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Análise de crocodilo mumificado revela detalhes de antigo ritual egípcio

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Alensha/CC-BY-3.0
Alensha/CC-BY-3.0

Pesquisadores descobriram, em uma múmia de crocodilo de 3.000 anos atrás, restos ainda não digeridos de sua última refeição — e um anzol egípcio no interior do peixe que o animal comeu. O achado também revelou mais sobre o modo com que os egípcios faziam suas oferendas.

Para a sorte dos cientistas, os antigos não removeram os intestinos do crocodilo no processo de mumificação, como era comum à época. Com isso, radiografias 3D permitiram analisar seu interior de maneira não invasiva e mostrar tanto as práticas do animal quanto dos humanos que o capturaram.

Anzóis e rituais egípcios

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O estudo foi liderado por arqueozoólogos da Universidade de Manchester, e levaram à nomeação do espécime como Múmia de Crocodilo 2005.335. Descobriu-se que o animal ingeriu pedras para ajudar em sua digestão, mas elas sequer chegaram ao seu estômago antes da morte.

Outro crocodilo mumificado estudado em 2019 também tinha condições semelhantes, com o estômago ainda guardando ovos, um inseto, um roedor, ossos de peixe e penas.

Como a última refeição e a hora da morte têm pouca diferença de tempo em ambos os casos, acredita-se que os animais tenham sido caçados intencionalmente, especialmente para rituais religiosos. Os egípcios do passado veneravam os crocodilos como representantes do deus Sobek, o Senhor do Nilo.

Como eram predadores do topo da cadeia na região, eles eram vistos como perigosos, mas também eram símbolo de proteção contra o mal e influências negativas em geral. Curiosamente, os crocodilos também eram símbolo de fertilidade, provavelmente pelo seu cuidado carinhoso com os filhotes. Uma população saudável do réptil era, então, vista como um bom presságio para a agricultura.

Os cientistas também recriaram o anzol encontrado no peixe não digerido em 3D. É provável que os egípcios tenham usado um molde de argila endurecida para derramar o bronze derretido por carvão, o que não difere muito dos métodos atuais.

A réplica será exposta em um museu. Além dessas criaturas, os egípcios também mumificavam escaravelhos, íbis e filhotes de gatos e cachorros — estima-se haver até 70 milhões de animais sacrificados como oferendas aos deuses no Egito Antigo.

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Fonte: Digital Applications in Archaeology and Cultural Heritage