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Técnica permite aprender novo idioma durante o sono

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Somnox Sleep/Unsplash
Somnox Sleep/Unsplash

É tentador pensar na possibilidade de aprender um novo idioma, enquanto se está dormindo. Hoje, não é possível ficar fluente em japonês ou mesmo em mandarim com aulas noturnas, mas dá para aprender algumas palavras, enriquecendo o vocabulário, como propõe técnica experimental.

"Embora seja possível aprender enquanto dormimos, seria mais apropriado considerar os nossos estados de vigília e sono como complementares [no processo de aprendizagem]”, afirma Matthieu Koroma, pesquisador da Universidade de Liège (Bélgica), em artigo para a plataforma The Conversation.

Para o especialista e um dos responsáveis pela nova técnica de aprendizagem de idiomas, o estudo passivo durante o sono é uma “ótima forma para consolidar informações recebidas enquanto estávamos acordados”.

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Aprender novos idiomas

Para validar formas de aprender um novo idioma, a equipe de pesquisadores foca inicialmente no ensino do japonês. Entre os critérios de escolha, estão: o número limitado de sílabas possíveis, a potencial proximidade dos sons com a língua francesa e a baixa abrangência de pessoas que conhecem esta língua.

“O japonês era a língua ideal para a experiência, uma vez que os ouvidos dos sujeitos seriam capazes de distinguir facilmente os seus sons [as sílabas], mas as palavras geralmente não teriam sentido para eles”, detalha Koroma.

No total, 22 adultos participaram do estudo que propôs o aprendizado do japonês, durante o sono, como foi descrito no artigo publicado na revista Frontiers in Neuroscience. Ninguém tinha conhecimento prévio desta língua e nem de outros idiomas originários da Ásia — o idioma nativo era outro.

Lições de japonês durante o sono

Enquanto estavam acordados, os voluntários foram expostos a pares de sons e imagens. Por exemplo, uma imagem de um cachorro com o som do animal latindo. Quando dormiram, o som foi novamente reproduzido, mas, desta vez, foi acompanhado pela palavra “inu”, que significa cachorro em japonês. 

Na manhã seguinte, os participantes tiveram que escolher entre duas imagens para encontrar a palavra correspondente em japonês. No caso de “inu”, a imagem correta seria o cachorro. Quando os voluntários acertavam a combinação, eles não sabiam explicar o porquê de suas respostas.

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Para Koroma, o experimento demonstrou ser viável o aprendizado durante o sono, mesmo que este seja lento e implícito, muito diferente do que ocorre quando uma nova palavra é aprendida durante o dia. Neste caso, o processo é mais rápido — aprender novas palavras acordado demanda 10 vezes menos repetições.

Cérebro funciona à noite?

Os achados desta pesquisa reforçam algo que a ciência já sabe há algum tempo: o cérebro não está inativo durante à noite e continua a reagir, quando recebe informações do mundo exterior.

Inclusive, os pesquisadores descobriram que sinais cerebrais específicos são emitidos, quando a probabilidade de aprendizado de uma nova palavra é elevada. Através de um aparelho de eletroencefalograma (EEG), é possível observar que as palavras que serão lembradas geram ondas mais lentas na região frontal do cérebro que as que serão esquecidas. Ainda não se sabe o motivo por trás dessa relação.

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Este é só o começo da pesquisa que busca tornar possível o aprendizado de um novo idioma durante o sono, mas as primeiras descobertas da técnica são promissoras, demonstrando que o cérebro se lembra do que escutou, mesmo que seja uma palavra nova.

Enquanto a estratégia é aperfeiçoada, é possível usar a tecnologia como aliada no aprendizado de uma nova língua. Inclusive, o Canaltech já compartilhou um especial com 17 comandos de texto, os chamados prompts, do ChatGPT para aprender inglês.

Fonte: Frontiers in Neuroscience e The Conversation