Crítica Vermelho, Branco e Sangue Azul | Romance não cai na superficialidade
Por Diandra Guedes | Editado por Jones Oliveira | 14 de Agosto de 2023 às 19h30
Depois de ressurgir nas redes sociais, o livro teen Vermelho, Branco e Sangue Azul, da autora Casey McQuiston, voltou a fazer sucesso não apenas entre o público jovem, mas também entre os leitores mais ávidos. E não demorou muito para que ele ganhasse uma adaptação cinematográfica lançada pelo Prime Video em agosto. A obra é dirigida pelo novato Matthew López e conta com um roteiro bem amarrado que consegue agradar até os menos românticos.
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Para começar, a trama acompanha a vida de Alex (Taylor Perez), filho da presidente dos Estados Unidos, e Henry (Nicholas Galitzine), o Príncipe da Inglaterra. Jovens, os dois compartilham as angústias de serem figuras públicas e peças importantes no jogo político de seus países, mas, apesar de terem coisas em comum, os dois se odeiam.
Tudo muda depois que eles protagonizam uma briga pública vexatória e, para contornar a situação, são obrigados a conviver durante um tempo. É a partir daí que o que era uma implicância constante se transforma em amor.
Aqui é preciso dizer que embora a premissa do filme seja enemies to lovers (de inimigos a amantes), o longa não dedica muito tempo a essa rivalidade e o romance engrena rápido, o que é positivo, pois tem menos enrolação. Ainda assim, quem leu o livro pode sentir falta de uma narrativa mais detalhada.
Muito além do clichê
Ainda falando em narrativa, é preciso dizer que Vermelho, Branco e Sangue Azul é, sim, um filme romântico que segue a mesma estrutura já vista anteriormente: duas pessoas que não se gostam, mas que, após conviverem, passam a se amar e engatam um romance tórrido. A diferença, no entanto, é que o enredo do longa se preocupou em ir além, abordando temas como bifobia, o conservadorismo da Coroa Britânica e a importância de ter uma mulher no poder.
Mesmo que os temas não sejam esmiuçados a fundo, a forma como foram abordados agrada muito, pois é singela, mas não cai na demagogia. Um dos melhores diálogos acontece quando Henry e Alex conversam sobre “sair do armário”. Enquanto para o filho da presidenciável essa atitude foi fácil de ser tomada, para o príncipe inglês as coisas não foram tão simples assim, uma vez que nem seu avô, o rei, e nem qualquer membro da corte admite que uma alteza seja homossexual.
Essas cenas mais dramáticas foram diluídas nas de comédia e erotismo — embora esse não seja o termo mais apropriado, pois as tomadas entregam um hot suave capaz de ser assistido com a família sem causar constrangimentos. A verdade é que Vermelho, Branco e Sangue Azul soube navegar entre os estilos sem se perder e sem deixar a história com pontas soltas. É uma narrativa consistente que, embora não seja a mais incrível do mundo, consegue fazer bonito.
E, por falar em fazer bonito, a química entre os protagonistas é muito natural e faz a trama ganhar força. Nicholas Galitzine (Cinderela e Continência ao Amor) é mais consistente e oscila bem entre o drama e as cenas mais risíveis. Além disso, faz um excelente trabalho corporal e aparece duro em cena, com gestos totalmente contidos igual um verdadeiro membro da realeza.
Já Taylor Perez (A Barraca do Beijo) oscila entre uma excelente atuação e momentos mais canastrões. Quando aparece junto com Uma Thurman (que vive sua mãe Ellen), seu desempenho cai e ele é engolido pelo talento da atriz.
Falando sobre os coadjuvantes, quem ganha destaque é Sarah Shahi, de Sex/Life. A atriz dá vida à assessora da presidente e com uma boa atuação consegue criar uma personagem sóbria, séria e diferente da sua Billie.
Vermelho, Branco e Sangue Azul é leve e gostoso de assistir
Juntando todos os pontos positivos, dá pra dizer que o novo filme do Prime Video é uma boa adição à plataforma. Vermelho, Branco e Sangue Azul consegue juntar uma trama política com personagens LGBT+ e entregar excelente representatividade. Além disso, ele traz um romance na medida certa, nem meloso demais e nem frígido, capaz de agradar até aqueles que não são muito fãs do gênero.
Quem quiser dar uma chance a Vermelho, Branco e Sangue Azul, já pode dar o play no Amazon Prime Video.