Raios cósmicos podem ajudar a prever terremotos?
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Pesquisadores da Academia de Ciências da Polônia estão investigando como a intensidade da radiação cósmica registrada na superfície da Terra pode ajudar a prever onde e quando terremotos podem acontecer. Se confirmado, o método pode ajudar a reduzir os danos causados por fortes tremores.
Para verificar a hipótese de previsão dos terremotos por meio da radiação cósmica, eles criaram o projeto internacional CREDO (Cosmic Ray Extremely Distributed Observatory). Análises estatísticas já mostraram uma relação entre os dois fenômenos, mas os membros descobriram que isso acontece por meio de características inesperadas.
O projeto é um observatório de raios cósmicos, que coleta e processa dados de diferentes detectores. Uma das tarefas principais dele é monitorar mudanças globais no fluxo da radiação cósmica secundária, vinda das partículas da radiação primária colidindo com moléculas da atmosfera.
As correntes observadas no núcleo líquido do nosso planeta formam o campo magnético da Terra, que desvia as trajetórias das partículas da radiação primária. Então, se grandes terremotos estiverem ligados às perturbações no fluxo da matéria que gera o dínamo do nosso planeta, as perturbações iriam afetar o campo magnético terrestre.
As perturbações devem afetar também as trajetórias das partículas da radiação primária, e o efeito aconteceria de acordo com a dinâmica delas no interior da Terra. Portanto, os detectores em solo devem encontrar números inesperados de partículas de raios cósmicos secundários.
Os membros do projeto analisaram a intensidade de raios cósmicos de duas estações. Eles trabalharam com diferentes técnicas, e encontraram uma relação clara entre as mudanças da intensidade da radiação secundária e a força de terremotos com magnitude igual ou maior que 4.
A relação ficou aparente só quando os dados dos raios cósmicos foram adiantados em 15 dias em relação aos dados sísmicos. Para os autores, esta é uma boa notícia, porque sugere a possibilidade de detectar terremotos com antecedência significativa. Por outro lado, as análises não revelaram se seria possível determinar onde os tremores aconteceriam.
Segundo eles, as relações entre as mudanças de intensidade dos raios cósmicos e terremotos não foram aparentes nas análises em locais específicos. Elas apareceram somente quando a atividade sísmica foi considerada em escala global. “Temos uma base estatística muito boa para afirmar que descobrimos um fenômeno verdadeiramente existente, mas a pergunta é: é isso que esperávamos?”, questionou Dr. Piotr Homola, um dos autores do estudo.
Ele destaca que, independentemente da origem das periodicidades observadas, o mais importante é terem demonstrado a ligação entre a radiação cósmica na superfície da Terra e a atividade sísmica. “Se há algo que podemos ter certeza, é que a nossa observação aponta para novas e empolgantes oportunidades de pesquisa”, finalizou.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics.
Fonte: Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics; Via: Phys.org