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Extinto tigre-da-tasmânia pode ser recriado a partir de amostras de RNA

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Setembro de 2023 às 10h06

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Ben Sheppard/Libraries Tasmania/Wiki Commons
Ben Sheppard/Libraries Tasmania/Wiki Commons

A recuperação de espécies extintas está mais próxima de se tornar realidade com a extração da primeira amostra de RNA do tigre-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus), também conhecido como tilacino ou lobo-da-tasmânia. O último espécime vivo morreu no ano de 1936 em um zoológico na Austrália.

A partir do material genético do animal já extinto, complementado com informações genéticas obtidas através de uma espécie marsupial viva com DNA semelhante, o foco de uma equipe internacional de cientistas é recriar um híbrido do tigre-da-tasmânia. Esforços semelhantes são feitos com o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius) e o dodô (Raphus cucullatus).

Entenda o que é um tigre-da-tasmânia

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Apesar do tilacino ser constantemente chamado de lobo ou tigre — neste último caso, a confusão se dá por causa de suas listras nas costas —, o animal é, na verdade, um marsupial. Em outras palavras, um tipo de mamífero que termina de criar os seus filhotes, nascidos precocemente, em uma bolsa, como cangurus, gambás, diabos-da-tasmânia e coalas.

Antes de ser extinto, o tigre-da-tasmânia era encontrado por toda a Austrália, incluindo a ilha da Tasmânia — este foi o último lugar em que o animal era encontrado livre, na natureza, apesar da perseguição humana. Por isso, caso os planos de recriar a espécie em laboratório funcionem, o animal seria reintroduzido exclusivamente nessa região australiana.

A vantagem é que esse habitat natural ainda está majoritariamente preservado, e a sua reintrodução poderia ajudar a recuperar os equilíbrios do ecossistema perdidos após o seu desaparecimento nos anos 1930.

Descoberta do RNA em tilacino com mais de um século

Talvez, o aspecto mais interessante na busca pela criação de um novo tigre-da-tasmânia é que a qualidade do material genético encontrado para uma empreitada dessa nunca foi tão boa — os mamutes e os dodôs estão extintos há muito mais tempo. No caso do tilacino, a base de pesquisa foi um espécime, com mais de um século de idade, empalhado e preservado em temperatura ambiente no Museu Sueco de História Natural, em Estocolmo.

Através da iniciativa, foi possível isolar e sequenciar moléculas de RNA, o que permitiu a reconstrução de transcriptomas de pele e músculo esquelético de uma espécie extinta pela primeira vez na história. Aqui, vale detalhar que um transcriptoma é definido como um conjunto completo de transcritos, como RNAs mensageiros, RNAs transportadores, RNAs ribossômicos e os microRNAs, de um tecido.

Descrito em artigo publicado na revista científica Genome Research, o achado é fundamental para a recriação do tigre-da-tasmânia. Isso porque, se a ideia é ter um animal funcional e vivo, não basta ter apenas o DNA da espécie.

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É preciso compreender a dinâmica de expressão genética específica do tecido e de como funcionava essa regulação genética, que só são alcançáveis ​​através do estudo do transcriptoma, ou seja, do RNA. No caso do tilacino, foi possível identificar os RNAs codificadores de proteínas específicas dos músculos e da pele.

“Ressuscitar o tigre-da-tasmânia ou o mamute-lanoso não é uma tarefa trivial e exigirá um conhecimento profundo da regulação do genoma e do transcriptoma de espécies, algo que só agora começa a ser revelado”, afirma Emilio Mármol-Sánchez, pesquisador da Universidade de Estocolmo e principal autor do estudo, em nota. Este é, sem dúvidas, um bom presságio para a pesquisa que pode revolucionar o conhecimento sobre espécies extintas.

Fonte: Genome Research e Universidade de Estocolmo