Publicidade

Como surge o vício em jogos de azar? E o que acontece no cérebro?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
duallogic/envato
duallogic/envato

O vício em jogos de azar tem tudo a ver com o cérebro, de acordo com um novo artigo publicado na revista científica The Lancet Psychiatry. A partir de análises de neuroimagem, os pesquisadores perceberam que existem várias regiões cerebrais associadas a esse tipo de atividade.

Para chegar às descobertas, os cientistas desenvolveram simulações de jogos e passaram a avaliar a tomada de decisões e apostas arriscadas. Na prática, os participantes foram solicitados a adivinhar se uma ficha amarela estava escondida dentro de uma caixa azul ou vermelha, e então decidir quantos pontos deveriam apostar naquela decisão. Quem acertava acumulava pontos, e quem errava perdia tudo.

Com base nesse experimento, os cientistas descobriram que o hábito de apostar — ainda da maneira saudável — é comum em pessoas de 17 a 27 anos, mas diminui com o tempo. Enquanto isso, jogadores viciados tendem a aumentar suas apostas ao longo do tempo, até falir. A dependência de álcool e nicotina também tem sido associada a maiores problemas de apostas.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

A relação entre cérebro e vício em jogos de azar

Segundo o artigo, regiões cerebrais associadas a decisões arriscadas incluem o córtex pré-frontal ventromedial (envolvido na tomada de decisão, memória e regulação emocional); córtex frontal orbital (que ajuda o corpo a responder às emoções); e ínsula (que regula o sistema nervoso autônomo). Logo, a pessoa que tem vício em jogos de azar apresenta maior atividade nessas regiões.

O que estimula as apostas é que, quando os resultados são positivos, há um aumento da atividade no sistema de recompensa do cérebro e a liberação de dopamina, o neurotransmissor do prazer. A busca pela liberação dessa química contribui para o desenvolvimento do vício. O estudo também descobriu que jogadores viciados mostraram níveis significativamente mais altos de euforia quando a dopamina é liberada em seus cérebros, em comparação com pessoas saudáveis.

Por enquanto, as opções atuais de tratamento ao vício em jogos de azar incluem a terapia cognitivo-comportamental e grupos de autoajuda. Alguns medicamentos, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, podem reduzir sintomas diretamente relacionados com esse vício. Mas em todos os casos, é necessário buscar ajuda profissional.

Fonte: The Lancet, Addiction, The Conversation