Crítica Pânico 5 | Filme mostra que a fórmula da franquia não tem validade
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira |
Qual é o seu filme de terror preferido? De muitos, a resposta é a franquia Pânico, uma das mais importantes do gênero slasher. A saga acaba de ganhar o seu quinto filme, mais de 10 anos depois da estreia do último nos cinemas, prometendo não perder a essência responsável pelo seu sucesso há mais de 25 anos.
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A saga Pânico começa quando Sidney Prescott (Neve Campbell) é atormentada por um assassino em série, e sobrevive aos seus ataques ao longo dos anos e de mais três filmes. Essa fórmula esteve presente em todos os longas, sendo ela a grande protagonista, mas no quinto filme da franquia as coisas foram um pouco diferentes.
Atenção: esta crítica pode conter spoilers de Pânico 5!
A memória de Wes Craven
Desde o primeiro anúncio, Pânico 5 diz prestar homenagem à memória de Wes Craven, que esteve por trás da direção dos quatro primeiros filmes. Infelizmente, ele faleceu em 2015, o que poderia ter colocado a franquia em risco se o legado da saga não fosse tão forte e adorada até por quem trabalha com cinema.
Dessa vez, portanto, a direção ficou por conta de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, dupla que também dirigiu o incrível Casamento Sangrento, de 2019. Os diretores conseguiram manter a fórmula que trouxe resultados positivos aos filmes, e ainda conseguiu brincar com tudo isso sem perder a essência original, o que deixaria Craven mais do que orgulhoso.
Legado
Pânico 5 não falha nos momentos de tensão, reciclando a forma de nos apresentar às situações e reformulando elementos, que chegam até a ser ainda mais divertidos. Isso é visto, por exemplo, na cena de um dos assassinatos, em que esperamos ver Ghostface aparecer a cada vez em que uma porta é aberta e fechada. Os diretores fizeram essa brincadeira com o clichê, possivelmente, para prestar homenagem à formula que deu tão certo.
A interação com o assunto filmes de terror também continua presente, mas no novo filme a questão é explorada com base na atualidade, claro. No longa, o Ghostface é obcecado pelos filmes Stab, com a motivação do crime relacionada ao que é chamado de "fanfiction", ou "fanfic", quando um fã amador escreve uma história e a publica na internet.
Esses detalhes, entre outros, mostram que é possível adaptar histórias e situações que faziam sentido em outras gerações para a atual. Para isso, no entanto, é como se a franquia estivesse começando novamente. Isso já foi sugerido quando o filme foi anunciado, quando percebemos que o número 5 não está explícito no título.
Então, com o filme nos cinemas, vemos que Sidney Prescott não é mais o centro das atenções nos assassinatos, ainda que a sua presença na cidade tenha sido uma honra pra o Ghostface. Pânico 5 também elimina personagens da saga original, um deles sendo um dos mais importantes de toda a franquia, possivelmente para mostrar que um novo ciclo está começando.
Referências
Pânico 5 não seria uma homenagem ao original se não trouxesse várias referências aos filmes passados. No enredo principal, temos Sam (Melissa Barrera), a filha do primeiro Ghotsface, Billy Loomis, que é praticamente a "nova Sidney". Stu Macher, que fez companhia ao amigo nos assassinatos, também é mencionado algumas vezes.
Judy Hicks (Marley Shelton) também está de volta, e temos ainda sobrinhos do icônico personagem Randy Meeks (Jamie Kennedy), que é bastante citado na nova produção. Além disso, as últimas matanças acontecem na mesma casa dos momentos finais do primeiro filme, deixando os eventos mais nostálgicos.
Óbvio, mas proposital?
Toda essa construção baseada na nostalgia e prestando homenagem à franquia e ao gênero, chega em um Ghostface que é óbvio desde o começo do filme. No entanto, essa escolha não precisa ser considerada como algo negativo, muito pelo contrário.
Recentemente, uma minissérie da HBO — que não terá o nome citado para não entregar o final — trabalha com a desconstrução do óbvio ao longo dos episódios. Em uma investigação de assassinato, todas as provas indicam uma única pessoa sendo culpada. No entanto, por estar tão escancarado, o espectador acaba se convencendo de que não é ele, claro, pois não seria tão óbvio assim.
Porém, é aí que está o jogo: sim, era ele desde o começo. Essa confusão mental provocada pela trama é semelhante ao que acontece em Pânico 5. Assim que somos apresentados ao personagem que é o Ghostface, pensamos que todas as evidências apontam para ele. Mas, na sequência, vem o pensamento de que não, seria muito óbvio. Até que a descoberta acontece e, sim, era ele.
Pânico 5 se consagra como um bom filme, sem se perder da premissa original e conseguindo se modernizar. A trama diverte na mesma proporção em que deixa o público apreensivo, mostrando que a fórmula do seu sucesso não tem data de validade e ainda pode render novas sequências.
Pânico 5 está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil; garanta o seu ingresso na Ingresso.com.