Elefantes chamam uns aos outros pelo "nome"
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 11 de Junho de 2024 às 15h48
![Eric Heininger/Unsplash](https://t.ctcdn.com.br/WH20enPNFdC5FNY3t4Ceu1rXB84=/640x360/smart/i904317.png)
Olha que coisa mais curiosa: os elefantes chamam uns aos outros pelo “nome”! É o que revela um estudo da Nature Echology & Evolution, divulgado na última segunda-feira (10). Esses nomes são estrondos baixos e complexos que podem ser ouvidos a longas distâncias, segundo biólogos do Warner College of Natural Resources da Colorado State University.
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O estudo descreve como os especialistas usaram técnicas de machine learning para detectar esses estrondos em gravações feitas em uma reserva natural do Quênia.
O próximo passo envolveu testar seus resultados reproduzindo os sons para elefantes individualmente. Em resposta, eles bateram as orelhas e levantaram a tromba aos sons que condiziam com o nome.
Os autores explicam que metade desse som está abaixo do nosso nível de audição, então não conseguimos ouvir. Por conta disso, eles precisaram usar um microfone especial para gravar os sons.
Elefantes usam sons como nomes
Os pesquisadores seguiram os elefantes em jipes para observar quem soltava esse estrondo e quem parecia responder, e notaram duas ocasiões.
Na primeira ocasião, a matriarca do grupo fez um som e todo o grupo de elefantes respondeu e se reuniu em torno dela, ou a seguiu. No entanto, na segunda, há um chamado em que ninguém responde ou reage, exceto um único elefante.
Isso indica que eles têm algo semelhante a um nome: um meio de se comunicar diretamente com quem desejam.
“Nossos dados sugerem que os elefantes podem rotular membros da mesma espécie sem depender da imitação dos chamados do receptor, um fenômeno anteriormente conhecido por ocorrer apenas na linguagem humana”, afirma o estudo.
Os próximos passos envolvem mais pesquisas, principalmente o contexto social e a estrutura acústica desses chamados. “Isso pode esclarecer por que os elefantes e os humanos desenvolveram esses vocais, em contraste com outras espécies”, complementam os autores.
“Os nossos resultados também têm implicações significativas para a cognição dos elefantes, uma vez que inventar ou aprender sons para se dirigirem uns aos outros sugere a capacidade para algum grau de pensamento simbólico”, concluem.
Além dos elefantes, alguns animais também usam esse tipo de som único, como é o caso do golfinhos e dos papagaios. Os pesquisadores reconhecem que a descoberta representa apenas a “ponta do iceberg” do quão complexa deve ser a comunicação da espécie em questão.
Fonte: Nature Echology & Evolution