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Crítica A Luta de Uma Vida | Drama acerta ao mostrar um outro lado do nazismo

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Reprodução/ BRON Studios
Reprodução/ BRON Studios

O drama A Luta de Uma Vida, do diretor Barry Levinson (Rain Man), conta uma história real de amor, guerra, luta e resistência. Lançado nos cinemas em 2022, o filme conquistou boas avaliações do público e da crítica especializada. No Rotten Tomatoes foram 85% de aprovação dos especialistas e 78% dos espectadores, e esse resultado não poderia ser diferente.

Com uma trama bonita e bem escrita, o longa traz uma adaptação primorosa do livro Harry Haft: Survivor of Auschwitz, Challenger of Rocky Marciano (Harry Haft: Sobrevivente de Auschwitz, Desafiador de Rocky Marciano, em tradução livre) escrito por Alan Scott Haft, que conta a história de seu pai, Harry Haft, um judeu polonês que foi enviado ao campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial.

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A trama acompanha a vida de Harry (Ben Foster) em dois momentos distintos: no campo de concentração, no qual ele tenta sobreviver; e em Nova York, quando já está mais velho e tenta refazer sua vida.

Enquanto estava em poder dos nazistas, Harry se envolveu em uma briga para defender um colega judeu e acabou sendo notado por Schneider (Billy Magnussen), um oficial alemão.

O sádico soldado o obrigou a lutar diversas outras vezes com outros judeus a fim de entreter as tropas nazistas. Quando finalmente foi libertado, ele usou do seu talento no pugilismo para ganhar dinheiro e tentar ficar famoso, pois imaginava que, assim, seria notado por Leah (Dar Zuzovsky), sua namorada — e grande amor da sua vida —, que também foi mandada para um campo de concentração e da qual ele nunca mais teve notícias.

Infelizmente as coisas não saem como planejado, mas ele consegue se reerguer na vida, arrumar uma companheira para dividir as mazelas e, ao final, se reencontrar com Leah para se despedir.

Um outro lado da guerra

Com essa trama repleta de drama e romance, vale falar que o primeiro acerto do filme é a maneira como o diretor escolheu usar as cenas de flashback: elas são inseridas na história, sempre em preto e branco, para retratar os horrores vividos por Harry na guerra.

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Ao invés da narrativa seguir uma linearidade mostrando todo o período no campo de concentração e depois toda a vida atual do protagonista, a escolha foi mesclar essas histórias para mostrar como cada ato vivenciado por Harry o impactou.

Exemplos disso são quando ele não consegue ter relações sexuais em sua lua-de-mel e quando se abaixa com pavor do barulho que os fogos de artíficio fazem.

O que para todos é apenas uma celebração e um momento de alegria, para ele são sons que remetem aos barulhos das bombas estourando nos campos. Essa cena, inclusive, é uma das mais bem executadas. Simples e sem precisar de muito texto, ela consegue transmitir todo o horror que a guerra causou na mente do protagonista.

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Outro ponto importante é que o filme não foca apenas nas tragédias vividas, e sim em como o nazismo afetou a vida de Harry até mesmo em suas crenças.

Em um determinado momento, ele entra na sinagoga relutante e explica que sua família tinha muita fé, mas depois de tudo o que viveu e depois de ver o filho recém-nascido de sua irmã ser arrancado dos braços dela e jogado em um caminhão, ele se questionou que Deus é esse que faz com que seu povo sofra tanto.

A atuação de Ben Foster

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Outro acerto do longa foi a escalação do ator estadunidense Ben Foster, que já é um veterano dos cinemas e tem em seu currículo longas como Medieval, A Qualquer Custo, Os Indomáveis e Arremessando Alto.

Neste filme, ele não entrega nada menos que excelência. Além da boa atuação, é nítido ver sua dedicação nas cenas de luta e ao emagrecer 30 quilos para dar corpo ao Harry dos campos de concentração e, posteriormente, ganhar 25 para viver Harry em Nova York.

Além disso, o refinamento fica em como o ator conseguiu construir as camadas emocionais do personagem. Dá para ver que Harry era um homem amoroso e até meigo, que foi destruído pelos horrores vividos. O combate físico se tornou sua única tábua de salvação, mas também lhe tirou a capacidade de dialogar com outros seres humanos. Isso fica ainda mais nítido nas cenas em que tem com sua esposa Miriam (Vicky Krieps) e seu filho mais velho.

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Além de Foster, vale comentar a atuação de Danny DeVito, que vive o treinador Charlie e Dar Zuzovsky que vive Leah. Ambos aparecem pouco na trama, mas seus personagens não passam despercebidos. Zuzovsky, inclusive, protagoniza um belo reencontro com Harry em uma das cenas finais do filme.

Sem pieguismos e sem exploração

Ainda falando da trama e dos personagens de A Luta de uma Vida, um grande desafio dos filmes que retratam o nazismo é não criar uma história que glamourize os horrores vividos, ao mesmo tempo em que traga algo novo para o público. Afinal, não são poucos os filmes que falam sobre o assunto.

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Desse modo, podemos falar que o filme consegue cumprir essa missão. O filme também traz um olhar sensível para esse período turbulento da História, ao mesmo tempo em que não foca apenas no nazismo e sim nas consequências dele para a vida de um judeu. Sendo assim, é um novo viés de relatos que tantas vezes já nos foram contados.

Com mais acertos do que erros, A Luta de uma Vida emociona, faz refletir e, certamente, vale o play. Se você quiser dar uma chance para essa história, já pode assisti-la no Prime Video.