As 5 cenas mais perturbadoras do cinema
Por Sihan Felix • Editado por Jones Oliveira | •
Seria mais perturbadora aquela cena que é fisicamente mais impactante ou aquela que consegue abalar nossas estruturas emocionais? Listas são subjetivas de todo modo. É impossível criar algo exato e que corresponda à sensação do público por inteiro. Sentir medo, espanto, assustar-se ou ficar, de fato, apavorado são questões pessoais e, por isso, nossa lista é inteiramente sem a intenção de alcançar uma verdade absoluta.
Existem cenas que poderiam estar na lista se levássemos em conta o extrafilme, aquilo que se soube depois, por meio de depoimentos posteriores ao filme em si. Um caso emblemático é o do filme Último Tango em Paris: o diretor Bernardo Bertolucci não passou as informações completas de uma cena de estupro para sua protagonista (interpretada por Maria Schneider) com a seguinte justificativa: “Eu não queria que Maria interpretasse a raiva e a humilhação. Queria que ela as sentisse". Na cena, a personagem de Marlon Brando estupra a de Schneider utilizando manteiga como lubrificante. "Foi uma ideia que tive com Brando naquela manhã, antes de rodar a cena"... e contaram absolutamente nada para a atriz.
Há muitas cenas que poderiam compor a lista. O filme Pink Flamingos (de John Waters, 1972), por exemplo, é inteiramente perturbador porque tudo o que se vê aconteceu de fato, com galinhas sendo esmagadas durante um estupro em um galinheiro; cocô de cachorro sendo comido; sexo oral no próprio filho (nesse caso, filho no filme)... o trabalho de Waters é uma elegia ao grotesco, ao absurdo, ao nojento. Nesse sentido, a lista seria composta inteiramente por filmes do tipo. Então, partimos do propósito de escolher cenas que não fazem parte do, digamos, cinema do absurdo.
Antes de iniciarmos a lista das 5 cenas mais perturbadoras do cinema, é bom ressaltar: As cenas podem ser fortes. Desta vez, não colocaremos elas aqui como fizemos com a lista de 10 cenas mais assustadoras do cinema. Serão somente imagens. Você pode assistir a elas ou aos filmes por sua conta e risco.
E cuidado: os comentários podem conter spoilers!
5. Duplamente Aronofsky
Darren Aronofsky tem sua legião de fãs e uma porcentagem igual de quem o odeia. Mas são cenas perturbadoras que estão em jogo e não qualquer juízo de valor sobre os filmes. Nesse caso, Mãe! (de 2017), que pode ser desconfortável de assistir durante quase todo o tempo, tem uma cena que se sobressai, que mostra um bebê sendo entregue para sacrifício e sendo, de fato, sacrificado. Por outro lado, somos praticamente forçados a ver amputação de membro, eletrochoque e sexo a força em Réquiem para um Sonho (de 2000)... de um jeito perturbador e, pior, triste.
4. A vingança mais dolorosa
Oldboy (de 2003) é o segundo filme da Trilogia da Vingança do sul-coreano Chan-wook Park. Essa mesma trilogia é cheia de momentos perturbadores, como quando um personagem do primeiro filme (Mr. Vingança – de 2002) está fora do quadro gemendo como se fosse de prazer e, aos poucos, a movimentação da câmera revela que, na verdade, é de dor, muita dor. Mas talvez nada se compare mesmo ao final de Oldboy (que tem cena até de personagem cortando a própria língua): quando o protagonista descobre que a mulher com quem ele vem se relacionando é sua própria filha. Não é visualmente perturbador, mas tem força para causar uma dor emocional horrorosa.
3. Um lanche nada agradável
Não se trata somente de uma cena (ou algumas). Salò, ou os 120 Dias de Sodoma (de Pier Paolo Pasolini, 1975) é tido por muitos como um dos filmes mais perturbadores da história do cinema. Entre tantas cenas desconfortáveis, há uma especialmente torturante: quando todos estão reunidos no grande salão da mansão, uma ex-prostituta conta que foi obrigada a comer as fezes de um cliente que a tinha contratado. A história, que já incomoda, não acaba aí: o duque que a escutava naquele momento resolve ir ao meio do salão, defecar e, à força, fazer com que uma das jovens presentes coma o que ele acabou de fazer.
2. A destruição da inocência
O Exorcista (de 1973) não é somente assustador, é perturbador... especialmente por lidar com a corrupção da inocência. O diretor William Friedkin, enquanto traça todos os simbolismos que fazem do filme um dos melhores de todos os tempos – dentro do seu gênero ou não – também consegue deixar de lado as sutilezas e ilustrar a destruição da ingenuidade: quando Regan, obviamente possuída, masturba-se com um crucifixo. Essa cena, além de ser, por si só, macabra, também carrega uma força destruidora: aqui, percebe-se que o mal pode tomar conta de qualquer um, até mesmo de uma alma inocente, corrompendo-a das maneiras mais perversas.
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1. Noé explícito
Eu não sou exatamente um fã do cinema de Gaspar Noé. Às vezes, minha experiência frente a um filme do franco-argentino parece superficial, como se toda a estética idealizada por ele não estivesse trabalhando a favor do filme. Mas, como tudo no cinema e nas artes, não se trata de um sentimento universal ou objetivo e, mesmo assim, algumas cenas dos seus filmes, gratuitas ou não, são perturbadoras. A mais conhecida talvez seja esta do filme Irreversível, com o diretor exibindo um estupro sem cortes e de maneira explícita. A cena, que é longa (o que potencializa o efeito), ainda vai bem além do estupro em si.
É claro que muitas cenas e filmes ficaram de fora. O cinema pode ter uma força de perturbação capaz até de traumatizar. E muitas das potenciais cenas do tipo poderiam facilmente substituir qualquer uma das escolhidas. Por isso, seria excelente saber: qual é a cena mais perturbadora do cinema para você? A lista pode ganhar muito mais exemplares a partir dos comentários.