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Entrega mais rápida e frete menor: o que muda com a compra do KaBuM! pelo Magalu

Por| 15 de Julho de 2021 às 20h30

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Arte: Francielle Lima
Arte: Francielle Lima
Tudo sobre KaBuM!

Fundada em 2003, na cidade paulista de Limeira, a KaBuM! sempre foi referência para os fãs de hardware para PCs e gamers tornando-se a maior do país. Mas, apesar de possuir uma infraestrutura respeitável, a logística sempre foi um desafio para o e-commerce, principalmente em algumas regiões do Brasil. Mas esse cenário está prestes a mudar.

Nesta quinta-feira (15), o Magazine Luiza anunciou a compra do KaBuM!, em uma operação avaliada em R$ 3,5 bilhões. E, na prática, isso significa que a plataforma de e-commerce conseguirá reduzir o prazo de entrega de seus produtos, ampliará a capilaridade pelo país e ainda oferecerá fretes a preços mais competitivos.

E em entrevista exclusiva ao Canaltech, os sócios-fundadores do KaBuM!, os irmãos Leandro e Thiago Ramos, explicam como isso ocorrerá.

Entregas mais rápidas e fretes mais competitivos

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A velocidade nas entregas será uma das principais mudanças a partir dessa sinergia entre as empresas. Segundo Thiago Ramos, toda a parte de logística que o KaBuM! estava planejando para dois ou três anos, com a união ao Magalu, acontecerá em poucos meses.

Segundo os irmãos, o KaBuM! passa a utilizar os centros de distribuição (CDs) estratégicos do Magalu que estão distribuídos pelo Brasil — e que representam mais de 90% sua receita. A plataforma pretende abastecer esses CDs com seus produtos, de forma que eles fiquem mais próximos do consumidor final, mas com uma entrega mais rápida ao que é oferecido atualmente.

"Hoje temos um CD central que, dependendo da distância, o tempo de entrega, obviamente fica maior", diz Leandro. Mas, a partir do momento que você está mais bem distribuído, você fica muito mais próximo dos interessados e conseguiremos reduzir o prazo de entrega de uma forma brutal". 
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Thiago afirma ainda que o KaBuM! passará a usar as lojas do Magalu como pontos de retirada de produtos e também como mini-CDs, permitindo que os itens da plataforma passem a fazer parte da modalidade de entrega em uma hora. Segundo ele, além de maior rapidez no acesso aos itens, nenhum player concorrente tem essa opção disponível quando falamos, principalmente, de hardware e outros acessórios dos mercados gamer e de PCs. "O usuário poderá comprar uma placa de vídeo de R$ 20 mil, R$ 30 mil e poderá retirar na loja em duas horas, por exemplo" ,explica ele. "Isso é algo inédito em nossa área de atuação no Brasil e, com certeza, será um diferencial de vendas bem importante".


O uso de toda a malha logística do Magalu será aliado ainda às soluções de Business Inteligence para ampliar a agilidade das entregas. Hoje, o KaBuM! conta com uma tecnologia proprietária de predição de demanda, que permite à companhia entender quais os produtos mais comprados em cada mercado no Brasil.

"Os produtos mais comprados em São Paulo, por exemplo, não necessariamente são os mesmos mais adquiridos no Recife", explica Leandro. "Essa nossa solução de BI permitiu que nós entendêssemos as preferências de cada região no Brasil. Com isso, poderemos redistribuir esses itens nos CDs e lojas do Magalu, deixando-os mais próximos dos clientes. Com o acesso facilitado e rápido, as chances de compra são maiores. Em muitos casos, o consumidor comprou, pagou e em uma hora receberá em casa". 
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Nessa primeira fase, Thiago e Leandro afirmam que a prioridade logística é o foco no transporte de produtos. Logo, cada empresa contará com tecnologias próprias em seus respectivos centro de distribuição, mas devem realizar a integração dessas soluções no futuro. Mas já com esse modelo inicial de sinergia, o KaBuM! já passa a contar com metas ambiciosas na diminuição no prazo de entrega.

"Hoje, o KaBuM! demora, em média, três dias úteis para entrega de produtos. Agora, com essa sinergia com o Magalu, queremos entregar 70% dos nossos itens em até 24 horas. É uma redução gigantesca". 

Já na questão do frete, o KaBuM! também espera diminuir essa taxa a valores mais competitivos, ainda que percentuais de redução não tenham sido divulgados. Mas a companhia afirma que isso ocorrerá quando a integração com o Magalu estiver ocorrendo a todo vapor.

