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Lucicreide Vai Pra Marte | Fabiana Karla fala sobre união de ciência e humor

Por| Editado por Jones Oliveira | 13 de Março de 2021 às 15h00

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Divulgação/Downtown Filmes
Divulgação/Downtown Filmes

A comédia Lucicreide Vai Pra Marte, dirigida por Rodrigo César e protagonizada pela atriz Fabiana Karla, teve sua pré-estreia nos cinemas de vários lugares do Brasil na última quinta-feira (4). Com direito a filmagens em instalações da NASA, nos Estados Unidos, o filme aborda o tema espacial de uma maneira bem diferente. E foi justamente com isso em mente que o Canaltech bateu um papo com o diretor — e com a própria Fabiana.

Lucicreide não é personagem novo de Fabiana Karla. A personagem nasceu quando a atriz tinha 15 anos, aproximadamente, como uma homenagem a todas as mulheres que a rodearam na vida, como as lavadeiras, as tias, as avós, as vizinhas. Uma sonoridade muito familiar à sua infância, quando escutava as mulheres cantando ao lavar as roupas. Lucicreide consagrou-se no teatro, mas ficou conhecida pelo grande público por meio de quadros no programa Zorra Total. Sendo assim, a personagem migrou dos palcos para as telas, e das telas para as telonas.

A história do filme apresenta, logo no início, a mudança na vida de Lucicreide depois que seu marido Dermirrei a abandonou. Para completar o caos, ela teve que lidar com a chegada da sogra, que decide morar na sua casa após ser despejada. Os cinco filhos falam ao mesmo tempo, não a obedecem e ainda defendem a avó. É diante desse cenário que Lucicreide, por engano, acaba se juntando a um grupo de candidatos para uma viagem sem volta para Marte. Mas, antes, ela terá que passar por uma série de testes intensos (e hilários) na NASA.

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Confira o trailer:

Parte do filme foi, de fato, rodado em instalações da agência espacial americana. E, além de efeitos especiais, o filme conta com sequências rodadas em um avião que simula a sensação de se estar em gravidade zero. A aeronave partiu de Las Vegas e fez acrobacias sobre o deserto de Nevada (EUA), criando sequências inéditas no cinema brasileiro.

O elenco conta com Adriana Birolli (Luana), Cacau Hygino (Padre João), Ceronha Pontes (Rosa), Lucy Ramos (Comandante Lee), Bianca Joy (Débora), Renato Chocair (Arnaldo), Isio Ghelman (Watson), e garante uma participação especial de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro, sul-americano e lusófono a ir ao espaço — que, hoje, é ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações no Brasil.

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Entrevista com Fabiana Karla e o diretor Rodrigo César

Canaltech: Como foi a preparação de um filme tão relacionado com a ciência?

Fabiana: primeiro, a gente teve uma equipe de pesquisa, para que a gente não desse nenhum furo, ou pelo menos tentasse ser o mais fiel possível, e a gente contou com a assessoria do Marcos Pontes, que é um astronauta, que deu também um suporte muito importante pra gente. Então eu acho que a gente conseguiu somar tecnologia, mas buscando as assessorias certas para que pudessem dar para a gente esse suporte.

Rodrigo: a Fabi já conhecia o Marcos, participou da primeira visita. Um tempo depois, eu viajei para o Kennedy Space Center e passei a me reunir com o Marcos também, e acompanhei várias explanações e painéis que têm por lá, onde eles expõem muitas coisas a respeito da tecnologia que envolve a rocket science, como todo mundo fala, a tecnologia de foguete. A gente já tinha um tratamento do roteiro, mas os elementos que eu vi ali naquelas explanações, eu voltei com essas informações para os roteiristas e para a Fabi também, para a gente discutir o que poderia entrar, e a gente pode dizer com muita tranquilidade que tudo o que você vê ali no filme é real. Tudo aquilo ali acontece. Se você “der um Google” para saber como o astronauta vai no banheiro, como ele vai comer, e tudo o mais, você vê que tem muita verdade naquilo ali. A única coisa que não procede é que não tem mais macaco na NASA, mas tirando isso, já está tudo por lá. Então a gente tentou ser o mais fiel possível para passar boas informações e inspirar as pessoas e ao mesmo tempo fazer rir.

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CT:Vocês foram submetidos a experiências reais, como se fossem astronautas. Isso mudou o olhar de vocês sobre a realidade dos astronautas e de missões espaciais, de alguma forma?

Fabiana: só me deixou mais curiosa e orgulhosa de ver que estamos rumo ao conhecimento. Eu fui da época dos Jetsons, do E.T., então sempre fui muito curiosa. Sempre tive um olhar muito voltado para corrida espacial, para os filmes de temática espacial. Sempre olhei muito para o céu, sempre quis ver E.T. Então eu acho que fiquei muito mais curiosa, e aguçou ainda mais a minha vontade de perceber os planetas, ter mais conhecimento a respeito da ciência e da tecnologia.

