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Vermes de Chernobyl são resistentes à radiação

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Março de 2024 às 11h08

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Sophia Tintori/NYU
Sophia Tintori/NYU

Os vermes parecem não se importar muito com a radiação ionizante ainda presente nos arredores da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Após o acidente em 1986, a região foi transformada na paisagem mais radioativa do planeta, o que provocou graves problemas de saúde aos humanos.

Passados quase 40 anos do acidente nuclear, a área de um raio de 30 quilômetros da usina continua abonada por causa dos níveis de radiação. O espaço é conhecido como Zona de Exclusão de Chernobyl. Apesar da ausência humana, a vida selvagem sobrevive, através de mecanismos pouco conhecidos. Por exemplo, as rãs mudaram de cor.

Buscando entender os efeitos da radiação nos vermes de Chernobyl, pesquisadores da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos, coletaram amostras e os analisaram em laboratório.

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A equipe esperava encontrar mutações genéticas e alterações no DNA que aumentassem a tolerância dos nematoides à radiação, como se a paisagem radioativa de Chernobyl os tivesse forçado a evoluir. No entanto, eles estavam enganados, e essas criaturas pouco se importam com a radiação local.

Entenda os vermes de Chernobyl

Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), o estudo envolveu a análise do DNA de 15 vermes microscópicos da espécie Oscheius tipulae. Estes foram coletados em pontos diferentes da Zona de Exclusão, variando de níveis insignificantes de radioatividade até locais de alta radiação — isso seria o equivalente ao nível de radiação encontrada no espaço, algo muito perigoso para os humanos.

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Em seguida, o genoma dos vermes de Chernobyl foram comparados com os de vermes de diferentes linhagens, mas da mesma espécie, coletados em outros países. O grupo controle não tinha sido exposto à radiação.

Resistentes à radiação

Segundo os autores, não foi possível detectar danos causados pela radiação nos genomas dos nematoides encontrados na Ucrânia. Eles são simplesmente resistentes à radiação, algo até então desconhecido.

“Isto não significa que Chernobyl seja segura — significa, muito provavelmente, que os nematoides são animais realmente resistentes e podem sobreviver a condições extremas”, afirma Sophia Tintori, pesquisadora da NYU e líder do estudo, em nota.

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Vale observar que, de modo diferente, os lobos da região parecem ter desenvolvido mecanismos próprios de resistência ao câncer associado com a radiação, conforme aponta outro estudo. Difrente dos vermes, a espécie precisou se adaptar à nova realidade, o que ocorreu através da seleção natural.

A descoberta mais recente pode ajudar em pesquisas futuras sobre o câncer, uma doença provocada por danos ao DNA. Entender o que leva os vermes a terem maior resistência gerará insights na busca por novos tratamentos.

Fonte: Pnas e NYU