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Por que o etanol rende menos que a gasolina?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Alessandro Reis/Flickr/CC
Alessandro Reis/Flickr/CC

Quem tem carro flex certamente já percebeu que, ao abastecer o tanque com etanol, o consumo de combustível fica mais elevado, e as visitas ao posto precisam ocorrer com mais frequência do que a média registrada quando se usa gasolina.

Isso ocorre porque o etanol, embora seja mais barato e, por isso, o preferido de muitos motoristas, rende menos que a gasolina. A razão para esse "fenômeno" está estritamente ligada à química, e é isso que o Canaltech vai explicar.

Antes, porém, vale pontuar algo bem importante: o fato de o etanol render menos que a gasolina não significa que o biocombustível seja menos eficiente que o combustível fóssil. Na verdade, a situação é bem diferente.

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O rendimento de um carro é medido pelo quanto ele consegue rodar em quilômetros com uma certa quantia de combustível no tanque e, nesse ponto, a gasolina é superior ao etanol. A eficiência, porém, mede o quanto do trabalho do motor é convertido em potência e torque e, sob esse prisma, a eficiência maior é do etanol, que tem maior octanagem.

Etanol x gasolina: Química explica

Como dissemos no início da matéria, a razão pela qual o etanol rende menos que a gasolina em relação à autonomia está ligada única e exclusivamente à química.

Isso ocorre porque o biocombustível tem uma densidade energética cerca de 30% menor que a do combustível fóssil, ou seja, a gasolina tem 30% a mais de energia para queimar que o etanol por litro.

Em termos mais simples, isso significa que a queima de um litro de etanol no tanque do carro ocorre de forma bem mais rápida que a combustão de um litro de gasolina no mesmo reservatório.

Dessa forma, o alcance de um carro abastecido somente com gasolina tende a ser, em média, 30% maior do que o de um veículo idêntico que esteja apenas com etanol em seu tanque.

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Inmetro comprova diferenças

Se você ainda estiver em dúvida sobre porque o etanol render menos que a gasolina, basta consultar o Inmetro e conferir que o próprio órgão aponta, nos dados do PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular), as diferenças de um mesmo carro de acordo com o combustível utilizado.

Um Renault Kwid com motor 1.0 flex, por exemplo, pode oferecer um consumo médio de 10,8 km/l ao rodar na cidade abastecido com etanol, e de 15,8 km/l no caso de ter somente gasolina no tanque.

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Por outro lado, os dados desse mesmo carro apontam números diferentes em relação aos cavalos e ao torque máximo que podem ser extraídos do motor. Ao ser abastecido com gasolina, ele entrega 65 cv e 10 kgf/m, enquanto que, com etanol, chega a 71 cv e 11,5 kgf/m.

A explicação para esse fato também vem da química e está ligada à taxa de compressão do motor. Quando o propulsor “percebe” que o combustível no tanque é etanol, o módulo interno determina uma curva de avanço mais acentuada na queima. Assim, é exigida uma força maior do conjunto mecânico, o que consequentemente gera cavalos extras.

Vale lembrar, porém, que o uso de etanol não vai adicionar cavalos extras ao motor do seu carro flex. A potência com gasolina ou etanol será a mesma estabelecida pelo fabricante no manual do veículo. O que muda é a quantidade gerada de acordo com o combustível utilizado.