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Crítica Invocação do Mal 3 | Demônio no tribunal ou propaganda para os Warren?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Warner Bros
Divulgação/Warner Bros

Sabemos desde o início que os casos do casal Warren são (mais ou menos) baseados em fatos, mas Invocação do Mal 3: A Ordem Do Demônio chegou com a moral de estar adaptando o famoso caso “The Devil Made Me Do It”. Havia a possibilidade de se tornar um terror meio “filme de tribunal”, o que teria sido interessante, mas esta também era uma oportunidade para mostrar a visão da mídia sobre Ed e Lorraine. Não podemos ignorar, porém, que eles são as grandes estrelas heroicas da franquia e que, portanto, não poderão ser postos em xeque. Será?

Provas

Quando o assassinato ocorre, os Warren prontamente se colocam ao lado da família Glatzel, iniciando uma trama investigativa que colocará diversos obstáculos paranormais no caminho do casal. O julgamento inicia a corrida para reunir as provas necessárias, o que poderia ser esperado, mas o filme se desvia completamente desse percurso, retornando ao julgamento somente no final, para nos entregar o veredito, sem nos mostrar como o tribunal e, sobretudo, o júri, reagiu ao caso.

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Fugindo do direito, o roteiro acaba colocando os Warren em situações bastante delicadas em um caso de assassinato. É quase risível quando vemos Ed resolver o problema da funerária arrombada dizendo que deixará um bilhete explicando, como se isso fosse resolver o problema de eles terem invadido um estabelecimento que não é propriedade deles (e ainda é repleto de tabus) para tocar em um corpo que era peça fundamental de outro crime.

Embora os eventos mostrados por Invocação do Mal 3 sirvam como provas no contexto do filme, não podemos assumir que eles também serviram como provas no tribunal e acaba que os espectadores podem ficar sem saber o quão sério (ou não) foi esse caso. Com isso, Invocação do Mal 3 deixa transparecer as fragilidades dos Warren como heróis incorruptíveis.

Ficção

O terceiro filme começa a explorar com mais vigor a figura de Lorraine e a montagem é ótima ao nos conduzir da realidade às visões com fluidez. No papel, Vera Farmiga concede uma sinceridade necessária à verossimilhança do filme e ajuda a criar a ilusão de que estamos vendo o caso real. Por outro lado, o Ed de Patrick Wilson começa a se revelar cada vez mais como um empresário dos empreendimentos Warren, ainda que isso seja profundamente entrelaçado pelo amor, com um destaque para um momento fofinho de casal no final.

As atuações dão aos personagens a dubiedade que o roteiro se recusa a criar, deixando o filme aparentemente mais inteligente, ainda que isso tenha acontecido acidentalmente. De qualquer forma, é preciso lembrar que “inspirado” e “baseado” não é o mesmo que “reprodução literal”, de modo que há um bocado de fantasia nessa história, o que fica ainda mais claro diante da falta de implicações legais que as atitudes do casal têm.

Ainda assim, Invocação do Mal 3 não desce ao fundo do poço da franquia e fica entre os melhores do universo, mesmo este não sendo o mais assustador de todos os filmes. A excelente qualidade do primeiro terço do filme infelizmente se perde numa série de patacoadas espirituais que, ao invés de servirem à história, removem seu peso e resumem a potência da história de David e Arne (Ruairi O'Connor) a mais uma promoção dos Warren, dessa vez na ficção.

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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech.