Pegadas revelam que dinossauros usavam asas para correr, não para voar
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Uma equipe multidisciplinar de cientistas descobriu que um pequeno dinossauro do Cretáceo, do tamanho de um pardal, usava as asas para correr mais rápido — e, provavelmente, não voava com elas. Publicada na revista científica P. of the National Academy of Sciences, a pesquisa é importante pelo fato do extinto animal não ter parentesco com os pássaros modernos, e, mesmo assim, possuir asas com penas.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Penas de dinossauro mostram maior semelhança com pássaros do que se pensava
- Dinossauro-pássaro que viveu há 90 milhões de anos é descoberto na Patagônia
O achado foi possível porque o antigo réptil deixou pegadas na lama na Formação Jinju, na Coreia do Sul, em uma trilha curiosa: a distância entre cada passo era bem grande, incompatível com o tamanho do dinossauro, que media entre 25 e 31 centímetros, apenas. Os rastros possuem cerca de 106 milhões de anos.
Asas para quem tem
O pequeno dinossauro da pesquisa é chamado de Dromaeosauriformipes rarus, da linhagem pré-aviana (antes dos ancestrais dos pássaros). Analisando a distância das passadas em relação ao tamanho dos músculos das pernas do réptil, determinou-se que ele não teria conseguido correr rápido o bastante para espaçar tanto seus passos sem ajuda.
Essa ajuda veio, muito provavelmente, de asas — o pequeno animal correu a 38 km/h para conseguir fazer passadas tão longas. A questão é que, além disso, as pegadas desaparecem subitamente, indicando que o dino ou estava decolando, pousando ou simplesmente batendo as asas como modo de se propelir em solo. Não é sabido, portanto, se ele voava, embora saibamos que ele tinha penas.
O achado engrossa teorias de que o surgimento do voo não foi um acontecimento linear, mas sim que evoluiu independentemente em vários animais. Se um dia for provado que o D. rarus voava, isso mostraria que os dinossauros com penas fora da linhagem aviana podiam mesmo voar, sendo possível, nesse caso, que a espécie estudada seria uma precursora do voo em dinos não-avianos.
Fonte: PNAS, Universidade McGill