Camada escondida abaixo da crosta terrestre ajuda a compreender a astenosfera
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper | •
Um estudo recente publicado na revista Nature Geoscience forneceu uma nova compreensão da astenosfera — camada de rochas parcialmente derretidas localizada logo abaixo da crosta terrestre. O que parecia ser uma estrutura mais sólida é, na verdade, mais fluída do que os cientistas pensavam.
Quanto mais fundo no planeta, mais difícil é saber exatamente o que está acontecendo lá. A astenosfera corresponde à porção superior do manto terrestre, localizada abaixo da litosfera, entre 80 e 200 km de profundidade. E mesmo ela sendo uma das mais externas do globo, ainda há muito que não sabemos sobre esta camada.
Pesquisadores da Universidade do Texas conseguiram identificar uma seção nesta camada com fluidez e densidade distintas — o que pode influenciar na propagação de ondas sísmicas através dela. Essa descoberta adiciona detalhes ao entendimento que a ciência tem dos fatores que influenciam o movimento de placas tectônicas.
Outros estudos já haviam apontado para certos locais com maior derretimento de rochas, como o que foi observado nesta pesquisa. Contudo, ainda não se tinha ideia do quão amplo poderia ser esse fenômeno. Para responder esta questão, o geofísico Thorsten Becker e seus colegas usaram dados de estações de pesquisa ao redor de todo o globo.
Das estações, os cientistas emitiram ondas até a astenosfera, monitorando sua propagação. Eles notaram uma redução de velocidade considerável na camada em questão, sugerindo que essa porção estivesse mais derretida que outras partes.
A partir destes dados, foi possível criar um mapa global da composição da astenosfera. O curioso é que ele não está exatamente alinhado com o mapa de placas tectônicas. Embora esta relação ainda não esteja clara, os resultados devem contribuir para as próximas pesquisas neste campo.
Fonte: Nature Geoscience Via: University of Texas