Por que Doutor Estranho ganha terceiro olho em Multiverso da Loucura?
Por Durval Ramos | Editado por Jones Oliveira | 27 de Junho de 2022 às 21h40
O final de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é bastante enigmático e deixa os fãs sem entender o que está por vir. Afinal, pegando todo mundo de surpresa, tanto a última cena quanto o pós-crédito revelam que Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) despertou o terceiro olho e, ao que parece, está super tranquilo com isso. O problema é que ninguém sabe muito bem o que isso significa e muito menos o que esperar dessa novidade.
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Isso porque a única vez que vimos este terceiro olho foi em um contexto bem particular e nada auspicioso: o portador original do olho era ninguém menos do que o Estranho Sinistro, a versão do herói que foi corrompida pelo Darkhold e que destruiu seu próprio mundo em uma incursão.
Assim, ver que a versão do Estranho da Terra-616 também despertou esse novo olho joga muitas dúvidas sobre o futuro do personagem no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês) — e que também revelam muito sobre aquilo que Multiverso da Loucura poderia ter sido.
A origem do terceiro olho
A grande questão em torno da revelação é que a Marvel não falou nada sobre o significado do terceiro olho. Como dito, ele aparece apenas quando os dois Doutores Estranhos se encontram e mostra o quanto a versão sombria é poderosa e maligna. Na prática, ele serve muito mais como um elemento visual para indicar a corrupção do herói do que realmente como algo que desbloqueia novos poderes ou coisa do tipo.
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Tanto que, na batalha musical que eles travam no Sanctum Sanctorum, você mal percebe uma grande diferença na habilidade dos dois Estranhos. E embora seja claro que ter dominado os poderes malditos do Darkhold tragam alguma vantagem para o Doutor do mal, isso não é apresentado — o que faz com que seja impossível inferir uma grande mudança no que o Stephen Strange da Terra-616 é capaz de fazer.
Contudo, uma coisa é clara: pelo que Multiverso da Loucura apresentou, o despertar do terceiro olho é uma consequência de usar o Livro das Trevas. E isso é algo que o próprio roteirista Michael Waldron confirmou em entrevista à revista Rolling Stone. Segundo ele, a ideia era mostrar ao público que as ações têm consequências — uma verdade da qual o Doutor Estranho vinha sendo alertado já há algum tempo.
Waldron lembra que, desde o primeiro filme do herói, esse é um ponto que vem sendo levantado. O vilão Mordo (Chiwetel Ejiofor) alerta no longa de 2016 que a conta pelo descaso de Estranho um dia iria chegar e vemos isso acontecer quando ele usa o Darkhold. Afinal, ele não só acessa o livro como o faz para controlar um cadáver seu em outra dimensão — ou seja, uma Possessão Onírica pelo multiverso, algo considerado totalmente profano no MCU.
O roteirista explica, portanto, que a ideia da cena era mostrar que Estranho abraçou as trevas do Darkhold e que pagou um preço por isso. Assim, mesmo que a ideia da cena pós-crédito fosse trazer um final mais feliz depois de toda a desgraça apresentada no longa, há essa pequena lição de moral para o herói para lembrá-lo de que, cedo ou tarde, as consequências aparecem.
Além disso, Waldron destaca que há uma leve brincadeira na cena que remete aos filmes de terror clássicos e que é por isso que a primeira manifestação do olho é tão dramática — algo que é ignorado na cena seguinte. Quando Clea (Charlize Theron) aparece para convocar o herói para resolver uma incursão na Dimensão Sombria, ele acessa o novo olho sem aparentar qualquer problema.
Final alternativo
Contudo, o que realmente pegou todo mundo de surpresa foi saber que o terceiro olho é, na verdade, um resquício do final alternativo imaginado para Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
Na versão comentada do longa disponível no lançamento do filme, Waldron comenta que o primeiro final imaginado pelos roteiristas era bem mais sombrio e com um gancho bem mais claro para o que estaria por vir. Segundo ele, a ideia era mostrar que o Doutor Estranho que voltou para a Terra-616 era a versão Sombria e que o herói estaria preso naquela realidade em colapso.
Assim, quando o terceiro olho se manifestasse na tela, seria para fazer a revelação ao público de que aquele Stephen Strange ali era a versão maligna, indicando que Wong (Benedict Wong) e talvez Clea precisariam encontrar uma forma de trazer o amigo de volta.
Contudo, esse final acabou sendo rejeitado e tivemos a versão mais amena — e ainda mais enigmática — chegando aos cinemas.
O terceiro olho nas HQs
Nos quadrinhos da Marvel, o Doutor Estranho já apareceu com o terceiro olho algumas vezes, mas parece pouco provável que o MCU vá aproveitar a mesma justificativa em seus filmes futuros.
Nas HQs, o terceiro olho que o herói usa nada mais é do que a manifestação física do Olho de Agamotto e que só aparece quando ele realmente precisa acessar o poder do artefato que ele sempre carrega em seu peito. É uma interpretação à la super-heróis da ideia do olho da mente que alguns pensamentos esotéricos adotam.
Só que é muito pouco provável que o MCU vá adotar essa explicação. Isso porque foi definido que, nos cinemas, o Olho de Agamotto nada mais era do que a Joia do Tempo e que os seus poderes estavam relacionados a essa propriedade da existência.
O próprio Michael Waldron faz essa distinção. Segundo ele, nos gibis, o terceiro olho é uma manifestação desse poder do bem relacionado ao herói. Já no MCU, o polo foi invertido e o olho virou uma lembrança constante do mal contido no Darkhold. Resta saber agora como isso vai impactar o Doutor Estranho daqui em diante.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura está disponível do Disney+.