Nova Lei da Natureza explica como tudo evolui no universo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
A “Lei do Aumento da Informação Funcional” foi, pela primeira vez, descrita por um grupo de astrônomos, geólogos, biólogos e filósofos, e busca explicar o porquê da evolução não se limitar aos organismos vivos e nem ao planeta Terra. Na verdade, esta nova lei da natureza se propõe a entender o que faz tudo — sim, tudo — evoluir, o que inclui os minerais e os átomos.
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O novo conceito deve se juntar às outras leis da natureza mais conhecidas, como a que estabelece o movimento, a gravidade, o eletromagnetismo e a termodinâmica, por exemplo. Em comum, todas codificam o comportamento geral de vários sistemas naturais macroscópicos através do espaço e do tempo.
Em especial, a nova lei tem afinidade com a Teoria da Evolução, de Charles Darwin, no sentido de buscar entender como e por que as coisas evoluem. A diferença é que a Lei do Aumento da Informação Funcional é mais abrangente, já que se aplica àquilo que não tem vida e complementa questões da termodinâmica.
Por que ter uma nova lei da natureza?
"As leis naturais que conhecemos hoje ainda não podem explicar uma característica surpreendente do nosso universo — a propensão dos sistemas naturais para ‘evoluir’”, afirma Milan Cirkovic, astrônomo e pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em nota. Cirkovic não participou do novo estudo.
“Como atestam os autores deste estudo, a tendência de aumento da complexidade e da função ao longo do tempo não é específica da biologia, mas é uma propriedade fundamental observada em todo o universo”, acrescenta o astrônomo.
Dessa forma, os autores do artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) buscam traçar os princípios que guiam a evolução, a partir de sistemas naturais complexos (formados por átomos, moléculas ou células, por exemplo) que podem evoluir para estados de maior padronização, diversidade e complexidade.
O que é a Lei do Aumento da Informação Funcional?
Para entender o que é a Lei do Aumento da Informação Funcional, está no centro da questão um processo chamado “seleção para função”, afirma Michael L. Wong, astrobiólogo, cientista do Instituto Carnegie, nos EUA, e autor principal do estudo.
Para compararmos com Darwin, Wong explica que o naturalista equiparou a função principalmente à sobrevivência. Em outras palavras, a capacidade de viver o suficiente para produzir descendentes férteis é o que guiaria a evolução entre as espécies, de forma simplificada. Através do novo estudo, essa perspectiva é expandida, a partir de pelo menos três tipos de funções observadas na natureza (viva ou morta):
- Estabilidade: os arranjos que são mais estáveis de átomos ou moléculas são selecionados para continuarem a existir;
- Dinâmica: prevalecem os sistemas que apresentam algum tipo de fornecimento contínuo de energia;
- “Novidade”: há uma tendência dos sistemas em evolução para explorar novas configurações que, em alguns casos, culminam em novos comportamentos ou características surpreendentes, e se perpetuam.
Exemplos da nova lei
Através da nova lei da natureza, os cientistas sugerem que os componentes de sistemas complexos são organizados e reorganizados de forma contínua, resultando em diferentes formações. No entanto, é uma pequena fração das novas configurações que se perpetua devido à “seleção para função”.
“O universo gera novas combinações de átomos, moléculas, células. As combinações que são estáveis e podem gerar ainda mais novidades continuarão a evoluir. Isto é o que torna a vida o exemplo mais marcante de evolução, mas a evolução está em toda parte”, sintetiza Wong sobre a nova lei.
Entre os exemplos, o cientista explica que “a fotossíntese evoluiu quando células individuais aprenderam a aproveitar a energia luminosa, a vida multicelular evoluiu quando as células aprenderam a cooperar e as espécies evoluíram graças a novos comportamentos vantajosos, como nadar, caminhar, voar e pensar”.
No entanto, a matéria “sem vida” evolui igualmente, ao se observar os minerais. Inicialmente, a Terra tinha cerca de 20 elementos minerais. No entanto, ao longo de 4,5 bilhões de anos, já são 6 mil conhecidos pela ciência. Estes se formaram devido aos processos físicos, químicos e também biológicos.
De forma semelhante, tal processo é observado nas estrelas. Após o Big Bang, apenas dois elementos principais formavam as primeiras estrelas: hidrogênio e hélio. A partir deles, foram produzidos cerca de 20 elementos químicos mais pesados. Já a próxima geração de estrelas se baseou nessa diversidade para produzir quase 100 elementos, em um processo de contínua evolução.
Fonte: PNAS e Instituto Carnegie (via EurekAlert)