Barbie | Filme tem uma "participação" mais do que especial
Por Diandra Guedes • Editado por Jones Oliveira | •
Atenção! Este texto tem spoilers de Barbie
O live-action da Barbie finalmente chegou aos cinemas e, além de uma trama divertida e apimentada com várias críticas sociais, ainda trouxe uma participação bem especial. Na verdade, é uma bela homenagem a Ruth Handler, a criadora da boneca, que no longa ganhou vida com Rhea Perlman, atriz indicada a 10 Emmys e famosa por viver Carla Tortelli na série Cheers.
No filme, ela aparece em dois momentos bem tocantes e que marcam bem esse tom de tributo. No primeiro deles, a criadora da boneca fala com a Barbie de Margot Robbie que não a projetou para ser perfeita e, sim, para ser uma companhia para as meninas brincarem. Já a segunda aparição, mais ao final da trama, ela surge empoderando a protagonista e dizendo que ela pode ser tudo que quiser, inclusive, humana.
Apesar de breves, os momentos em que Ruth Handler aparece são fundamentais para dar esse contexto histórico e até simbólico, além de mostrar ao público quem foi a idealizadora da boneca de plástico. Além disso, como as cenas são ternas, deixa um quentinho no coração da audiência.
Vale lembrar também que, embora a verdadeira Handler não apareça no filme — afinal, faleceu em 2002 — em um dos trailers, uma senhora sentada em um ponto de ônibus aparece conversando com a Barbie. Ela faz referência à criadora e a como ela estaria se estivesse viva.
Quem foi Ruth Handler?
Nascida nos Estados Unidos em 1916, Ruth Marianna Handler é conhecida como a criadora da Barbie e uma das cofundadoras da Mattel. Casada com Elliot Handler, ela percebeu seu tino para os negócios quando começou a ajudar o marido a fechar contratos para sua empresa de mobílias.
Elliot e seu sócio Harold Matson fundaram a Mattel, em 1945, e inicialmente vendiam porta-retratos e objetos para casas de bonecas. Isso parece ter acendido uma faísca em Handler, mas a verdadeira inspiração para ela criar a boneca de plástico mais famosa do mundo surgiu depois de ver sua filha Barbara — cujo apelido é Barbie — brincando de trocar as roupas das suas bonecas de papel.
Na época, a menina só tinha esses brinquedos e algumas bonecas de panos e criava narrativas que fugiam do clássico "brincar de ser mãe e ter uma família".
Observando isso, Ruth percebeu que as meninas precisavam e podiam ir além e criou uma boneca que pudesse ser tudo aquilo que as crianças quisessem. Assim, no dia 9 de março de 1959, ela apresentou sua criação na American International Toy Fair, em Nova York, e contrariando a opinião dos homens da época, que julgavam que o brinquedo seria um fracasso, a boneca apareceu em comerciais de televisão e teve suas vendas aceleradas.
Só no primeiro ano, foram vendidas cerca de 300 mil exemplares com preços que chegavam a até US$3. O sucesso não parou por aí e, pouco tempo depois, em 1961, Ruth Handler lançou o Ken para ser o namorado da Barbie. O boneco loiro e de olhos claros foi inspirado no seu filho Kenneth.
As polêmicas na vida de Ruth Handler
Apesar de ter êxito nos negócios, nem tudo foi um mar de rosas na vida da empresária, já que ela foi acusada de fraudar relatórios financeiros e alguns resultados da empresa, culminando na renúncia do seu cargo na Mattel em 1974.
Como consequência, ela teve que pagar uma multa de cerca de US$ 57 mil (algo como R$ 270 mil na cotação atual), além de realizar serviços comunitários. Esse fato é, inclusive, ironizado no filme.
Já o que não foi retratado no longa é uma especulação de que Ruth, na verdade, não tenha se inspirado somente na sua filha. Uma das versões sobre a origem da Barbie conta que, em uma viagem à Suíça, a empresária conheceu a boneca alemã Bild Lilli, que se destacava por ter formas mais adultas.
Polêmicas à parte, fato é que a participação da personagem de Ruth Handler no live action foi mais um acerto de Greta Gerwig. E, se você quiser dar uma chance ao longa, já pode assisti-lo nos cinemas.