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Lobisomem na Noite | Quem é o Homem-Coisa, o guardião do Nexus da Marvel

Por| Editado por Jones Oliveira | 10 de Outubro de 2022 às 14h30

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Lobisomem na Noite trouxe ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês) todo um lado sobrenatural e monstruoso que a gente não imaginava existir até então. E, além do próprio licantropo do título, o especial de Halloween apresentou outra criatura bastante peculiar e com grandes raízes nos quadrinhos: o Homem-Coisa.

Se você não ligou o nome ao ser, não se assuste. No filme do Disney+, o personagem é chamado apenas por seu nome civil: Ted. É ele a fera que os caçadores têm que matar para poderem reivindicar a Pedra de Sangue deixada por Ulysses Bloodstone. E, como a própria trama apresenta, há muito mais por trás de sua história para além desse alvo ambulante.

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Nos quadrinhos, o Homem-Coisa faz parte desse lado mais obscuro das tramas de terror da Marvel, mas que evoluiu com o passar do tempo até ser integrado às histórias de super-herói. Mais do que isso, ele se tornou uma peça-chave dentro do próprio multiverso da editora.

A coisa do pântano

Muita gente vai notar uma certa semelhança entre o Homem-Coisa com outra criatura pantanosa e incompreendida dos quadrinhos: o Monstro do Pântano, uma entidade da DC com origem e até aparência bem parecidas com o ser de Lobisomem da Noite. E, de certo modo, os dois bichos-planta dividem as mesmas raízes — com o perdão do trocadilho.

Ambos os personagens foram criados em 1971 com apenas alguns meses de diferença. E antes que você se sinta tentado a buscar quem copiou quem, saiba que os dois são influenciados por um outro monstro dos quadrinhos ainda mais antigo que eles: o Heap, criado em 1941 por uma editora de histórias de ficção pulp.

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É dessa fonte que tanto Marvel quanto DC vão beber, principalmente na retomada do interesse pelo terror. Como falamos na origem da revista Werewolf by Night, o mercado editorial americano passa a se interessar muito mais pelo gênero após a prisão de Charles Manson e isso fez com que as empresas buscassem em todos os cantos personagens que suprissem essa demanda crescente.

É nesse contexto que o Homem-Coisa vai surgir em Savage Tales #1. O curioso de sua origem é que, ao contrário de outros monstros que aparecem nas HQs nessa época, como o próprio Lobisomem, ele já passa a misturar a ciência com o misticismo para criar um tipo de horror que conversasse com aquela época.

Tudo isso a partir da história de Ted Sallis, um bioquímico a trabalho do governo que tenta desenvolver um soro experimental que pudesse deixar os soldados imunes a ataques químicos e biológicos — uma justificativa que faz todo o sentido nesses Estados Unidos em plena Guerra do Vietnã. Na prática, era uma nova tentativa de criar o Soro do Supersoldado do Capitão América, o que faz do personagem um grande alvo em potencial.

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A mando da S.H.I.E.L.D., Sallis é enviado para uma unidade de pesquisa no Everglade, uma região pantanosa na região sul do país. O problema é que, quando estava prestes a dar um passo importante em sua pesquisa, o local é alvo de um ataque da Ideias Mecânicas Avançadas (IMA), uma organização terrorista criminosa da Marvel, que tenta roubar o soro.

Na tentativa de impedir que os bandidos ponham a mão em sua pesquisa, o cientista injeta a única dose do componente em seu próprio corpo e passa a sofrer com os efeitos adversos. Com isso, ele perde o controle do carro em que fugia e acaba caindo dentro de um dos pântanos da região.

E é aí que a maluquice místico-científica começa. A partir de uma estranha combinação mágica existente naqueles brejos com os efeitos do próprio soro, Sallis deixa de ser humano e se torna parte do próprio pântano. Numa mistura maluca de pessoa com árvores e outros tipos de seres vivos do local, ele se transforma no Homem-Coisa.

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Como estamos falando de uma história de horror, não precisa fazer sentido, apenas soar assustador. E é isso que o personagem é: uma coisa quase disforme que até parece um ser humano em sua forma, mas totalmente composto por raízes, galhos, cipós e outras coisas. E, mais do que isso, sem qualquer resquício de humanidade em si.

Nas primeiras histórias, o Homem-Coisa é descrito como essa criatura realmente desprovida de uma inteligência como conhecemos. Isso significa que ele passa a agir muito mais por instinto e, por causa de sua aparência grotesca, ele passa a ser temido e odiado por quem o encontra. Assim, da mesma forma que ele usa o pântano para se esconder, ele também é visto como um monstro que habita e protege a região.

Só que o ponto mais importante nisso tudo não é só a mudança no seu visual. Além disso, o Homem-Coisa ganha algumas habilidades adicionais que o tornam ainda mais assustador e temido. Embora tenha deixado de ser humano, ele vira uma criatura empática, ou seja, capaz de sentir as emoções alheias — mais ou menos como a Mantis em Guardiões da Galáxia, por exemplo.

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E é aí que está o grande truque do personagem e a tragédia de suas histórias. Mais do que sentir, ele também passa a reagir a essas emoções. Assim, ao entrar em contato com o medo de alguém, o seu corpo reage liberando uma substância que queima em quem ele encostar. E, como é uma figura realmente amedrontadora, essa acaba sendo a reação padrão de quem o vê.