Rodrigo: eu sempre fui muito encantado com tudo isso. Eu acho que o desconhecido encanta. A gente sempre viu pela televisão o primeiro homem a ir à Lua, a corrida espacial, a gente se aproximou daquilo fisicamente. Esteve no terreno de onde saiu a primeira missão para a Lua, de onde saem sondas. Tudo isso inspira muito, mas a gente aprendeu, olhando de perto, que tem muita transpiração ali, física e mental, para desenvolver tudo aquilo. Então mudou porque para mim, particularmente, fez respeitar mais aquilo, porque é muito sério, muito importante. E a NASA sempre homenageia esses heróis. Tudo é um estímulo para seguir adiante. Então deu essa visão, esse respeito maior.

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CT: o filme contou até com cenas na microgravidade, conhecida popularmente como gravidade zero, justamente pela sensação de ausência de gravidade. Como foi a sensação de gravar essa experiência? Deu medo? Alguém chegou a passar mal?

Fabiana: eu tive medo, não vou mentir. É uma experiência que eu não sei se iria fazer de novo, mas o personagem protege a gente. Então foi um mix de emoções muito grande, porque eu estava ali com pensamento de produtora, querendo voltar para frente da câmera como atriz, e dentro de mim aquela coisa de ‘meu Deus, eu tenho que voltar para casa, eu tenho filhos’. Então era uma mistura grande de emoções, mas que no final a gente contribui muito para o trabalho, como no meu caso, sendo atriz. A gente pensa muito ‘ah, tem que fazer essa cena, tem que fazer acontecer’, então as emoções do personagem acabam falando mais alto do que as emoções da atriz. Eu fiquei realmente mexida, a gente ficou com uma pequena ressaca por uns dois dias, mas acho que todo mundo se deu super bem e curtiu muito essa aventura. No final, eu acho que o que a gente mais queria era mostrar essa realidade, mostrar para o grande público o que eles sentiriam se tivessem embarcado com a gente ali. E eu acho que conseguimos.

Rodrigo: eu sou testemunha ocular e física. Fabiana é brava. Fabiana é forte. Nunca mais na minha vida eu entro num avião de gravidade zero. Foi uma experiência única. Foi incrível, a gente conseguiu a cena, mas eu passei mal, fiquei de ressaca por uns dois ou três dias. Não desejo para ninguém. Foi desafiador, mas foi incrível.

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CT: estamos falando de um filme dirigido para o grande público. Qual a importância de mostrar ciência ao grande público e gerar interesse por esse assunto?

Fabiana: acho que o humor sempre foi uma ferramenta muito importante, tanto para falar nas polêmicas, para cutucar, para intrigar, e também eu acho que para trazer informação geral. O humor toca nas feridas de uma forma mais amena, então eu acho que a gente usou essa ferramenta que é o humor, para além de trazer um momento, uma experiência de entretenimento e diversão, algumas reflexões. E também elucidar esse ambiente espacial, essa tecnologia que faz parte, é bom. Dar esse gatilho, realmente, para que as crianças possam ter vontade de se tornarem astronautas e de saberem que há uma possibilidade no Brasil sim, e que isso não é um privilégio só das crianças norte-americanas ou das crianças russas. Tocar um pouquinho, dizer “você pode também. Olha pro céu. Sonha. Você também pode ser um astronauta. Nós temos um, então se inspire aí e se quiser, tenta”.

Rodrigo: ir até lá foi muito importante para a gente, porque o público sabe quando está sendo enganado. No bom sentido, com chroma key, efeitos especiais. E a gente não quis fazer isso, a gente optou por ir lá. Sabe quando você está no cinema e chega no pé do ouvido da pessoa e fala “isso aí aconteceu mesmo”. É isso! A gente quer que essa história se espalhe. A gente acha que essas histórias contribuem muito para as pessoas verem até onde a gente foi e o que a gente fez para contar uma história. E nos esforçamos bastante para contar tudo de uma forma bem real.

Fabiana: a gente se esmerou muito, teve muito carinho pelo público que vai receber esse filme, então a gente quis proporcionar o melhor e deixar os olhos brilhando de curiosidade. Então acho que a temática espacial foi assertiva.

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CT: Qual vocês acreditam ser a mensagem final do filme?

Fabiana: acho que o filme tem várias mensagens. Dizer para as crianças que elas também podem ser astronautas se elas quiserem, se elas sonharem. A gente tem uma questão da família, porque todo mundo passa por isso, tem vontade de sumir, mas a gente sabe que família é o aconchego, a base de tudo, o amor. Temos várias coisas no filme que tocam. Que você seja você mesmo, que você pode ser quem você quiser, que você também pode ser luz na vida das pessoas, pode ser acolhedor. Acho que a Lucicreide tem tantas mulheres ali dentro que você pode reconhecer, tem ela em casa, ou conhece alguém que parece com ela, ou mesmo tem vontade de tê-la. Então acho que tem várias mensagens no filme e tem uma mensagem do seu olhar também, porque quando eu vi as pessoas olhando, acho que em cada um toca de um jeito, de acordo com a verdade da pessoa.

Rodrigo: a mensagem é que nós somos pessoas comuns, e esse para mim é um dos maiores elogios que se pode proferir a respeito de alguém, e assim como a Lucicreide, estamos prontos para qualquer desafio.

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Lucicreide Vai Pra Marte estrearia nos cinemas brasileiros no dia 4 de março, mas foi cancelado. Uma nova data ainda não foi definida.