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35% de etanol na gasolina: como isso afeta consumo e manutenção do carro?

Por| Editado por Jones Oliveira | 18 de Março de 2024 às 15h30

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Freepik/CC
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A Câmara dos Deputados aprovou e mandou para apreciação do Senado Federal o Projeto de Lei do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que aumenta o percentual de etanol na gasolina dos atuais 27,5% para até 35%.

A mudança faz parte do projeto Combustíveis do Futuro e engloba também a adição anual de 1% de biodiesel ao litro do diesel, até que a porcentagem, hoje em 14%, atinja 20% ao final da década, em 2030.

O viés ecológico da medida que irá ao Senado para votação é indiscutível, mas vem gerando dúvidas e preocupações nos consumidores. Os principais questionamentos são a respeito de como isso afetará o consumo e a manutenção dos carros, especialmente os mais antigos, que não têm a tecnologia flex.

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Afinal de contas, com 35% do etanol na mistura do litro da gasolina, o carro vai gastar mais? Vai precisar de algum tipo de adaptação ou uma manutenção periódica mais frequente?

“Já era ruim e vai ficar pior”

A reportagem do Canaltech conversou com Fernando Batista, o Batistinha. O especialista é piloto, preparador de motores e proprietário da BTS Performance, que há mais de 40 anos é referência no mercado de esportivos e superesportivos em São Paulo.

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Na visão de Batistinha, se o aumento do percentual de etanol na gasolina for aprovado pelo Senado, os donos de carros passarão por maus bocados. E não apenas aqueles que têm carros antigos ou que rodam exclusivamente na gasolina.

“A gasolina com 27% já era ruim. Com 35%, o que era ruim vai ficar pior”, resumiu antes de elencar quais os principais problemas que a alteração na mistura pode acarretar.

“O problema dessa quantidade de álcool (etanol) é que carro que fica parado muito tempo vai criando aquela borra, aquela gelatina nos carburadores, e entope tudo. Ele vai entupir um pouquinho antes porque terá mais álcool”, explicou, alertando para possíveis danos mecânicos nos carros que não foram projetados para trabalhar com etanol.
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Segundo Batistinha, os primeiros carros equipados com injeção eletrônica sofrerão mais, pois o sistema “não era tão inteligente e não vai conseguir corrigir essa diferença”, mas os novos não estarão imunes aos problemas causados pelo aumento do etanol na gasolina.

“Nos carros mais modernos, a injeção é inteligente e acaba corrigindo essa diferença, mas, mesmo quando acerta essa parte na injeção, com essa quantidade de álcool qualquer carro vai consumir um pouco mais”.

"Vai pesar no bolso"

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O consumo, aliás, foi outro ponto levantado como Batistinha como preocupante, mesmo em carros mais modernos, com a chamada injeção inteligente. Na visão do preparador, “vai pesar no bolso de todo mundo”.

“Todos os veículos do Brasil vão começar a piorar um pouquinho o consumo. O álcool gasta mais que a gasolina, então os carros vão fazer menos quilometragem por litro. Duvido que o preço da gasolina irá baixar”, apostou. “Estão vendendo um produto que precisaria ser mais barato pelo mesmo preço, ou seja, estão aumentando o valor da gasolina e vai doer no bolso de todos, pois o carro não vai mais render tanto. Vai piorar. Sutil, mas vai”, concluiu Batistinha.