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Estresse, competitividade e medo de demissão fazem parte do trabalho na Netflix

Por| 26 de Outubro de 2018 às 21h30

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Estresse, competitividade e medo de demissão fazem parte do trabalho na Netflix
Estresse, competitividade e medo de demissão fazem parte do trabalho na Netflix
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Imagine que você tenha um emprego no qual você é pago para acompanhar os principais lançamentos de séries e filmes da Netflix? Parece um sonho, não é mesmo? Entretanto, segundo uma análise publicada no Wall Street Journal na última quinta-feira (25), esse sonho pode ser, na verdade, um pesadelo.

Mais de 70 funcionários e ex-trabalhadores da plataforma de streaming foram ouvidos pelo WSJ e relataram uma cultura empresarial no mínimo desconfortável: rituais de humilhação, medo constante e pressões por competitividade são constantes no dia-a-dia da empresa.

Um ex-executivo da Netflix contou ao WSJ que foi demitido após não informar aos seus colegas de profissão sobre a condição médica de outro funcionário, para preservar a intimidade. A atitude foi vista como falta de transparência por parte do gestor, que foi para a rua.

E uma ex-presidente de marketing relatou que, enquanto trabalhava durante o final de semana para promover a segunda temporada de Orange is the New Black, em Nova Iorque, foi informada que seu superior desejava fazer um reunião logo nas primeiras horas da manhã de segunda-feira. Chegando ao compromisso, ela foi desligada da empresa sem nenhuma explicação se não divergências com a cultura da Netflix. Queriam uma produtividade ainda maior. Nos relatos ouvidos pelo WSJ, diversos líderes de equipe afirmavam que se sentiam pressionados a fazer demissões como essa para demonstrar serviço e manter o controle dos funcionários.

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A Netflix acredita que tem uma cultura baseada na transparência e honestidade, mesmo que isso signifique feedbacks brutais e equipes constantemente estresssadas por medo de perder o emprego. Os relatos afirmam que os executivos frequentemente fazem reuniões em que criticam uns aos outros, encorajando os trabalhadores a fazerem o mesmo. Quando algum funcionário admite algum erro, é esperado que ele passe por um processo de expiação denominado "sunshinig". Quando alguém é demitido, um e-mail é enviado a toda a equipe detalhando os motivos e expondo os trabalhadores.

Diversos ex-funcionários afirmaram que o CEO Reed Hastings é isento de emoções humanas — mas de um jeito positivo, segundo a publicação. Um exemplo da suposta ausência de sentimentos do CEO foi a demissão do ex-gerente de produto Neil Hunt, que estava na empresa desde sua fundação e era amigo pessoal de Hastings, mas mesmo assim foi substituído por Greg Peters por este último se adequar mais aos valores da empresa. Hunt disse, à época, que ele preferiria não ter saído da Netflix naquele momento, mas que não guardava mágoas.

Procurada pela redação do site internacional de notícias Gizmodo, a Netflix emitiu o seguinte esclarecimento em relação à sua cultura empresarial:

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"Acreditamos fortemente em manter uma cultura de alto desempenho e dar às pessoas a liberdade de realizar seu melhor esfoço. Menos controle e maior responsabilidade permitem que nossos funcionários prosperem, tomando decisões mais inteligentes e criativas, o que significa entretenimento ainda melhor para nossos usuários. Embora acreditemos que partes dessa matéria não refletem como a maioria dos funcionários experimenta a Netflix, estamos trabalhando constantemente para aprender e melhorar".

Aparentemente, para a Netflix, a lógica da autoajuda empresarial pode ser distorcida até resultar na noção de que medo e taxas incrivelmente altas de estresse na equipe são um bom sentimento para se ter no local de trabalho. Um dos funcionários ouvidos pelo WSJ informou que havia dito aos seus superiores que estava sempre amedrontado quanto a ser demitido e ouviu de uma das vice-presidentes da empresa, Karen Barragan, que o medo era positivo, pois levaria o funcionário a executar seu trabalho com mais qualidade.

Diferenças Culturais e Expansão

Com o avanço da Netflix em mercados fora dos EUA, somou-se à cultura excessivamente rígida o choque cultural. Funcionários da empresa em Cingapura ficaram chocados com as altas taxas de rescisões de contratos de trabalho. Além disso, legislações de Direito Trabalhista em locais como os Países Baixos impedem que os valores darwinianos da Netflix por lá sejam semelhantes ao clima tenso das equipes nos EUA.

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Fonte: Wall Street Journal via Gizmodo