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Adaptação humana ao clima pode não ser tão eficiente assim, segundo a ciência

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Novembro de 2022 às 19h00

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twenty20photos/Envato
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Nova pesquisa genética revela que os humanos podem ser tão vulneráveis às mudanças climáticas quanto outros animais; nós apenas não havíamos encontrado sinais de grandes adaptações evolutivas até o momento. Cientistas investigaram o DNA de mais de 1.000 pessoas que viveram na Europa e Ásia nos últimos 45.000 anos para encontrar sinais de "grandes varreduras", quando uma variante genética rara toma conta de uma população, e encontraram 50 delas.

As grandes varreduras geralmente ocorrem quando uma mudança nas condições ambientais acontece e levam à extinção dos indivíduos que não têm uma variante genética mais vantajosa, como uma que garante maior proteção ao frio: o acontecimento é parte da seleção natural de Darwin. A maior delas foi identificada em uma população fazendeira da Anatólia, uma região genética associada com o sistema imune MHC-III.

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Buscando genes escondidos

Embora já houvéssemos notado varreduras em outras espécies, os humanos haviam passado batidos até agora. Os pesquisadores acreditam que a miscigenação populacional frequente dos últimos 8.000 anos tenha escondido os traços desses grandes eventos genéticos do passado.

Uma das vantagens principais dos humanos fica nas inovações culturais, como o fogo e as roupas, que nos ajudaram a superar as condições de inúmeros ambientes diferentes, de matas tropicais a tundras. No entanto, parece que elas não foram suficientes para nos garantir a sobrevivência sob a pressão das condições climáticas. A variedade genética teve que intervir para nos deixar sobreviver.

Indivíduos com variações genéticas mais vantajosas para a sobrevivência acabam tendo mais filhos, tornando esses genes mais comuns nas gerações seguintes. Em plantas e animais, grandes eventos onde variações se tornaram dominantes são óbvios através de análises estatísticas, mas nos humanos, não. O papel da cultura ou de variações moderadas, sutis e difíceis de detectar eram teorias que abarcavam essa raridade.

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Com técnicas mais modernas de coleta de DNA, no entanto, foi possível começar a estudar o genoma de populações eurasianas dos últimos 10.000 anos. À época, no fim da última Era Glacial, havia muito mais variedade genética entre os povos humanos, majoritariamente caçadores-coletores. Eles eram tão diferentes quanto as populações modernas do oeste europeu e leste asiático.

Nos últimos 8.000 anos, essas diferenças foram diluídas a partir de diversas migrações e eventos de miscigenação, deixando a população europeia extremamente homogênea. Teorizando que isso pudesse ter escondido os sinais de grandes varreduras genéticas, cientistas analisaram mais de 1.000 genomas antigos, após algumas simulações em computador. O genoma mais antigo analisado tinha 45.000 anos.

Sinais de seleção natural mostraram que o DNA antigo tinha muitos sinais de grandes varreduras a mais do que o DNA moderno, com eventos mais recentes mais suscetíveis ao apagamento, já que eram raros ou até ausentes em pelo menos uma das populações em miscigenação. Com esses eventos vindo à tona, fica mais claro que não somos tão diferentes dos outros animais, afinal.

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Grandes eventos genéticos como esses têm sido encontrados tanto em humanos quanto em outras formas de vida com maior frequência, sugerindo serem razoavelmente comuns na natureza. As adaptações das espécies ao ambiente poderão ser melhor entendidas ao estudar o DNA e utilizar métodos estatísticos, segundo os cientistas: até agora, tivemos uma visão enviesada de como a pressão ambintal força adaptações.

Fonte: The Conversation, Nature Ecology & Evolution