos tratam seu longa como uma prioridade?

A criação da Mulher-Aranha tem uma história peculiar, envolvendo proteção de identidade intelectual. Sua estreia aconteceu em Marvel Spotlight #32, em 1977, quando a Marvel vivia o auge do Homem-Aranha, após a fase clássica com o ilustrador John Romita Sr. e os eventos da chocante morte de Gwen Stacy. Nessa época, a rivalidade com a DC aumentava, e ficou ainda maior após uma disputa judicial sobre o nome do herói (e às vezes vilão) Magnum, que originalmente era chamado de Wonder Man.

Como todo mundo sabe, a Mulher-Maravilha em inglês é Wonder Woman. A DC Comics processou a Marvel Comics no final dos anos 1960, alegando uso impróprio da nomenclatura. Para evitar problemas, Stan Lee preferiu, então, mudar para Magnum. Vale destacar que nessa época já havia rolado uma treta entre as editoras por conta de Shazam, que era conhecido como Capitão Marvel. Como a Casa das Ideias tinha lançado seu próprio herói com esse nome em 1967, a concorrente teve que mudar o título da revista para o nome do mago que dá os poderes a Billy Batson.

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E a briga nos bastidores só aumentaria em 1976, um pouco antes da estreia da Mulher-Aranha, com a chegada da Poderosa, ou Power Girl em inglês, em All Star Comics #58. Em 1972, a Marvel tinha lançado Luke Cage, inicialmente chamado de Power Man. Stan Lee ficou furioso e achou injusta a decisão da DC de batizá-la assim, pois a editora fez exatamente o que havia reclamado da Marvel.

Assim, Lee, temendo que alguma companhia aproveitasse a popularidade do Homem-Aranha, veio com a ideia da Mulher-Aranha, para evitar que alguém usasse esse nome. “Percebi que alguma outra editora poderia publicar uma revista e reivindicar o direito sobre esse nome, então, achei melhor registrar os direitos com rapidez”, disse, em 1978, quando a heroína já fazia certo sucesso e estava prestes a estrelar sua própria animação para TV.

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Poderes, morte e outras versões

A origem da Mulher-Aranha, criada por Archie Goodwin e Marie Severin, é um tanto quanto estranha, com elementos de terror sci-fi de filmes dos anos 1970. Jessica Miriam Drew nasceu em Londres e, após mudar-se para um laboratório construído por seu pai, ela fica gravemente doente. Para salvar sua vida, seu pai injeta um soro experimental com sangue de aranha irradiado. Depois de ser exposta a um acelerador genético, que a envelheceu em um ritmo acelerado enquanto estava em um estado de animação suspensa, seus pais morrem e ela finalmente é liberada dessa situação, já com 17 anos.

E isso era para ser ainda mais sombrio, porque a ideia inicial de Goodwin era a de mostrar uma aranha se transformando na humana gradualmente. O roteirista Marv Wolfman percebeu que essa trama seria pouco plausível para os leitores da época e mudou-a, dizendo que as memórias de Jessica eram falsas, a partir de implantes de memória do grupo Hydra. Posteriormente, sua origem seria revista novamente, sem a vibe de horror de baixo orçamento de sua concepção original.

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Além de força, agilidade, resistência, regeneração e reflexos aumentados, a Mulher-Aranha possui um treinamento de alta performance, que a torna uma combatente letal. Ela consegue subir paredes via “atração eletrostática”, possui sentido de audição aguçado, é imune a todos os tipos de toxina e consegue disparar rajadas de veneno pelas mãos. Embora não tenha as teias de Peter Parker, a heroína pode planar pelo ar. Para completar seu arsenal, seu metabolismo pode gerar feromônios que atraem, repelem ou assustam criaturas — isso às vezes lhe causa problemas de relacionamentos, por isso, ela costuma usar um “perfume” para atenuar os efeitos.

