5 piores live-actions de anime
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
Não é preciso ser um grande conhecedor de animes para perceber que as animações japonesas têm uma estética bem própria e uma maneira bastante particular de contar suas histórias. Dos visuais às temáticas e o próprio desenvolvimento de suas narrativas, são estilos que fazem todo o sentido dentro da lógica oriental, mas que podem causar certo estranhamento aos olhos ocidentais — principalmente para quem não está habituado a esse tipo de linguagem.
Por isso mesmo, as adaptações em live-action de animes são sempre desafiadoras. Não basta apenas colocar um ator para interpretar aquele herói ou heroína que você via no desenho, mas equilibrar muito bem as duas linguagens para manter a fidelidade sem soar algo exagerado ou, no sentido inverso, acabar com toda a alma do conteúdo original.
E vamos combinar que não faltam exemplos de como é fácil deslizar e fazer um terrível live-action de anime. Prova disso é esta lista que o Canaltech preparou com os 5 piores live-actions de anime.
5. Cowboy Bebop
A série de Cowboy Bebop lançada pela Netflix em 2022 veio cheia de boas intenções. Com um visual idêntico ao anime, recriando boa parte do vasto universo dos caçadores de recompensa e trazendo até mesmo a lendária compositora Yoko Kanno para repetir a clássica trilha sonora, a adaptação tinha tudo para recriar tudo aquilo que faz da animação uma obra de arte. Faltou só os produtores terem entendido.
Esse é o maior exemplo de que uma boa adaptação não depende apenas de uma fidelidade estética com o material-base. Antes de colocar os cosplayers para desfilar, é preciso de um roteiro que traduza a história da melhor maneira possível — e foi aí que o seriado tropeçou.
Com mudanças significativas na trama e sem dar peso ao passado e ao desenvolvimento de seus protagonistas, Cowboy Bebop se tornou algo sem alma e muito distante do anime que todos amam. Não por acaso, foi cancelada em sua primeira temporada.
Caso queira se martirizar, Cowboy Bebop está disponível na Netflix.
4. A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
Outra adaptação que o pessoal não entendeu quando viu e que, mesmo assim, se aventurou em levar para os cinemas foi Ghost in the Shell. O anime original é um dos grandes clássicos do gênero e traz toda uma discussão filosófica sobre o que é ser humano e a própria realidade — e que mal aparece no longa de 2017.
O filme estrelado por Scarlett Johansson foi muito criticado pelos fãs e acusado de whitewashing — ou seja, substituir a heroína oriental por uma atriz branca —, mas esse é o menor dos seus problemas. O grande ponto defeito é que ele é essa casca vazia que deixa de lado todas as questões que o original apresentava para focar apenas no visual e na ação.
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell está disponível no Glogoplay.
3. O Guerreiro da Estrela Polar
Embora seja um mangá bastante tradicional e um anime clássico, a história de Hokuto no Ken (ou Fist of the North Star, como também é conhecido por aqui) sempre foi muito bizarra. E essa maluquice do mundo pós-apocalíptico em que o herói usa um estilo de luta proibido para proteger os fracos e inocentes faz parte do charme da obra quando se leva em conta o contexto e o modo como isso é apresentado no original.
Agora imagine quando esses elementos são transportados para um live-action. Foi isso o que vimos com O Guerreiro da Estrela Polar, um filme de 1995 que consegue ser assustadoramente fiel ao anime.
E por que ele está na lista das piores adaptações? Porque ele decidiu fazer isso com um orçamento baixíssimo, o que apenas realça toda a estranheza do universo em questão. Assim, por mais que ele tenha feito muito bem o dever de casa na hora de levar a história do herói Kenshiro para um mundo de carne e osso, ele não consegue evitar de ser trash.
O mais curioso é que ele tem um elenco bem interessante, que inclui Malcolm McDowell, o Alex de Laranja Mecânica. Em compensação, é protagonizado por Gary Daniels, o rei do cinema ruim e estrela de filmes como Tekken, Lua Sangrenta e Tigre Branco.
2. Death Note
Mais uma pérola da Netflix — e, desta vez, além de qualquer justificativa. Isso porque a história de Death Note é muito simples e fácil de ser adaptada. Ao contrário da maioria dos animes, a saga do estudante que encontra um caderno capaz de matar quem tem seu nome escrito em suas páginas não abusa dos exageros de linguagem do mangá e traz um tom bem sério muito fácil de ser adaptado para o live-action.
Por isso, chega a ser desrespeitoso o que o filme de 2017 fez. Todos os personagens são descaracterizados em um nível que chega a ser impossível reconhecê-los e praticamente nada encontra eco no anime que sempre foi muito cultuado e que estava pronto para ser levado para as telonas. É um negócio que não faz o menor sentido.
Death Note está disponível na Netflix.
1. Dragon Ball Evolution
É impossível falar de adaptações ruins de anime sem citar o filme que fez Hollywood perceber que levar histórias dessas animações para as telas poderia ser um erro: Dragon Ball Evolution.
Dragon Ball sempre foi um fenômeno gigantesco e era natural que os produtores iriam crescer o olho para a saga de Goku para pegar carona nessa popularidade. Só que a coisa deu tão errado que o longa é até hoje um fantasma que assombra as adaptações do gênero — além de ter afundado a carreira do ator Justin Chatwin.
Para falar a verdade, a ideia em si já cheirava a fracasso O anime é bem estilizado dentro de estética cartunesca — basta olhar para os cabelos dos heróis — e tentar levar isso para um live action sério é algo que não tinha como dar certo.
O estrago de Dragon Ball Evolution foi tão grande que o próprio criador do mangá, Akira Toriyama, veio a público dar explicações e dizer que ele não tinha nada a ver com aquilo. Segundo o mangaká, ele teria apontado diversas vezes que o filme estava seguindo por caminhos equivocados e chegou a apontar algumas mudanças para manter tudo próximo do Goku original — e foi sumariamente ignorado.
A única coisa boa que saiu de Evolution é que ela fez Toriyama voltar a trabalhar com Dragon Ball depois de anos do fim da história. De acordo com o autor, ele ficou tão bravo com a adaptação que decidiu escrever o roteiro de um novo filme para o anime, criando o conceito que vimos em Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses.
Dragon Ball Evolution está disponível no Star+.