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Genoma das bananas indica 3 espécies da fruta que ainda são desconhecidas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Vmariia/Envato
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Cientistas estão chegando perto de desvendar alguns segredos sobre a evolução das bananas, e, possivelmente, de encontrar espécies selvagens que podem ajudar a preservar a espécie. Sim — as bananas podem estar muito ameaçadas. Isso porque a maioria delas consumida hoje são clones de uma mesma variedade, doce e sem sementes. Mas nem sempre foi assim.

Há mais de 7.000 anos, comunidades da Oceania começaram a selecionar o cultivo da Musa acuminata selvagem, escolhendo as características que melhor lhes agradava. Foi assim que chegamos ao estado atual da fruta, que, por mais gostosa que seja, fica à mercê de doenças: caso uma praga generalizada sem instale, não é difícil perdermos todos os pés, já que não há variabilidade genética no cultivo.

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Estudando o genoma das bananas

Observando o genoma de cultivares (variedades) de banana e seus parentes selvagens, no entanto, mostrou que outras espécies contribuíram para o desenvolvimento da que predomina atualmente: há evidências de 3 espécies ainda não descritas ou subespécies escondidas por entre as variedades que consumimos.

Variedades diferentes de banana podem ter duas, três ou quatro cópias de cada cromossomo — respectivamente, sendo diploides, triploides ou tetraploides —, o que torna difícil entender a história evolutiva da fruta. Com sequenciamento genético, os cientistas identificaram os genes de 226 extratos de folha de bananeira diferentes. Foi montada uma árvore genealógica dos ancestrais das bananas, comparando subespécies selvagens e domesticadas.

Assim, notou-se que a maioria das espécies diploides de banana cultivadas hoje em dia, que descendem da M. acuminata selvagem, são híbridas entre subespécies diferentes. Pelo menos 3 ancestrais misteriosos contribuíram para o genoma misturado da fruta, há milhares de anos. Dizemos "misteriosos" porque eles nunca foram identificados pela ciência.

Ou, acreditam os cientistas, 2 destes 3 ancestrais podem ser os mesmos identificados em outras análises genéticas anteriores, mas que passaram batido, já que apenas atualmente conseguimos informações sobre as lacunas na árvore genealógica das bananas. Ainda há espécies ou subespécies nunca descritas pela ciência, mas isso não quer dizer que elas não existam mais.

Os pesquisadores creem que elas possam estar em estado selvagem, mal descritas pela ciência ou sequer descritas: se esse for o caso, elas estão provavelmente ameaçadas. Comparando espécies, chegou-se à conclusão de que as variedades misteriosas devem estar em alguns lugares específicos do planeta. Uma está, provavelmente, entre o Golfo da Tailândia e o oeste do Mar do Sul da China, outra entre o norte de Bornéu e as Filipinas, e a última na ilha de Nova Guiné.

Encontrar tais variedades, segundo os cientistas, é urgente. Isso nos permitirá preservar a biodiversidade oferecida pela sua variabilidade genética e cultivar bananas melhores no futuro, ou seja, mais resistentes a pragas e doenças infecciosas. Quem cultiva variedades diploides da planta precisa entender sua composição genética, e a pesquisa é um grande passo na caracterização de muitos desses cultivares.

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Fonte: Frontiers in Plant Science