Na animação do final dos anos 1970, sua origem mudou e ela passou a atirar adesivos pelas mãos, para ficar mais próxima do Homem-Aranha. Nos anos 1980, em baixa, a personagem transitava meio deslocada entre as publicações e era mais ligada aos X-Men. Até que em seu próprio título, ela morreu na edição 50, o que deixou os leitores furiosos — um ano depois, ela voltaria à vida, mas continuaria em segundo plano.

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Nessa época, com a saga Guerras Secretas, ela foi substituída por Julia Carpenter, que passou a usar um uniforme preto, idêntico ao do Homem-Aranha no período. E anos depois, a jovem Mattie Franklin também assumiu essa alcunha. Foi somente com a virada para os anos 2000 é que Jessica Drew voltaria a ter mais atenção, graças a um escritor que gosta de personagens femininas.

O retorno, a pose polêmica e a mudança de uniforme

Brian Michael Bendis sempre foi fã dos “heróis de rua” da Marvel, além de sempre ter se dedicado às personagens femininas. Depois de escrever uma participação de Jessica Drew na revista Alias, que conta as histórias de Jessica Jones, ele decidiu reintroduzir a Mulher-Aranha, revendo o seu passado, com uma edição especial lançada em 2006. Nessa época ela já passava a fazer parte dos Novos Vingadores.

E Bendis teve uma grande sacada com a saga Invasão Secreta, em 2008. Com o pretexto de um plano de dominação dos alienígenas metamorfos, o roteirista conseguiu rever o passado de vários personagens que tinham uma linha temporal confusa. Assim, a Mulher-Aranha e Elektra, por exemplo, foram revelados como Skrulls — essa era a “desculpa” perfeita para manter apenas o que era mais interessante em sua trajetória, assim como um recomeço.

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Jessica Drew passou a aparecer com mais frequência, mas ainda havia uma questão que incomodava muitos leitores: seu uniforme sempre foi provocativo e muitos artistas costumavam explorá-lo em poses e ângulos, digamos, sugestivos. Até que em 2014, em meio à alta dos movimentos feministas, uma capa criada por Milo Manara, conhecido por seus quadrinhos eróticos, causou um estardalhaço nas redes sociais.

A Marvel Comics pediu desculpas e substituiu o material. A partir daí, todas as heroínas passaram por uma revisão em seus uniformes e a orientação passou a ser para que ilustradores e escritores não mais colocassem as personagens em situações ou ângulos que favorecessem alguma sugestão sexual — uma resposta à alta objetificação do corpo das mulheres nos quadrinhos dos anos 1980 e, principalmente, dos anos 1990. A Capitã Marvel, que também costumava ser desenhada com poses e trajes “provocantes”, passou por essa reformulação.

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E isso nos leva até o momento atual, em que Jessica Drew reaparece em seu próprio título mensal, grávida e com um novo uniforme, trabalhando como investigadora.

Mas por que a Sony e a Marvel querem tanto um filme dela?

Antes mesmo dessa fase mais recente, a Sony já sinalizava com a intenção de trazer a personagem para os cinemas. E o Marvel Studios também tem interesse, porque, embora a situação contratual seja tão complicada quanto a do Homem-Aranha, o MCU carece de heroínas como a Capitã Marvel.

Tanto a Sony quanto o Marvel Studios sabem que um dos pontos fracos da editora é não ter um carro-chefe feminino tão popular quanto a Mulher-Maravilha. Então, a Mulher-Aranha, assim como a Mulher-Hulk e a Ms. Marvel são prioridades, especialmente no projeto de ampliação da representatividade e diversidade que todos os grupos da Marvel vêm promovendo nos últimos anos.

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Agora, a expectativa é de que Olivia Wilde consiga resumir o passado confuso e estabelecer uma linha de narrativa que destaque as habilidades investigativas e os poderes de Jessica Drew. Ainda não há previsão de filmagens ou estreia, mas desde já estamos contando os dias para vê-la nas telonas.