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Como as baratas sobreviveram ao asteroide que extinguiu os dinossauros?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Abril de 2022 às 15h37

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twenty20photos/Envato
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Há 66 milhões de anos, um asteroide de pelo menos 10 km de extensão colidia com a terra — gerando a cratera de Chicxulub —, matando três quartos de todas as plantas e animais da terra com um enorme terremoto, erupções vulcânicas e muitos outros efeitos secundários do impacto. Alguns animais, no entanto, sobreviveram, como os dinossauros que evoluíram para se tornar as aves modernas e, é claro, as baratas.

Para resistir a inseticidas, chineladas e toda sorte de tentativas de extermínio atualmente utilizadas pelos humanos em suas casas, as baratas tiveram de sobreviver a desafios muito maiores no final do período Cretáceo. Estudando as características desses insetos, podemos entender como eles puderam se safar de um cenário nada menos do que apocalíptico há milhões de anos.

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Baratas: chatas e cascas-grossas

Quem já enfrentou uma barata no piso de casa sabe: ela é um animal achatado, característica que a permite se esgueirar e esconder em praticamente qualquer lugar. Isso ajudou na hora de escapar do calor incrivelmente alto que se seguiu ao impacto do asteroide na Terra, já que o inseto pôde entrar em fendas mais frescas no solo.

Mais tarde, a poeira jogada na atmosfera foi tanta que a luz solar teve dificuldade de chegar até o chão, comprometendo o crescimento e sobrevivência de plantas e organismos que dependiam delas. Mas as baratas não eram esses organismos. Elas são onívoras, ou seja, comem de tudo e mais um pouco: além de restos de animais e plantas, são capazes de ingerir papelão, alguns tipos de tecido e até mesmo fezes. Não ser enjoada para comida ajudou — e muito — no período da extinção da maioria das outras espécies e desastres naturais generalizados.

Além disso, elas vêm protegidas desde a infância: os ovos de barata são postos em estojos secretados por elas, chamados de ootecas. Parecidas com um feijão seco, as ootecas são duras e protegem o que estiver dentro delas de dano físico e mesmo situações como enchentes e secas. Alguns dos insetos da época podem ter esperado as catástrofes do Chicxulub passarem dentro de suas ootecas — as baratas modernas conseguem ficar até três meses sem comida e três dias sem água.

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Baratas da vida moderna

Depois de sobreviver a tamanha catástrofe, atualmente as baratas enfrentam a ira doméstica humana. Elas conseguem viver em qualquer lugar do planeta, tanto no calor dos trópicos quanto no frio dos países mais setentrionais, com mais de 4.000 espécies diferentes por aí.

Algumas delas gostam de viver entre os humanos, muitas vezes se tornando uma peste — é difícil limpar uma construção de todas as baratas e suas ootecas. Entre as doenças que elas causam a nós humanos, há alérgenos que desencadeiam ataques de asma e reações alérgicas em algumas pessoas.

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Elas conseguem resistir a muitos inseticidas químicos, além de ter as habilidades de sobrevivência de seus ancestrais do Cretáceo que os ajudaram a superar os dinossauros. Com isso, é fácil considerar as baratas como uma peste, mas elas não são apenas isso: cientistas as estudam para entender como se movem e como é o design de seus corpos como inspiração na construção de robôs, por exemplo.

No fim das contas, as baratas estão muito melhor equipadas do que nós para qualquer catástrofe, e provavelmente sobreviverão ao próximo meteoro, enchente, ou qualquer apocalipse que você consiga imaginar para, no futuro, se tornar o inquilino doméstico da próxima grande civilização da Terra.

Fonte:  The Conversation