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Espíritos Obscuros | 4 motivos para assistir ao novo filme de terror

Por| Editado por Jones Oliveira | 27 de Outubro de 2021 às 20h30

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Divulgação/Searchlight Pictures
Divulgação/Searchlight Pictures

Enquanto o novo filme de Guillermo del Toro não chega aos cinemas, uma nova história estreia nesta semana com a bênção do cineasta. Espíritos Obscuros é um longa produzido por ele que traz todos os elementos que o tornaram um dos queridinhos dos apaixonados por tramas de suspense e terror: a mistura de psicologia com elementos míticos e a tensão criada em torno da dúvida do que é real e o que é sobrenatural.

Tanto que é justamente essa incerteza que toma conta dos trailers e de todo o material promocional de Espíritos Obscuros divulgado até agora. Para isso, a trama situada em uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos se apoia em um antigo mito dos povos nativos para brincar com o espectador ao mesmo tempo em que trabalha sua mensagem. Afinal, não basta acreditarmos em algo para que ela exista de verdade?

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É nesse contexto que o diretor Scott Cooper explora a figura do Wendigo, uma entidade que aparece em vários mitos da região central do país e do Canadá e que está diretamente ligada à imagem do canibalismo e do terror do inverno — quase como um pé-grande, mas ainda mais brutal. É ele o tal espírito do título nacional.

Só que, como todas as produções mais recentes da Searchlight Pictures, Espíritos Obscuros não é apenas um terror por si só e há várias outras camadas para analisar — e é isso que faz dele um filme, no mínimo, interessante de ser conferido. O filme estreia nesta quinta-feira (28) e, antes de ir ao cinema, confira algumas das razões pelas quais você deve ficar de olho nele.

4. História recheada de mistério

Espíritos Obscuros conta a história de Julia Meadows (Keri Russell), uma professora do ensino fundamental que percebe o comportamento introspectivo de um de seus alunos, Lucas (Jeremy T. Thomas). O garoto é vítima de bullying dos colegas e parece guardar alguns segredos e, também tendo sido alvo de abusos quando criança, Julia tenta ajudá-lo.

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O problema é que ela logo percebe que há mistérios muito maiores sendo escondidos por Lucas, principalmente envolvendo uma criatura que todos acreditavam existir apenas nas lendas. Ele começa a fazer desenhos cada vez mais grotescos e revela existir um espírito em sua casa.

A partir daí, as coisas rapidamente fogem de controle. Isso porque ela percebe que o tal espírito pode estar relacionado a algumas mortes que estão acontecendo na região e que, por mais interessada que esteja em ajudar o menino, esses segredos podem colocar toda a vila em risco — incluindo ela própria.

3. O espírito de Wendigo

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Mitos de espíritos que habitam a floresta e a protegem de invasores são comuns em todo o mundo. É um arquétipo que representa o quanto a natureza pode ser implacável, quase como um lembrete de que aqueles que não a respeitam acabam sendo devorados por ela — literal ou figurativamente.

Nesse sentido, o Wendigo é um mito que traduz bem essa ideia na parte norte do globo, com seu inverno rigoroso e muitas vezes mortal. Ele aparece em histórias dos povos nativos da região dos Grandes Lagos dos Estados Unidos e parte do Canadá, como os Ojibwe, Cree e Innu.

E são várias as formas como essa entidade é retratada, mas quase sempre como um espírito maligno associado ao canibalismo. Ora ele é descrito como um monstro humanoide que vaga pelas florestas congeladas procurando alguém para comer, ora como um espírito que possui humanos e faz com que eles comecem a se alimentar de outras pessoas.

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A figura do Wendigo é tão popular no imaginário norte-americano que já apareceu em várias outras mídias — inclusive como um herói da Marvel —, mas que retorna às suas origens sombrias em Espíritos Obscuros. Tanto que o título original do filme, Antlers, faz referência direta às características bestiais que essa entidade carrega, como os chifres, presas e garras.

Dentro desse folclore dos povos nativos, o Wendigo representa tanto a força do inverno quanto as consequências de quem não o respeita. Uma das versões do mito diz justamente que o monstro nasce quando alguém se alimenta de carne humana para sobreviver ao frio — uma situação que era muito comum entre quem vivia isolado nas florestas da região.

Curiosamente, existe um transtorno psicológico associado justamente a esse mito. A chamada Psicose Wendigo acontece quando a pessoa acredita ter sido dominada por esse espírito ancestral e, com isso, acaba desenvolvendo tendências canibais. Ao mesmo tempo, o indivíduo entra em pânico com a possibilidade de virar um monstro.

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O distúrbio foi registrado nessa região dos Estados Unidos por exploradores que tiveram contato com os povos nativos entre os séculos XVII e XIX e está diretamente ligado ao mito descrito acima. Isolados pelo inverno rigoroso, as vítimas do transtorno acreditavam que haviam sido possuídas. No entanto, os registros de casos assim caíram drasticamente ao longo do último século.

E tudo isso deve ser explorado em Espíritos Obscuros. O próprio trailer sugere que os moradores da pequena cidade não sabem se acreditam ou não nos mitos antigos e a tensão da trama deve girar em torno dessa dualidade. E o fato de existir uma psicose baseada na entidade mitológica parece ser o prato cheio para esse tipo de suspense.

2. Um conto assustador

Apesar da clara influência do folclore nativo dos EUA, Espíritos Obscuros é baseado no conto The Quiet Boy (O Garoto Quieto, no original em inglês), publicado por Nick Antosca na revista Guernica. A história apresentava eventos bem parecidos com aqueles que o filme apresenta, com uma pequena cidade no interior do país tendo que lidar com um segredo que coloca a vida de toda a sua população em risco — e, da mesma forma, tudo isso girando em torno da figura desse menino.

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O conto está disponível gratuitamente no site da revista e fez tanto sucesso que rapidamente Hollywood correu para conseguir os seus direitos. A boa notícia é que o próprio Antosca foi chamado para ajudar a fazer a adaptação, sendo um dos roteiristas responsáveis por fazer com que a sua história ganhasse as telonas.

1. O toque de Del Toro com uma nova cara

É claro que o nome de Guillermo del Toro é o maior atrativo para Espíritos Obscuros. O cineasta foi responsável pelos excelentes O Labirinto do Fauno e A Forma da Água e, por mais que ele não seja necessariamente alguém do cinema de terror, as suas criações flertam muito com esse mundo e brincam bem com a estética. Por isso, o seu envolvimento com este filme já chama a atenção.

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Contudo, del Toro é apenas o produtor por aqui, o que faz com que a sua influência seja sentida, mas não seja o centro da direção. Isso porque o comando do longa ficou nas mãos de Scott Cooper. Mesmo sendo um nome menos conhecido, ele tem alguns sucessos em seu currículo, como Coração Louco e Tudo por Justiça.

É o encontro desses dois cineastas que torna tudo interessante em Espíritos Obscuros. Cooper deixou claro em várias entrevistas que ele queria partir para o cinema de terror, mas com uma abordagem que fosse além do susto, trazendo também temáticas e significados por trás de toda a tensão construída pela história. E foi aí que o casamento com del Toro deu certo.