Cristiano Ronaldo é processado em US$ 1 bilhão por promover NFTs
Por Felipe Demartini • Editado por Douglas Ciriaco |
O jogador de futebol Cristiano Ronaldo está sendo processado em US$ 1 bilhão pela venda de uma coleção de NFTs (tokens não fungíveis) em seu nome, realizada em parceria com a Binance. O valor é pedido em indenizações aos clientes que teriam sido atraídos a partir de declarações consideradas “enganosas”, feitas pelos envolvidos na divulgação dos ativos.
NFTs podem ser definidos como ativos digitais colecionáveis distribuídos por meio de uma chave eletrônica única relacionada a um item — traduzindo: é como se um arquivo digital tivesse valor por ser original, tal qual a Monalisa, de Leonardo da Vinci, ou a escultura David, de Michelangelo. Esse tipo de conteúdo costuma ter preços elevados e virou uma febre em 2021, mas perdeu força nos anos seguintes.
Ação coletiva contra CR7
A ação coletiva aberta na justiça dos Estados Unidos acusa o atleta e a empresa de promoverem uma coleção de NFTs para indivíduos que não tinham conhecimento sobre o mercado de criptomoedas. O lançamento da coleção chamada apenas de "CR7" aconteceu em novembro do ano passado, pouco antes do início da Copa do Mundo.
Enquanto a fala de Cristiano Ronaldo era sobre “revolucionar” o mundo das NFTs e levar o futebol a “um novo nível”, o token mais barato da coleção era vendido por US$ 77, cerca de R$ 380 na cotação atual. Sete itens estavam disponíveis no total e, hoje, valem cerca de US$ 1, menos de R$ 5 cada um em conversão direta.
Apesar disso, o processo não está relacionado necessariamente à perda de dinheiro, relacionada à desvalorização absurda sofrida por todo o mercado de NFTs. De acordo com os documentos registrados na justiça, Ronaldo e a Binance não divulgaram detalhes claros sobre a proposta e o acordo de patrocínio da coleção, bem como as práticas que seriam usadas para divulgação e operação dos ativos.
CR7 aumentou interesse por NFTs
Segundo o processo, ao se aliar à Binance, o jogador de futebol teria induzido clientes a acreditarem que não apenas este, mas outros ativos da empresa, seriam uma aposta segura. Assim, eles teriam sido levados a investirem em outros produtos da companhia, incluindo aqueles não registrados junto aos reguladores dos EUA, enquanto o próprio Ronaldo não teria divulgado quanto recebeu para divulgar a coleção.
A alegação está relacionada às leis americanas, que consideram criptomoedas e outros itens digitais como ativos financeiros. Assim, eles precisam ser registrados junto à Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês), que regula o setor. O mesmo também vale para celebridades promovendo tais opções, que devem seguir regras de transparência e conformidade.
Para sustentar as alegações, o processo aponta que houve um aumento de mais de 500% nas buscas por Binance e NFTs nos dias seguintes à divulgação da coleção com Ronaldo. Enquanto os ativos esgotaram na primeira semana, a ideia dos reclamantes é de que, uma vez cadastrados na empresa, as pessoas seriam mais propensas a investirem nela, o que incluiria os itens não regulados, parte de investigações movidas também pela justiça do país norte-americano.
O jogador de futebol português, aliás, nem mesmo é o primeiro atleta a figurar processos desse tipo. A estrela do basquete Shaquille O’Neal, por exemplo, também enfrenta ação semelhante nos EUA devido à sua associação à corretora FTX para lançamento de uma coleção de NFTs. O boxeador Floyd Mayweather e o músico DJ Khaled também sofreram acusações semelhantes, pagando cerca de US$ 750 mil cada por não revelarem valores pagos para a realização destas divulgações.
O Canaltech entrou em contato com a Binance, que por meio de sua assessoria informou que não vai se comunicar a respeito do caso. Até o momento, o atleta português não se posicionou a respeito do caso.
Fonte: The Athletic