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Crítica La Situación | Filme foca no besteirol, mas acerta no ridículo

Por| Editado por Jones Oliveira | 24 de Março de 2023 às 19h50

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Reprodução/Migdal Filmes
Reprodução/Migdal Filmes

Junte três excelentes atrizes de comédia — Júlia Rabelo, Natália Lage e Thati Lopes — a um roteiro grotesco, um texto exagerado e enquadramentos de câmeras desproporcionais e está pronta a receita de La Situación, comédia nacional dirigida por Tomás Portella, que tem em seu currículo Isolados e 4x100. O novo filme tinha tudo para ser um besteirol engraçado, mas ficou apenas beirando o ridículo mesmo.

Na trama, acompanhamos Ana (Lage), uma mulher solteira, que está infeliz na vida profissional e pessoal e que sofre com terríveis cólicas menstruais. Um dia, após perder o show que estava esperando há meses porque teve que fazer hora extra, ela recebe uma correspondência esquisita que afirma que sua avó morreu e que ela herdou uma casa na Argentina.

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Sem acreditar muito na sorte que teve, ela procura um advogado que lhe garante não se tratar de um golpe. Assim, Ana se junta à sua melhor amiga Letícia (Rabelo) — uma mãe de três filhos, que está cansada de não ser ouvida nem por eles e nem pelo marido —, e à sua prima excêntrica Yovanka (Lopes), e parte rumo ao país vizinho para tentar tomar posse do seu novo imóvel.

É por meio dessa premissa que embarcamos em um road movie esquisito, que tenta juntar vários elementos de uma vez só, mas acaba se perdendo no roteiro. Logo ao desembarcar na Argentina, as três amigas são confundidas com traficantes, porque Ana aceita uma caixa de absorvente internos oferecida por uma mulher no aeroporto. O que ela não sabia, é que tais absorventes estavam recheados com a melhor cocaína da América Latina.

A partir de então, elas se tornam mulas procuradas pelas autoridades e têm que fugir da polícia, ao mesmo tempo em que precisam entregar a droga ao El Papa, principal traficante do país.

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O argumento inicial pode ser até interessante, e contando que o filme seria protagonizado por excelentes atrizes, é normal criar alguma expectativa positiva. Mas, o que acontece é uma sequência de erros e situações esdrúxulas.

Se em um momento as três estão em um ônibus velho viajando pela Argentina, em outro elas estão em uma espécie de acampamento dos sem-terra comandando um levante contra o El Papa, e em outro estão roubando um carro de policiais milicianos. Por fim, as três chegam até o famoso traficante e Ana descobre que é neta dele.

Tudo isso, é dirigido de forma abrupta, como se fosse um acumulado de acontecimentos randômicos que vão levando a um final qualquer. O que não faz o filme ser um desastre total é, realmente, o talento das atrizes.

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Protagonistas brilham, mas o roteiro as apaga

Como já era de se esperar, o trio dá um show em cena. Thati Lopes, que já tem passagens pelo Porta dos Fundos e pelo filme da NetflixSocorro, Virei Uma Garota, brilha como a espevitada Yovanka, uma espécie de hippie viciada em remédios que se mantém alheia à tudo que acontece à sua volta.

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Rabelo, que também compartilha passagem pelo Porta dos Fundos, dá o tom exato à uma mãe estafada, que procura um pouco de paz e diversão em qualquer viagem que seja, mesmo que nessa viagem ela se torne uma criminosa. O ponto alto da sua personagem acontece quando ela se transforma em “La Mamá”, uma espécie de heroína e antítese ao famoso traficante local.

Para Lage, no entanto, o papel ficou mais amargo. Como ela é a única do trio mais responsável, sua personagem não pode extravasar tanto e nem ser tão cômica, sendo assim ela fica sem graça em alguns momentos, embora se esforce para fazer sua Ana vingar.

Dudu Azevedo, veterano de novelas, vive Antônio, um policial brasileiro que tenta ajudar o trio. Sem se destacar muito na trama, seu personagem quase se torna irrelevante. O pseudorromance com Ana também não convence e deixa a desejar.

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Por outro lado, os atores uruguaios Roberto Suarez e Soledad Pelayo são gratas surpresas e ajudam a tornar a história um pouco mais verídica. Melhor do que ver um portunhol forçado.

Filme acerta na fotografia e no figurino

Se por um lado La Situación derrapa feio no roteiro, por outro a fotografia agrada bastante. Apesar de ser ambientado na Argentina, a trama foi filmada no Uruguai e no Paraguai, e traz belas paisagens dos “países hermanos”. O figurino também ajuda a contar a história e, principalmente, a reforçar a personalidade de cada amiga.

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Se Ana é mais básica, abusando de regatas brancas, calças jeans e poucos acessórios; Letícia é mais colorida e alegre, mesclando tons como rosa e vermelho e testando novas estampas. Já Yovanka prefere a moda dos anos 1970, com mangas morcego e mix de cores para compor seu visual de hippie moderna.

Afinal, vale a pena comprar um ingresso ver para La Situación?

Não dá para negar que La Situación chama atenção, seja pelo trio de protagonistas ou pelo texto assinado por Natália Klein — roteirista que ficou famosa por humorísticos como Adorável Psicose, Fred & Lucy e pela série Maldivas—, mas, ao contrário do esperado, o filme decepciona até mesmo como um besteirol.

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É claro que há cenas que arrancam risadas do espectador, mas, no geral, o longa é um tanto quanto apressado e deixa a desejar em vários momentos. Ainda assim, quem quiser dar uma chance à produção, pode assisti-lo nos cinemas. Para garantir a entrada, basta comprar o bilhete pelo site da ingresso.com.