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Neurônios são responsáveis pela compulsão alimentar, mesmo sem fome

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Abril de 2024 às 13h43

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Ktsimage/Envato Elements
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A ciência está mais próxima de entender as origens da compulsão alimentar e dos transtornos alimentares, após descobrir acidentalmente como funciona um grupo de neurônios escondido nas profundezas do cérebro. Quando estas células cerebrais são ativadas, os camundongos buscam desesperadamente por comida, mesmo sem fome.

A nova compreensão sobre a função dos neurônios presentes na substância cinzenta periaquedutal do cérebro, as células Vgat periaquedutais, foi revelada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) e da Universidade Federal do ABC (Ufabc).

Neurônios e a compulsão alimentar

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Este tipo de neurônio encontrado na substância cinzenta periaquedutal já era conhecido pelos pesquisadores. Inclusive, estão presentes em outras áreas do cérebro e até na medula espinhal. No entanto, eram associados com outras funções, como modulação do humor, do sono, da ansiedade e da resposta ao estresse. É a primeira vez que são relacionados à compulsão alimentar, ainda mais neste ponto específico.

Tanto é que “estávamos investigando os neurônios da substância cinzenta periaquedutal com interesse na questão ansiedade e não em alimentação”, afirma Fernando Reis, neurocientista e pesquisador da Ucla, para a Agência Fapesp.

Para ser preciso, a ideia inicial era compreender como a ativação desses neurônios provocava reações de medo e pânico. No entanto, os rumos do estudo, publicado na revista Nature Communications, começaram a mudar quando uma reação inesperada foi identificada: a busca desenfreada por alimentos.

Impulso por comida, sem fome

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Durante os experimentos, os pesquisadores descobriram que, mesmo em roedores completamente saciados, a ativação desse grupo de neurônios provocou um comportamento típico de quem tem compulsão alimentar: a busca por mais comida, mesmo sem fome.

De forma oposta, alguns animais foram deixados sem comida e, consequentemente, com fome. No entanto, a inativação desses neurônios fez com que eles comessem menos que o esperado, quando receberam alimentos.

Superando obstáculos por nozes

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Nos testes, os roedores até superaram obstáculos para alcançar comida, quando a região do cérebro era ativada. Por exemplo, subiram uma grade com arames, que dava choques de baixa intensidade, em busca de nozes. 

Outro fato curioso é que os camundongos, aparentemente, gostaram deste tipo de estimulação cerebral. Os animais “ficavam mais tempo do lado da caixa onde recebiam estímulos para ativar as células Vgat periaquedutais”, conta Reis. “Acreditamos que a busca descontrolada por comida produz sensações positivas, agradáveis e prazerosas, de recompensa”, sugere.

Descoberta é válida para humanos?

Embora o mecanismo que estimula a compulsão alimentar tenha sido demonstrado nos roedores, não é possível afirmar, com certeza, que a ativação desses neurônios produz a mesma reação no cérebro humano. Também não se sabe quais gatilhos ativam esses neurônios naturalmente, sem indução externa.

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Como o atual experimento foi desenhado, ele não pode ser replicado com voluntários humanos. No entanto, “estudos futuros poderão mostrar se a ativação dessas células periaquedutais em macacos induz a busca por comida, o que sugeriria que algo similar acontece em humanos”, afirma Avishek Adhikari, pesquisador da Ucla e outro autor do artigo.

Fonte: Nature Communications e Agência Fapesp