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Ford Mustang "mais rápido da história" quer bater recorde; mas vem ao Brasil?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Ford/Divulgação
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A Ford já iniciou a produção em série do Mustang GTD, configuração de rua baseada no carro que corre o Campeonato Mundial de Endurance (WEC) e as 24 Horas de Le Mans. Com 815 cv de potência e 91,80 kgfm de torque, o cupê tem uma missão para 2024: fazer uma volta no anel norte do circuito de Nürburgring (Alemanha) em menos de 7 minutos.

A ideia inicial da Ford era vender 1.000 unidades do carro no mundo todo, mas relatos já falam em ampliação para cerca de 2.000, uma vez que a abertura de pedidos nos Estados Unidos atingiram 7.500 propostas.

Mas ainda falta abastecer, pelo menos, os mercados de Europa, China e Oriente Médio, ávidos compradores de supercarros.

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Isso sem falar no Brasil, uma vez que executivos locais afirmaram, no começo deste ano, que desejavam trazer ao menos uma unidade ao país.

Por quanto? O valor do GTD no exterior foi estabelecido entre US$ 300 mil e US$ 375 mil — algo entre R$ 1,6 milhão e R$ 2 milhões, sem considerar impostos. Esse preço certamente triplicaria em caso de venda real por aqui.

Mas vamos explicar o que é o GTD, bem como as diferenças para o Mustang "comum".

Como é o Mustang tradicional?

Fabricado em Flat Rock, na região de Detroit (EUA), o Mustang tradicional está na segunda fase da 7ª geração (chamada pela Ford de S650) e chega ao Brasil na configuração GT Performance, de R$ 530 mil iniciais.

Com motor V8 Coyote aspirado (nada de turbo) de 5 litros, 486 cv, 57,38 kgfm, com câmbio automático de 10 velocidades (lá fora, há ainda câmbio manual de seis marchas).

A tecnologia embarcada permite ao Mustang GT andar tranquilo, levando dois passageiros adultos (mais duas crianças no assento traseiro), ou se comportar como um esportivo de fato e fazer o 0-100 km/h em 4,3 segundos, com velocidade máxima de insanos 250 km/h.

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GTD é quase artesanal

Por sua vez, o GTD vai a outro departamento, literalmente. Nada de esportivo, "apenas". A ideia da Ford é ter um supercarro homologado para rua em linha com modelos como Porsche 911 GT3 RS e Ferrari 488 Pista.

Mecânica e eletrônica são baseadas na classe GT3 de carros de competição, mas usam até soluções banidas na Fórmula 1, como aerodinâmica ativa.

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Tudo para ter condições de fazer uma volta no lendário circuito de Nürburgring em menos de 7 minutos, algo que o 911 GT3 RS já fez (6min54). Nesta categoria, o melhor tempo é do hipercarro híbrido com tecnologia de F1 Mercedes-AMG One (6min30).

Para tanto, o Mustang GTD é construído de forma mais artesanal, com finalização feita por um grupo de engenheiros da Multimatic, em Markham (Canadá).

Mustang mais potente da história

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O motor Coyote é substituído pelo V8 de 5,2 litros, usa o sistema de sobrealimentação polia (supercharger), gira mais alto (até 7.650 rpm) e usa cárter seco pela primeira vez, para manter a lubrificação em curvas longas e acentuadas.

Tanto o sistema de admissão quanto o de escape foram revisados, usando escapamento de titânio.

O câmbio não é automático, mas de dupla embreagem, com 8 marchas e configuração trans-eixo. Ou seja, o motor V8 está na dianteira, o câmbio na traseira e uma transmissão de fibra de carbono une ambos. Tudo para equilibrar o peso.

Com isso, o GTD gera 815 cv, sendo o mais potente Mustang já feito.

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Tecnologia proibida na F1

Também há mudança na aerodinâmica, que é ativa, algo banido da F1. Aletas que ficam à frente do para-choque dianteiro podem ser ativados em maiores velocidades. Esse sistema eletro-hidráulico também altera o ângulo da enorme asa montada sobre a região do porta-malas.

Por fim, o Mustang GTD traz rodas de magnésio de 20 polegadas, com pneus Michelin, freios de carbono-cerâmica e suspensão montada em subquadro tubular.

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Os amortecedores dianteiros são semiativos, os traseiros são adaptativos e ainda ficam visíveis, por meio de uma vigia no que seria o porta-malas do carro. Com eles, o carro pode ficar até 4 cm mais baixo no modo Pista, ganhando até 30 km/h a mais de velocidade.

Somando tudo, a Ford fala em velocidade máxima de 325 km/h, sem revelar ainda a aceleração de 0 a 100 km/h, nem a passada até 200 km/h.

Quem vai levar o GTD?

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Apesar de ser todo pensado por engenheiros, o GTD é uma máquina de marketing poderosa para a Ford, tanto que o passo a passo de criação é todo dado por executivos da marca.

Como o objetivo mecânico é andar bem em Nürburgring, Greg Goodall, chefe do programa GTD, mira no rival da Porsche: "O coração do GTD é o seu V8 de 5,2 litros superalimentado, que tem mais potência por litro do que o Porsche 911 GT3 RS".

No início, a ideia era vender apenas 1.000 unidades, mas o próprio CEO da Ford, Jim Farley, percebeu que a capacidade do Mustang GTD permite ir além da linha 2025, já prevendo a linha 2026 do supercarro.

Então afirmou que ele mesmo compraria um, mas depois do presidente de honra da Ford, Bill Ford (bisneto de Henry Ford), que ficaria com a primeira unidade.

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A decisão sobre quem realmente vai colocar um Mustang GTD na garagem deve ser feita com base no histórico com a marca, como foi com a segunda geração do Ford GT, que durou de 2016 a 2022.

Aqui no Brasil, mesmo com toda a concorrência global, há uma luta de bastidores para que ao menos uma unidade aporte. No lançamento do Mustang 2024, em março, o então VP da Ford para América do Sul, Rogélio Golfarb, agora aposentado da função, afirmou a este repórter "estar trabalhando para ter o carro por aqui".

Claro, a produção limitada é o principal obstáculo, mas a Ford local enxerga a divisão de Performance da marca como um grande trunfo na ampliação de negócios, agora que a empresa atua apenas com importação de modelos.

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Ainda conforme Golfarb confirmou à época, a Ford "está pensando lá na frente". A situação é difícil, mas não impossível. Em situação semelhante, em 2018, a Mercedes-Benz vendeu 2 unidades do AMG One a brasileiros por pelo menos R$ 10 milhões.