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Crítica | A Ilha da Fantasia é um coice

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Sony Pictures Entertainment
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Quem me acompanha, deve ter uma noção de que faço o possível para encontrar os bons caminhos percorridos por um filme, seja ele qual for. Esses caminhos vão, geralmente, servindo como um fio condutor que utilizo para equilibrar as críticas na tentativa de acrescentar à experiência do espectador, sugerir visões, prolongar o que foi assistido. Mas existem filmes que fazem dessa espécie de ato de fé um caminho impossível. Em 12 anos de crítica, estes devem ter surgido em uma média de dois por ano. Aqui no Canaltech, onde escrevo desde 2018, não consegui ativar a minha suposta benevolência em poucos textos, como aqueles sobre Rota de Fuga 2: Hades e The Silence. Foram poucos filmes do tipo em dois anos e três meses. O problema é que A Ilha da Fantasia já faz de 2020 um ano perigoso ao se juntar ao A Última Coisa que Ele Queria: ainda restararão oito meses para a média ser batida.

De todo modo, pode ser que essa produção da Blumhouse sirva, pelo menos, para direcionar seu público para a série homônima transmitida originalmente entre 1978 e 1984. Aquele programa, por mais que não seja uma obra-prima de sua época, tem seu nível de curiosidade e de personagens que conseguem causar alguma identificação e criar algum grau de importância. Há na série, mesmo assim, uma camuflagem sobre todo o sadismo que a direção do filme (de Jeff Wadlow – que poderia ser recorrente em suprimir minha bondade após Verdade ou Desafio) tenta refazer. O problema é que os planos que pouco conduzem a história junto à quase aleatoriedade da decupagem transformam o conjunto em uma massa desigual – ou igualmente tosca. É como pedir uma pizza, abrir a caixa e ver um pneu velho.

Mas não sem antes relinchar e melar de catarro equino a tela: com um diálogo que, novamente, parece se achar muito acima do que é, Brax faz outra revelação, a de que foi obrigado a tatuar algo que seria vergonhoso. Nesse ponto, eu já esperava uma tatuagem do pôster do filme ou algo metalinguístico do tipo, mas ele mostra uma tatuagem que o liga a um dos protagonistas da série (interpretado por Hervé Villechaize). E é incrível porque, mesmo depois de ter sido anulado durante quase duas horas, o filme tem seu desfecho anulado para todos os espectadores que não assistiram à série, além de quebrar, de novo, expectativas da maneira mais displicente possível. A Ilha da Fantasia é um coice.

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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech