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Conheça Invincible, herói que ajudou a criar Walking Dead e mudou a Image Comics

Por| 10 de Março de 2021 às 11h27

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Image Comics
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Invincible, criado por Robert Kirkman, Cory Walker e Ryan Otley, é um personagem bastante popular entre os leitores mais frequentes de quadrinhos, mas ainda é desconhecido do grande público. O personagem é bastante divertido e poderoso, e atualizou para o século XXI os conceitos básicos de puro heroísmo visto nas páginas de Superman e Homem-Aranha. Mais que isso, ele também teve um papel crucial na origem de The Walking Dead e no ressurgimento da Image Comics.

Curiosamente, o jovem herói ainda não tinha uma animação, algo que será “corrigido” em breve, em uma nova série desenhada exclusiva do Amazon Prime Video. Invincible estreia no dia 26 de março e conta com um elenco estelar de dubladores: Steven Yeun faz as vozes do protagonista Mark Grayson, J.K. Simmons vive seu superpoderoso pai Omni-Man, Sandra Oh é sua mãe humana Debbie Grayson e a lista conta ainda com Mark Hamill, Seth Rogen, Zazie Beetz, Zachary Quinto, Mahershala Ali, Jon Hamm e Djimon Hounsou.

Mas quem é Invicible e por que esse personagem faz tanto sucesso? O que ele tem a ver com a criação de The Walking Dead? E como ele foi fundamental para que a Image Comics voltasse aos trilhos e se consolidasse como a terceira maior editora de quadrinhos dos Estados Unidos? O Canaltech conta isso tudo para você abaixo.

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Invincible nos lembrou como Superman e Homem-Aranha são legais

Fica difícil de falar sobre Invincible sem contextualizar o período em que ele foi criado. Os anos 1990 foram de decadência para os clássicos quadrinhos de super-heróis. A Marvel Comics e a DC Comics viviam um desgaste criativo e de mercado mesmo, o que gerou várias histórias terríveis e uma queda acentuada na receita, algo que só pioraria com a debandada de leitores para outras mídias — vale destacar que a Internet começava a engrenar, assim como os dispositivos móveis outros produtos tecnológicos disruptivos.

Para refrescar a memória, foi nessa época que o Superman morreu e o Homem-Aranha teve sua infame Saga dos Clones, entre outras tramas que, apesar de terem feito barulho, destacaram-se mais pelo marketing agressivo e apelativo. O cenário era tão desesperador que foi nesse período que a Marvel Comics decretou falência e precisou vender algumas propriedades para estúdios de cinema (Sony, Fox e Universal) para arrecadar verba — daí o fato de ela não poder ter usado posteriormente algumas delas quando começou a engrenar nos cinemas.

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Pois bem, foi nesse contexto que um jovem Robert Kirkman despontava com a paródia de super-heróis Battle Pope. Ali, o escritor já mostrou que sabia lidar bem com personagens, com uma narrativa cheia de provocações e referências à cultura pop. Kirkman se mostrava cada vez mais habilidoso em montar divertidos cenários e atualizar elementos que deram certo no passado, com diálogos ágeis e bem pontuados para o comportamento de cada uma de suas criações.

Esse talento o levou para a Image Comics, que na época também sofria queda e desunião entre seus gestores (falaremos mais sobre isso abaixo). Então, em novembro de 2002, Kirkman publicou sua primeira prévia de Invincible, na revista Tech Jacket #1. Logo de cara, todos os leitores adoraram, e a edição de estreia, lançada em janeiro de 2003, já chegou às bancas como um clássico instantâneo.

A razão por trás disso? Bem, a trama gira em torno do adolescente de Markus (ou Mark) Sebastian Grayson, filho da asiático-americana Deborah Grayson e do romancista Nolan Grayson, revelado como um poderoso alienígena da raça Viltrumite que na Terra passou a se chamar Omni-Man. Quando Mark começa a apresentar habilidades semelhantes a de seu pai, ele então passa por um treinamento para enfrentar vilões mundanos e ameaças extraterrestres. E, enquanto tenta salvar o dia, ele precisa lidar com a vida de estudante no colégio e os próprios relacionamentos familiares, em uma realidade em que superseres fazem parte do cotidiano.

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Bem, até aí não tem assim muita novidade e a descrição pode até não ser muito chamativa. Mas Kirkman conseguiu trazer a Invincible aquela inocência e a diversão da descoberta de um mundo cheio de possibilidades, algo que víamos com frequência nas histórias do Homem-Aranha. E ele trouxe também um choque geracional, questionamentos sobre legado e ação em escala épica que adoramos ver em Superman.

Tudo isso veio embalado com personagens de apoio bem delineados e com uma alcance maior entre os leitores. O “núcleo humano”, aliás sempre serve como uma forte base, já que precisamos sempre lembrar quem é que os heróis estão salvando. Um exemplo disso é sua mãe, uma descendente de asiáticos representada em uma época que não era muito comum a diversidade que estamos vendo atualmente.

