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A teoria de que a vida pode ter surgido por causa da entropia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 25 de Abril de 2024 às 06h00

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Vecstock/Freepik
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Teorias para a origem da vida não faltam, indo de fontes hidrotermais a sopas primordiais, já que não há como saber como os seres vivos surgiram. Mudando um pouco de perspectiva, uma equipe de pesquisadores buscou não a maneira, mas os motivos que levaram ao surgimento da vida — e chegou a uma teoria bastante curiosa envolvendo a entropia e suas consequências.

Tudo começou com o físico estadunidense Jeremy England. A entropia é definida como a medida da desordem de um sistema, basicamente: quando ela é alta, é possível mudar os componentes do sistema sem modificá-lo, por exemplo.

De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, tudo tende à entropia — ou, em outras palavras, a entropia de um sistema fechado sempre aumenta, tendendo à desordem. A questão é que certas coisas no universo ficam em um estado de baixa entropia. A vida é uma dessas coisas.

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A entropia e a vida

A vida não viola a Segunda Lei da Termodinâmica porque coleta a energia do ambiente e a gasta para diminuir sua própria entropia. Quando construímos um boneco de massinha, por exemplo, criamos ordem de forma temporária, sendo que a entropia desorganizará tudo novamente no futuro. O sistema como um todo continua tendendo à entropia enquanto a vida temporariamente a evita.

Quem começou a trabalhar com essa lei estatística foi Rudolf Clausius, que percebeu que o fluxo de calor de corpos mais quentes para corpos mais frios não pode ser revertido. A vida — e formas semelhantes à vida — surgem em sistemas caóticos e complexos como uma forma de distribuir calor para o ambiente com alguma eficiência. A vida seria, portanto, uma consequência da entropia.

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England e equipe, então, simularam uma sopa de 25 substâncias químicas em diferentes concentrações e níveis de energia aplicados para verificar como as reações químicas ocorreriam, de maneira “forçada”. É como quando a luz solar faz o ozônio ser produzido na atmosfera, por exemplo. Os resultados mostraram que sistemas estáveis acabam se adequando aos estímulos externos.

Embora algumas “sopas” tenham tendido ao equilíbrio, sistemas mais extremos geraram uma otimização “espontânea”, rearranjando a si mesmos até se tornarem estruturas complexas capazes de lidar com o ambiente e distribuir calor mais eficientemente. Trabalhos seguintes confirmaram a tendência da organização para “gerar desordem a partir da ordem”.

É claro, o ambiente é pequeno e não consegue reproduzir a complexidade enorme da vida em nosso planeta, mas leva à frente uma teoria muito interessante acerca da vida, que poderia ser resultado, simplesmente, das leis da física — o que significa que o universo pode ter vida em mais lugares do que pensávamos. Há, no entanto, muito a ser estudado sobre o tema.

Fonte: Physical Sciences, Physical Review Letters