Arqueólogos encontram médico do século 1 enterrado com seu equipamento
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Arqueólogos da Universidade Eötvös Loránd e do Museu Jász descobriram o túmulo de um médico romano de 2.000 anos atrás, próximo à cidade de Jászberény, na Hungria. Além dos restos mortais do antigo profissional da saúde, a cova também continha seus instrumentos de trabalho em bom estado de preservação, um achado incrivelmente raro.
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A escavação encontrou o médico milenar em 2022, quando o local foi identificado por uma pesquisa de campo utilizando um magnetômetro, método que detecta e mapeia pequenas mudanças no campo magnético da terra, causadas por características naturais e não naturais sob o solo. Um cemitério do período Avar — império de origem asiática que reinou nos Bálcãs durante o século VII — e diversos pequenos itens de uma cova rasa datada do 1º século d.C., idade identificada por análise de radiocarbono.
Bolsa médica romana
Ao analisar os itens com cuidado, os pesquisadores determinaram serem de origem romana, guardados em duas caixas de madeira aos pés dos restos mortais de um médico da época. Feitos de metal, os artefatos consistem em um fórceps, agulhas, pinças e bisturis de alta qualidade, adequados para intervenções cirúrgicas. Estes últimos eram minuciosamente decorados, feitos de cobre, e suas lâminas eram substituíveis.
Além disso, havia uma pedra de moer entre os objetos, colocada entre os joelhos do médico. Segundo os cientistas, ela pode ter sido usada para triturar e misturar ervas e outras substâncias de uso médico. O achado não só está muito bem preservado, mas também é importante por nos dizer muito sobre a época.
A único outro kit médico da época a ser encontrado completo estava em Pompeia, o que demonstra a raridade do achado. E não é só o período histórico que traz importância para os artefatos, mas também o local — Jázság, no 1º século, abrigava populações sármatas, povo de origem celta, que estava sendo incorporado à província romana da Panônia.
Médico de renome
O fato de um médico com equipamento de ponta, chegando a ser prestigioso, visitar a região é curioso para a arqueologia. Segundo os pesquisadores, o profissional bem-equipado recebeu treinamento provavelmente em outro lugar do império, e teria visitado a região para tratar alguém importante, como um governador local ou membro da nobreza.
O túmulo foi muito pouco perturbado ao longo da história, e acredita-se que o homem nele enterrado estava entre os 50 e 60 anos. A causa de sua morte não é conhecida, o que deve ser descoberto por análises genéticas e isotópicas posteriores no esqueleto. Os cientistas esperam determinar, também, se o sujeito era um local ou um romano vindo de fora da Panônia.
Fonte: Universidade Eötvos Loránd