Crítica Celebrity | K-drama acerta na temática, mas erra no tamanho
Por Diandra Guedes • Editado por Jones Oliveira |
Lançada no final de junho de 2023, Celebrity é a nova série de drama sul-coreana da Netflix que chegou como uma das grandes promessas da plataforma dentro do gênero. Aliás, não é de hoje que a gigante do streaming tem investido em séries e filmes do país. Com muitos acertos, como Round 6 e Uma Advogada Extraordinária, o streaming também tem entregado produções de qualidade duvidosa, como o fiasco Somebody. Dessa vez, a nova produção fica no meio do caminho, com bons enredo e elenco, mas que peca pelo excesso de episódios.
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A trama acompanha a vida de Seo A-ri (Park Gyu-yong), uma moça simples que apesar de ter crescido em uma família extraordinariamente rica, ficou pobre depois que seu pai faliu. Agora vende produtos de beleza de porta em porta enquanto sua mãe faz consertos de roupa para viver.
Sem muita afinidade com a tecnologia, ela descobre que dentro das redes sociais existe um mundo à parte, onde pessoas aparentemente comuns se tornam celebridades sem fazer muito esforço.
Uma dessas estrelas digitais é sua amiga de infância, que a apresenta para o restante do grupo. A partir daí, o que vemos é uma sucessão de “vai e volta” no tempo para explicar como A-ri também se converteu em uma das pessoas mais seguidas do Instagram.
Sem poupar críticas às redes sociais, Celebrity abusa do tempo de tela para mostrar como o mundo das sub-celebridades é vazio de significado e recheado de futilidade e falsidade. Não são poucas as cenas em que as “amigas” influencers demonstram, frente às câmeras, estarem felizes e unidas, mas basta que a câmera se apague para que a verdade venha à tona.
Além disso, o jogo de gato e rato entre elas é constante, com uma tentando derrubar a outra para se sobressair nos números de seguidores. Essa premissa é justamente o que faz Celebrity ser atrativa, porque apesar de ser ambientada na Coreia do Sul, é uma narrativa fácil do espectador se identificar. Seja aqui no Brasil ou em qualquer outro país, o que não falta são influencers tentando ganhar a vida na internet e o que vemos é que suas problemáticas são bem mais universais do que poderíamos supor.
Celebrity coloca o dedo em todas as feridas
Ainda falando em críticas sociais, o que Celebrity faz é apontar o dedo para todos, já que não são apenas as influencers que se derretem por esse mundo digital. Nós, meros mortais e espectadores, é que fazemos elas serem o que são. Afinal, se o público não ansiasse por consumir esse tipo de conteúdo, que relevância tais personalidades teriam?
Então, por que nós, enquanto espectadores, cedemos e dedicamos nosso tempo para ficar em frente a uma tela, consumindo conteúdos pouco relevantes de pessoas aparentemente desconhecidas? Jogando com o espectador, o enredo da série cutuca a ferida da nossa dependência digital, mas faz isso com um enredo leve e até divertido, que realmente prende a atenção do público.
O erro está no tamanho dos episódios e da série no geral. Com 12 capítulos de aproximadamente uma hora cada, a sensação que fica é que a produção está enchendo linguiça — para falar no bom português. Isso porque há momentos tão desnecessários que poderiam cortados sem qualquer prejuízo ao andamento da história. Além disso, com episódios mais curtos, a obra teria mais fôlego e ainda assim conseguiria desenvolver bem os personagens.
Série agrada apesar de ser grande demais
Por falar em personagens, não dá para negar que Park Gyu-yong rouba a cena dando vida à protagonista Seo A-ri. Ela já tinha feito outros trabalhos, como os filmes Reseulleo e Heart Blackened, e mostrou seu talento em cena novamente. Os coadjuvantes, por sua vez, também não ficam para trás. O destaque está para o trio Lee Chung-a, Song Yuqi e Jeon Hyosung, que vivem as amigas influencers.
Apesar de terem a vida e o estilo pessoal parecidos, cada uma das atrizes conseguiu se diferenciar em cena, colocando um pouco da sua personalidade na atuação. Isso fez muita diferença para que a série não as retratasse de forma genérica.
Já em relação ao enredo, o melodrama prevaleceu e em alguns momentos a série até se aproximou das nossas novelas. Traços comuns nas produções sul-coreanas e que não desagradam, já que o diretor Cheol-gyu Kim (veterano na televisão com séries como Flower of Evil e Madeo) conseguiu conduzir bem o texto.
Por fim, o que se pode dizer é que Celebrity tem uma boa narrativa e uma premissa inteligente e atual. Com sabedoria, Cheol-gyu Kim guiou bem a história, mas pecou em não encurtá-la para que ela tivesse mais fôlego e, consequentemente, um ritmo mais atrativo. Ainda assim, aqueles que gostam de k-drama e até mesmo quem apenas se interessa por produções com boas críticas sociais, têm chances de gostar da série.
Se você quiser dar uma chance à produção, já pode maratoná-la na Netflix.