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Crítica | Stargirl tem ótima estreia e homenageia legado da Era de Ouro das HQs

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A “filial” live-action mais próspera do universo DC fora dos quadrinhos acaba de receber mais uma atração. O Arrowverse, que tem como suas principais séries a dramática Arrow e a oscilante The Flash, ganhou o que promete ser o melhor dos shows desse cantinho da editora no canal CW. Já na estreia, Stargirl homenageou a principal marca da DC Comics, seu legado, em uma trama divertida, com personagens consistentes e atmosfera retrô da Era de Ouro dos quadrinhos.

Atenção: esta crítica pode conter spoilers leves sobre o primeiro capítulo de Stargirl

A história mostra o fim da Sociedade da Justiça, a primeira equipe de heróis (anterior até mesmo à Liga da Justiça). Um dos integrantes, Starman, acaba perecendo durante o combate e seu sidekick, Pat Dugan (também conhecido por F.A.I.X.A. ou Listrado), recolhe o poderoso Cajado Cósmico e promete um dia encontrar alguém para empunhar o artefato novamente.

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Dez anos depois, já casado, Pat precisa se acostumar com uma vida ordinária sem as aventuras de seu passado, enquanto lida com a filha adotiva, a adolescente Courtney Whitmore. Para mudar de ares, a família deixa Los Angeles e vai para a pequena Blue Valley, em Nebraska. E tudo fica mais emocionante quando o Cajado Cósmico escolhe Courtney como a Stargirl, a sucessora do Starman.

Geoff Johns caprichou no seu "bebê"

É impossível falar sobre qualquer coisa antes de explicar o carinho que o roteirista e produtor-executivo Geoff Johns colocou em Stargirl. Para quem não conhece, Johns começou sua carreira como assistente de direção e produtor de cinema em 1995, trabalhando nos filmes Teoria da Conspiração (lançado em 1997) e Máquina Mortífera 4 (1998). Naquela época, ele flertava com sua grande paixão: os quadrinhos.

Não demorou para ele mudar de setor e, já quase no fim dos anos 1990, escreveu sua primeira história, para a DC Comics. Ele revitalizou personagens que estavam praticamente jogados às traças. Em Stars and S.T.R.I.P.E., Johns trouxe de volta a Era de Ouro dos quadrinhos, mas para uma nova audiência, com uma personagem baseada em sua irmã. Stargirl (ou Sideral) é uma homenagem a Courtney Johns, que morreu em um acidente aéreo em 1996 — não à toa, o nome da heroína é Courtney Whitmore.

A série fez tanto sucesso que ele começou a assumir outros projetos na DC Comics. Sua primeira passagem por The Flash fez o personagem voltar a ser relevante e revigorou a Galeria de Vilões do Corredor Escarlate. Já em meados de 2000, Johns transformou os Lanternas Verdes e fez da revista do Gladiador Esmeralda a mais vendida da empresa.

Após o fim de sua gloriosa passagem pelos Lanternas Verdes, no começo dos anos 2010, Johns foi convidado pela Warner Bros para assumir o Universo Estendido DC (DCEU, na sigla em inglês) e fazer frente ao Marvel Studios. Contudo, como a companhia é enorme e dependia da visão de executivos que não sabiam exatamente como lidar com as adaptações de HQs, ele ficou meio perdido, procurando por sua voz no meio cinematográfico. Isso o levou a se dedicar novamente aos quadrinhos e se limitar a supervisionar as séries de heróis e filmes do DCEU.

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E isso nos leva a Stargirl. Depois de aprender a duras penas o que é possível fazer com a estrutura da DC e a visão dos executivos da Warner, Johns passou a acertar com os plots do Arrowverse, em geral, e decidiu se dedicar a um projeto pessoal: a grande homenagem que queria fazer para sua irmã, desta vez com ares épicos.

Cuidado extra com a parte técnica

O capricho de Johns já começa com a parte técnica. Stargirl tem as melhores cinematografia, edição, efeitos sonoros e visuais vistos até agora no Arrowverse. A primeira sequência de ação mostra bem isso. A coreografia de lutas e o acabamento final de cada explosão e exibição de poderes dos heróis e vilões são muito bem polidos.

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Uma das coisas que mais chama a atenção são os vários efeitos e movimentação de câmera, que valorizam ainda mais os momentos dramáticos e a expressões, tanto as corporais quanto as faciais. Isso deixa os momentos de combate, que normalmente eram muito confusos no Arrowverse, bem definidos.

E isso tudo é muito importante para a série, pois sua celebração retrô dos heróis da Velha Guarda, em contraste com a “passagem de bastão” para a nova geração, precisa ser apresentada com bastante clareza.

Tom correto e atores de primeira linha

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Na cronologia real, a Era de Ouro de Quadrinhos aconteceu entre o final dos anos 1930 e meados de 1950, quando iniciou um período baseado na ficção científica, a Era de Prata. Johns acerta ao situar o final da Era de Ouro dos heróis no CW mais ou menos nos anos 2000 — quando realmente começou o “boom” de adaptações.

Assim, Stargirl acontece nos anos 2010, e mistura um pouco daquela ingenuidade do american way of life, em uma típica cidadezinha do interior dos Estados Unidos, mas com o toque de atualidade, com toda a tecnologia que dispomos atualmente. Isso tudo com a “aura cafona” que todos adoram na Sociedade da Justiça — os nomes e uniformes trazem exatamente a dose brejeira de saudosismo que os fãs gostam.

E a narrativa acerta ao colocar o drama colegial em meio ao heroísmo de Stargirl, bem representada pela atriz Brec Bassinger. O veterano Luke Wilson é o típico “bom moço” da Era de Ouro, como um sidekick que cresceu e agora precisa ensinar o legado do que é ser herói para a adolescente. Joel McHale, conhecido por Community, faz o papel de Starman; e Amy Smart, famosa por diversas comédias adolescentes, está de volta às telinhas, desta vez como Barbara Whitmore.

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Junte a isso dezenas de referências à cultura pop e aos próprios quadrinhos, de Goonies aos Estados Unidos dos anos 1950 e o início da “era científica” das HQs; passando por personagens clássicos, como Pantera, Tigresa e Mestre dos Esportes — respeitando tudo o que foi adaptado da DC nas telinhas desde Smallville. O resultado é uma divertida sessão de entretenimento, tanto para os mais novos quanto para os veteranos.

Vale a pena?

Quando Johns esteve afastado dos quadrinhos e os filmes da DC começaram a apresentar um tom muito sombrio, o roteirista decidiu voltar para a DC Comics para escrever Renascimento e o Relógio do Juízo Final. “A DC Comics não é sombria. Se o Batman não acreditasse que poderia ser melhor, ele nem sairia de casa para combater o crime. A DC Comics é sobre amor, esperança e legado”, disse.

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Com essas HQs citadas acima, ele trouxe de volta os casais e filhos que não existiam mais. Johns mostrou por que o Superman é um símbolo de dias melhores e lidera todos os heróis. E, finalmente, o roteirista mostrou novamente o que é ser um herói, a partir do retorno da Sociedade da Justiça e seu legado. E é basicamente sobre isso que se trata Stargirl.

Ou seja, para quem é fã dos super-heróis, é imperdível. Stargirl estreou nesta semana no streaming DC Universe e no canal CW, nos Estados Unidos. A primeira temporada tem 13 episódios e ainda não há previsão de lançamento no Brasil.