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Para completar, a revista abusava da violência gráfica, de uma maneira tão agressiva que havia certa ironia em usar algo tão extremo em meio à cores tão vivas e desenhos cartunescos. Vale destacar que essa era uma época em que o banho de sangue e humor sombrio Quentin Tarantino e Guy Ritchie estavam no auge. Além disso, mangás que também costumar explorar essa linha ganhavam mais popularidade nos Estados Unidos. O resultado foi uma adesão em massa de leitores que estavam com saudades das melhores histórias do Superman e do Homem-Aranha e que ansiavam por uma narrativa mais atual e conectada aos anos 2000.

Como Invincible ajudou na publicação de The Walking Dead?

Bem, enquanto Robert Kirkman estava criando Invincible, ele também se dedicava a uma outra grande paixão: os zumbis que ele tanto tinha visto nos filmes de George Romero. Quando o autor foi contratado pela Image Comics, os diretores da editora estavam arriscando alto — para muitos era a cartada final da empresa, que estava à beira do fechamento das portas. Então, Kirkman significava “tudo ou nada” nesse cenário.

Obviamente que muita gente dentro da Image Comics ficou receosa de dar tanto poder a um jovem que estava acabando de chegar e já queria emplacar dois títulos mensais. Mas o sucesso antecipado de Invincible confirmou rapidamente à mesa diretora que a escolha tinha sido boa. E isso acelerou a publicação de The Walking Dead, série que todos já conhecem.

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Mas para quem não sabe do que se trata, basta lembrar o que muita gente tinha vontade de ler no começo dos anos 2000, e o que Kirkman conseguiu produzir: os filmes de zumbi sempre fizeram sucesso, principalmente por conta de como os personagens humanos são comparados com os mortos quando têm atitudes extremas em situações limítrofes. Ou seja, os fãs ansiavam por algo que fosse como uma “novela George Romero”. E foi exatamente isso que The Walking Dead trouxe — em parte com um “empurrãozinho” de Invincible.

Criadores da Image Comics “fazem as pazes”

Mesmo antes de chegar às telinhas em 2010, The Walking Dead já era um sucesso absoluto nos quadrinhos. E, comercialmente falando, as coleções de arcos fechados sempre venderam bastante e isso deu o fôlego financeiro que a Image Comics vinha precisando. Além disso, Invincible trouxe um frescor e deixou o cenário dos super-heróis da empresa mais vibrante e ensolarado. Com a mesa diretora “rachada”, isso tudo foi essencial para que editora voltasse aos trilhos.

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Para quem não conhece a história da Image Comics até esse período, aqui vai um breve resumo. No começo dos anos 1990, muitos ilustradores de sucesso da Marvel Comics, como Jim Lee, Rob Liefield, Todd McFarlane, Erik Larssen, Marc Silvestri, Jim Valentino e Whilce Portacio, criavam muitas propriedades que se tornaram sucesso na Casa das Ideias — a exemplo de Gambit, Cable, Deadpool, Venom, entre outros. O problema é eles não eram remunerados com royalties sobre esses personagens.

Isso levou a uma debandada, justamente desses sete nomes acima, para uma editora que seria um abrigo para os estúdios individuais, uma “imagem” de uma empresa, a Image Comics. Inicialmente, a empreitada foi um sucesso, mas com o tempo, Liefield e Lee retornaram para a Marvel e o núcleo rachou, a partir de muitas brigas com McFarlane. O universo compartilhado que se alinhava entre os estúdios desapareceu e vários títulos foram cancelados.

Com a chegada de Kirkman, os criadores passaram a olhar de novo com esperança para a empresa. A partir daí, a Image passou a apostar mais em histórias autorais fora do ramo dos super-heróis, ampliando para todo o tipo de boa história de fantasia, crimes e ficção científica — uma retomada do conceito original. Assim, passou a publicar Saga, Chew, Paper Girls, Kick-Ass, Legado de Júpiter, entre outros quadrinhos de sucesso.

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Em 2009, Kirkman, já alçado ao cargo de editor-chefe e prestes a estourar em todo mundo com a série de TV de The Walking Dead, conseguiu um feito inédito até ali: ele finalmente conseguiu reunir os criadores originais da Image Comics no evento Image United, em que os personagens de Whilce Portacio, Jim Valentino, Marc Silvestri, Rob Liefield e Todd McFarlane se reúnem em uma grande crise que, claro, também tem a participação do herói Invincible.

Animação e reboot

Invincible foi publicado em 25 volumes, com um total de 144 edições, distribuídas originalmente entre 2003 e 2018. A saga tem várias reviravoltas e é uma coming-of-age story, em que vemos o amadurecimento de Mark Grayson até o ponto em que ele também se torna pai. É uma jornada épica que mistura um pouco do heroísmo “gente como a gente” da Marvel com o legado dos deuses da DC, em um caminho que se tornou próprio ao longo da caminhada.

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A prévia lançada recentemente pelo Amazon Prime Video já mostrou que deve se manter bastante fiel ao material original, seja na caracterização dos personagens, nos traços e até mesmo na violência gráfica. E o que mais chama a atenção é a participação de atores tão prestigiados e de núcleos distintos em Hollywood, como Mark Hammill, Mahershala Ali, Jon Hamm e Djimon Hounsou.

Vale lembrar que é possível encontrar os encadernados de Invincible nas comic shops locais e redes varejistas, assim como nas HQs online do Comixology. A adaptação tem sua primeira temporada agendada para estrear no dia 26 de março, no Amazon Prime Video.