Homem-Coisa nas histórias de terror

Essa vai ser a dinâmica básica de suas primeiras histórias. Em uma delas, inclusive, Ted se depara com a sua ex-mulher sem que ela soubesse que o monstro era o marido que ela achava estar morto. Movido por um vestígio de memória, ele tenta acariciá-la, mas o medo faz com que esse toque queime metade do rosto da mulher.

Isso faz do Homem-Coisa um personagem de horror meio melancólico, até por ele não conseguir se expressar de forma tradicional. Por isso, não foram poucas as vezes em que a grande tensão de sua história foi o fato de ele quase voltar à forma humana, mas sendo obrigado a retornar a virar essa coisa de mato e lama.

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Com o tempo, a Marvel passou a aproveitar Ted Sallis em histórias de cunho ainda mais místico. Ao se aliar à bruxa Jennifer Kate, o Homem-Coisa passou a lidar com demônios, entrou em contato com um livro mágico responsável por invocar as trevas — e que não era o Darkhold — e até chegou a viajar pelo multiverso enquanto caía na porrada com entidades de outros planos.

O guardião do Nexus

É mais ou menos nessa época que a editora faz do personagem uma peça fundamental na coesão de seu universo. Afinal, é revelado que o Homem-Coisa é o guardião do Nexus de Todas as Realidades.

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Diferente do MCU, que apresentou algumas explicações bem confusas do que é o tal Nexus, os quadrinhos optaram por simplificar. Nas HQs, ele nada mais é do que essa ponte que conecta todas as dimensões — mais ou menos como aquele mundo bizarro de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

Com isso, Ted Sallis se torna a criatura que impede que seres tentem invadir outros planos e dimensões. Isso é mostrado já em um desses casos, quando o demônio Thog tenta invadir a Terra, mas é impedido pelo Homem-Coisa.

Na época, o conceito foi criado dentro do contexto da revista própria do monstro. Tanto que o tal Nexus era o próprio pântano dos Everglades, reforçando o caráter místico dado ao lugar. No entanto, com o passar do tempo e a maior integração do personagem no universo heroico da Marvel, isso foi ampliado e o próprio Homem-Coisa ganhou mais importância dentro do multiverso.

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Em uma história mais recente, já na saga O Cerco, Hank Pym chega a usar partes do corpo do monstro para abrir portais para ajudar os Thunderbolts a viajarem livremente pelo mundo.

Relações heróicas

Como esse spoiler envolvendo o Homem-Formiga já antecipou, não demorou muito para que o Homem-Coisa fosse integrado ao universo heroico da Marvel.

A princípio, as interações eram mais relacionadas com personagens de origens místicas ou com essa pegada mais pulp de onde a própria criatura do pântano havia surgido. É o caso do quase desconhecido Ka-Zar, que foi um dos primeiros heróis a cruzar o caminho de Sallis.

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Só que, com o tempo, esses encontros se tornaram mais e mais recorrentes. As características mágicas de seu pântano atraíram o Doutor Estranho e o Barão Mordo e, posteriormente, chegou a lutar ao lado do Thor, Homem de Ferro e do Hulk em algumas ocasiões. Quando se aliou ao Motoqueiro Fantasma, Morbius e o Lobisomem, formou a infame Legião de Monstros.

Ele tanto passou a fazer parte do universo de super-heróis que, durante a Guerra Civil, a S.H.I.E.L.D. tentou forçá-lo a assinar o Ator de Registro de Super-Humanos. O problema é que, como esse ser que é mais planta do que gente, ele não entendeu do que se tratava e, quando atacado pelos agentes, revidou e chegou a matar um deles.

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E, como poderia deixar de ser, a Marvel deu um jeito de colocar o Homem-Coisa frente a frente com o Coisa. Na história, o membro do Quarteto Fantástico vai atrás da criatura do pântano por acreditar que ela estava roubando seu nome. Pois é.

O Homem-Coisa no MCU

O fato de o Homem-Coisa ter essa conexão tão profunda com o Nexus de Todas as Realidades faz do personagem uma peça-central no MCU e na Saga do Multiverso? Sendo bem sincero, é bem pouco provável que isso aconteça.

Embora a relação nas HQs até faça sentido, o universo cinematográfico adotou um conceito diferente de Nexus muito mais centrado em eventos do que realmente nesse grande corredor entre realidades — embora ele já tenha aparecido assim. Voltar para a ideia dos gibis a essa altura do campeonato seria apenas complicar ainda mais uma ideia na qual é muito fácil se perder.

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Além disso, vamos combinar que dificilmente veríamos um personagem tão importante assim ser apresentado em um especial de Halloween como Lobisomem na Noite. Apesar do filme para o Disney+ ser muito divertido, é o tipo de coisa que a Marvel não deve se esforçar em conectar com a saga principal que está sendo contada nos cinemas — ainda mais nessa magnitude. Se a ideia do Guardião do Nexus de Todas as Realidades fosse fundamental, estaria em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, por exemplo.

Ao mesmo tempo, a aparição do Homem-Coisa no especial também vai além apenas de apresentar um monstrinho fofinho para quebrar as expectativas da trama de horror. Por mais que as conexões de Lobisomem na Noite com o MCU sejam bem mais discretas, o modo como a história acaba deixa em aberto a possibilidade de retorno da criatura. E, com Blade e Agatha: Coven of Chaos chegando em breve, não seria estranho ver o simpático Ted dando as caras novamente.

Lobisomem na Noite está disponível no catálogo do Disney+.