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Crítica A Menina que Matou os Pais: A Confissão | Precisava mesmo de mais um?

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Reprodução/Amazon
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A história do caso Richthofen foi extremamente alardeada no Brasil, marcando o país pela brutalidade e frieza dos envolvidos na morte de Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen. Após dois filmes, que na verdade eram o mesmo, mas mostrando diferentes visões da história, chega ao streaming a parte final, A Menina que Matou os Pais: A Confissão.

O longa claramente pega embalo no sucesso de seus antecessores, mas dessa vez foca inteiramente nos dias após o assassinato. Considerando que, entre o crime e a confissão, se passam pouco mais de 8 dias, o filme poderia ser bastante tenso, mas mostra mesmo que a frieza e até burrice dos envolvidos foram os motivos pelos quais eles foram capturados tão rapidamente.

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A menina que não estava nem aí

A Menina que Matou os Pais: A Confissão parece ter como tarefa mostrar com clareza que Suzane von Richthofen era um monstro quando ajudou a matar seus pais. Desde as primeiras cenas, que mostram o crime e os envolvidos tentando forjar e esconder provas, é possível notar que, enquanto os irmãos Cravinhos, novamente interpretados por Leonardo Bittencourt e Allan Souza Lima, sentem medo e mostram sinais de remorso pelo crime, Suzane não.

O filme coloca os irmãos como criminosos, sim, mas que entendem a gravidade dos fatos, enquanto Suzane age de maneira completamente desconectada com a realidade, sobretudo para alguém que gostaria de esconder a participação em um crime hediondo.

Ao longo do filme, isso vai ficando cada vez mais claro, por mais que Daniel demonstre também sinais de psicopatia, a atuação de Carla Diaz como Suzane mostra uma pessoa que realmente não está aí para nada. Em dado momento, ela dá uma festa na mesma casa em que os pais foram assassinados, menos de uma semana depois do ocorrido.

Foram exatamente essas atitudes, junto com uma história bem fraca e pistas mal plantadas que fizeram a polícia desconfiar desde o início que a autoria dos crimes era de alguém próxima aos von Richthofen.

Uma investigação que nem precisou investigar tanto

Por ser um filme que supostamente deveria mostrar a investigação do caso, A Menina que Matou os Pais: A Confissão peca pelo fato de que foi tudo tão rápido que não existe qualquer sinal de suspense na história.

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Mesmo sendo um caso bastante conhecido e comentado nos últimos 20 anos, não existe nenhum fato novo para ser abordado no filme, além de fazer uma reencenação de acontecimentos daquela semana que acabou com duas pessoas mortas e três presas.

Não tem uma reviravolta, um momento de "Pegamos esses caras", nem nada. A polícia precisou apenas manter um trabalho constante e observar Suzane e os Cravinhos caírem em contradição em uma semana.

A tal confissão só aparece devido ao fato de os três simplesmente terem planejado tanto um crime, mas que na hora de cometê-lo, fizeram tudo tão de qualquer jeito que facilitou bastante o trabalho da polícia.

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Mostrando um monstro

Voltamos ao fato de A Menina que Matou os Pais: A Confissão ser basicamente uma hora e meia de Suzane von Richthofen sendo um monstro. Isso não chega a ser um julgamento da pessoa como ela é hoje, que cumpriu a sua pena e, atualmente, segue a sua vida cumprindo o resto da sua pena em liberdade.

Durante aquele período, aquele recorte do tempo, a caracterização de de Suzane chega a se aproximar do estereótipo da menina psicopata. Enquanto filme mostra a fragilidade dos irmãos Cravinhos, principalmente Christian, Suzane praticamente não tem um momento em que demonstra qualquer tipo de sentimento real. Em uma cena, com todo o plano já descoberto, ela tenta falar com seu irmão, Andreas, sobre o acontecido.

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É uma cena que deveria demonstrar que ela se importa com uma pessoa além dela. A ideia parece ter sido essa, mas depois de 90 minutos dela sendo fria e calculista, fica difícil acreditar em qualquer coisa vindo dali.

Não vai ganhar nenhum prêmio

O que nos leva ao elenco em si do filme. Ele conta com nomes como Bárbara Colen (Bacurau) e Che Moais (Vai na Fé), que fazem um bom trabalho, mas quando chegamos no trio principal, temos um bom trabalho e dois bem abaixo da média.

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Enquanto Allan Souza Lima entrega boas cenas, principalmente quando o cerco da polícia vai se fechando nos culpados, Leonardo Bittencourt e Carla Diaz protagonizam cenas que parecem de uma peça de teatro de escola.

Tem uma cena específica em que eles conversam no telefone, tentando forjar provas pois suspeitam que estão sendo grampeados. O diálogo é ruim, a forma como eles conversam não convence e parece muito com o que você esperaria de alunos do segundo ano do ensino médio em uma produção escolar, em vez de dois atores profissionais.

Eles chegam a ter cenas em que conseguem entregar um pouco mais, mas é tudo tão irregular que as partes ruins acabam encobrindo as boas.

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Será que precisava de mais um filme?

Como filme, A Menina que Matou os Pais: A Confissão não acrescenta praticamente nada ao que todos já sabiam sobre o caso que chocou o país em 2002. A impressão que fica é que, como os dois primeiros longas parecem ter deixado uma sensação de que Suzane era quase uma vítima em toda a história, esse filme surge para mostrar que não, que ela era mandante e possivelmente mais culpada por tudo o que aconteceu.

Não é um filme particularmente agradável de assistir e se você tem interesse em saber mais sobre a história, existem documentários e reportagens que a abordam de maneira muito mais eficiente.