"O KaBuM! nunca deu frete grátis, até pela história da companhia. Afinal, quando começamos a empresa, eu e meu irmão, nós não tínhamos um real no bolso, logo, não tínhamos como dar nada gratuitamente. E isso acabou ficando. Mas o que nós sempre trabalhamos, aproveitando o volume de crescimento do KaBuM!, é repassar um custo cada vez menor para o consumidor. E partir do momento que a gente ingressa em uma estrutura logística gigantesca, o custo desabará ainda mais, principalmente com o fator do prazo extremamente reduzido. Como isso é um ponto muito sensível na conversão, nós vemos um crescimento exponencial já no curto prazo". 
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Mais força em outras categorias

Ainda que os carros-chefe do KaBuM! sejam as categorias de PCs e games, outros segmentos — como smartphones — devem ganhar força na plataforma a partir da sinergia com o Magalu. Isso porque a união permite que a empresa ganhe mais força de negociação junto aos fabricantes, permitindo que os produtos sejam revendidos a preços mais competitivos.

"Agora a gente vai poder comprar no preço do Magalu (risos)", brinca Thiago". "Mas com as compras sendo feitas em conjunto, conseguiremos negociar valores mais atrativos e repassar isso ao mercado. O Magalu não será mais um concorrente em diversas categorias, inclusive naquelas em que há margem para um crescimento mais robusto, como o segmento de smartphones. Migramos do poder de compra de uma companhia de R$ 4 bilhões para uma de mais de R$ 60 bilhões. Isso muda completamente o patamar"

A atuação das vendas para o setor corporativo também tende a ser reforçada a partir da união. Um dos fatores que permitirá isso será o maior poder de compra, citado acima. Leandro afirma que, nos últimos 18 meses, as vendas corporativas ganharam força, muito graças à pandemia, já que as empresas tiveram que estruturar e fornecer equipamentos aos funcionários que ficam em home office. Agora, com mais lastro para negociações, a previsão é que essa área também seja expandida.

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Crescimento em outras regiões 

Com a maior capilaridade, o KaBuM! também espera expandir suas vendas para regiões onde seus produtos não tinham grande penetração devido às dificuldades logísticas e que encarecem o preço final. Atualmente, o Sudeste é a região que concentra o maior volume de compras do e-commerce, principalmente pelas condições de frete.


Agora, com a expansão da malha logística a partir da estrutura do Magalu, a empresa mira as regiões Sul e, principalmente, o Nordeste para ampliar suas vendas. Em suas previsões operacionais divulgadas nesta quinta-feira, o Magazine Luiza prevê 26 centros de distribuição para esse ano, 30 para 2022 e 33 para 2023. Além disso, a rede pretende contar com 1440 lojas físicas em 2021, 1560 em 2022 e 1680 em 2023. Vale lembrar que todas elas podem se transformar em mini-CDs para compras feitas online.

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Operação independente

Mesmo com a compra pelo Magalu, Leandro reforça que as operações do KaBuM!, de forma geral, continuam de forma independente, mas que a fusão só vai agregar. Ele afirma que o KaBuM! é uma empresa extremamente robusta, estruturada e que muito tempo seria perdido se fossem feitas certas sinergias, como backoffice. Logo, basicamente, a conexão com o Magalu se dará por meio do seu ecossistema.

"Entendemos que pode haver muito mais resultado a ser captado se olharmos pela estratégia similar ao de um marketplace, levando os nossos produtos para dentro do ecossistema do Magalu e para o seu superapp. Aliás, é importante ressaltar que o próprio KaBuM! não trabalha com marketplace em seu site. Toda a nossa receita vem da própria plataforma. Logo, imagine o que vai acontecer quando plugarmos o nosso e-commerce dentro do Magazine Luiza e com todo o tráfego que gira ali dentro. Temos certeza que os resultados serão muito satisfatórios". 

De acordo com Leandro, durante as conversas, houve um consenso que a união faria sentido para os dois lados nesse modelo. "Haveria um preenchimento mútuo de lacunas. A chegada do KaBuM! reforçará brutalmente a categoria de tecnologia dentro do Magalu e eles, por sua vez, trazem um portfólio em que nós não atuamos, sem contar, claro, toda a infraestrutura de logística.

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Empresa pública mesmo sem IPO

Leandro explica que ele e seu irmão já estudavam realização de uma Oferta Inicial de Ações (IPO na sigla em inglês) para que o KaBuM! se tornasse uma empresa pública. Mas, durante o percurso, com o início da pandemia - e a crescente demanda por produtos eletrônicos, como PCs, hardwares e games por meio do e-commerce — a companhia passou a receber pedidos de conversas estratégicas vindo de outros varejistas. E em todas essas reuniões, o Magalu foi a que melhor se alinhou aos valores dos irmãos Ramos, pela cultura, valores, resultados e eficiência.

"O caminho do nosso IPO seria levantar recursos para investir em logística e outros fatores que um e-commerce demanda para suportar um crescimento acelerado, mas sustentável. Mas o Magalu já tem toda essa malha logística levantada, algo que teríamos de construir e que levaria tempo. Logo, por que não juntarmos as forças? E, com essa união nos tornamos uma companhia aberta de qualquer forma. Já estamos na Bolsa através do Magazine Luíza"