China começa a cavar poço de 10 km de profundidade na crosta terrestre
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Foram iniciadas, na China, escavações que planejam chegar a 10 km crosta adentro, trabalho que tem objetivos tanto científicos quanto econômicos. Segunda maior economia do mundo, o país possui diversas regiões ricas em petróleo, um dos materiais visados pela perfuração. De acordo com o periódico oficial Xinhua, a operação começou na última terça-feira (30).
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Na mesma manhã, a China enviou o primeiro taikonauta (como são chamados os astronautas do país) civil ao espaço, lançamento que ocorreu no Deserto de Gobi, o que mostra a diversidade de iniciativas do gigante asiático.
Por que a China está cavando tão fundo?
A escavação será a mais profunda da região de Xinjiang, rica em petróleo, perfurando mais de 10 estratos continentais — ou seja, camadas de rocha — e chegando ao sistema cretáceo da crosta da Terra, que contém rochas de até 145 milhões de anos.
À Xinhua, o cientista Sun Jinsheng, da Academia Chinesa de Engenharia, comparou a dificuldade do projeto a dirigir um caminhão enorme apoiando as rodas em dois cabos finos de aço. Um dos aspectos difíceis é o diâmetro do poço, que deverá ser bastante estreito.
Do ponto de vista científico, o empreendimento buscará trazer informações sobre a estrutura interna do planeta, ao mesmo tempo que testa tecnologias de perfuração subterrânea para a China National Petroleum Corp., que encabeça a iniciativa. Espera-se que os trabalhos ocorram dentro de 457 dias.
O presidente do país, Xi Jinping, pediu por maiores progressos na exploração profunda da Terra em um discurso direcionado aos cientistas mais importantes da China, em 2021. Trabalhos como esse podem identificar minerais e fontes de energia subterrâneas e ajudar a avaliar o risco de desastres ambientais ligados à crosta, como terremotos e erupções vulcânicas, por exemplo.
A maior perfuração do mundo continua sendo o Poço Superprofundo de Kola, na Rússia, que chegou à profundidade de 12.262 metros em 1989, após 20 anos de escavações pela então União Soviética. Ele também é o ponto artificial mais profundo da Terra, nunca tendo o recorde quebrado, mesmo que o objetivo tenha sido chegar a 15.000 metros. Problemas técnicos levaram à interrupção dos trabalhos em 1992, sem conseguir atingir maiores profundidades.
Fonte: Xinhua News Agency, Bloomberg