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Exclusivo: Para presidente da JAC, eletrificação no Brasil é caminho sem volta

Por| Editado por Jones Oliveira | 21 de Setembro de 2021 às 07h30

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Divulgação/JAC Motors
Divulgação/JAC Motors

O lançamento do JAC E-JS1, primeiro carro elétrico desenvolvido em parceria pela montadora chinesa com a Volkswagen, foi apenas mais um passo da caminhada que Sérgio Habib, presidente da JAC Motors, rotulou como “caminho sem volta” da eletrificação no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Canaltech, o executivo analisou o panorama do segmento no país.

Apesar de admitir que há alguns problemas para emplacar em definitivo a venda de veículos elétricos aqui, o presidente da JAC manteve o otimismo: “Várias empresas querem melhorar o ESG delas. A eletrificação de carros é um caminho sem volta. Carro elétrico tem algumas restrições, principalmente para viajar, mas carro elétrico é o futuro. Não tem jeito. Todo mundo vai ter que se adaptar”.

Ele enumerou, no entanto, as barreiras que o mercado enfrenta atualmente, até mesmo por conta da instabilidade política que há algum tempo assola o Brasil. “Não sei se posso nomear um concessionário em Fortaleza ou Belém, pois não sei onde estará o câmbio ano que vem”, ponderou. Como os carros da JAC são produzidos na China, a volatilidade do dólar e os seguidos aumentos da moeda estrangeira impactam diretamente nos custos para a montadora e, consequentemente, para o consumidor final.

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Segundo Habib, a JAC Motors já foi requisitada para abrir novas concessionárias em Fortaleza, Belém, Maceió, Manaus, Teresina e Campo Grande, mas deixou todos os pedidos em compasso de espera. “Todos querem abrir, mas não posso nomear novas concessionárias. Quando o câmbio sobe, a gente não consegue aumentar o preço. Acaba vendendo com prejuízo, e não pode. Se o câmbio [do dólar] for para 6,50, tenho que vender esse carro [E-JS1] a 200 mil. Não vou conseguir vender”, explicou.

O presidente da JAC Motors também falou ao Canaltech sobre outros pontos importantes.

Elétrico mais barato do Brasil

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“É o primeiro carro da parceria Volkswagen/JAC na China. Pegaram o J2 e mudaram o carro inteiro, suspensão, interior. Foi totalmente respeito pela engenharia da JAC e da VW em conjunto. A gente sente a suspensão "germânica", vamos dizer assim. Acerto muito bom de suspensão. Ele também tem 300 quilômetros de autonomia e a capacidade de bateria. Gasta 6 reais a cada 100 km. Equivalente a rodar 100km com um litro de gasolina. Vai ser, rapidamente, o carro elétrico mais vendido do Brasil”.

Estratégia e vantagens da JAC

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“Na China é mais barato para produzir qualquer coisa: aço, eletrônicos, pneu. A Michelin tem duas fábricas na França e 17 na China. É o mesmo pneu. Qual você acha que é mais barato? Temos carros com tecnologia, mas com preços competitivos. Sempre vamos conseguir oferecer mais tamanho pelo mesmo preço ou o mais barato pelo mesmo tamanho”.

Futuro da JAC no Brasil

“Temos um futuro muito bom com veículos totalmente elétricos aqui no Brasil. Está faltando um sedã, que vamos lançar no ano que vem. Aí vamos ter 3 SUVs, um sedã, um carro pequeno, três veículos comerciais. E vamos lançar um quarto veículo comercial em breve”.
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Preconceito com carros chineses

“Ainda tem um pouco de preconceito, mas, com a chegada de mais marcas chinesas, vai acabar. O nosso carro elétrico, tecnologicamente, é melhor que os europeus. Todo mundo que já dirigiu os dois tipos confirma, e basta experimentar para ver a diferença”.

Parceria com a Volkswagen

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“A JAC tem tecnologia de carros elétricos desde 2008. A parceria com a Volkswagen é mais na área de suspensão e estilo do que no carro elétrico em si. O E-JS1, primeiro carro produzido pelas duas conjuntamente na China, por meio da joint-venture SOL, é 75% Volkswagen e 25% JAC”.

Momento atual no Brasil

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“O que acontece é que o momento brasileiro causa instabilidade. Não sei se posso nomear um concessionário em Fortaleza ou Belém, pois não sei onde estará o câmbio ano que vem. Ele vai de R$ 4,90 a R$ 5,40 em uma semana. Quem me garante que não estará R$ 6,50 em seis meses? Isso traz imobilismo. Ninguém faz nada. A gente espera. Instabilidade gera maior lentidão em tomada de decisões”.

Crise energética no País

“O Brasil tem 12 'Itaipus' [nome da usina hidrelétrica situada no Paraná] de capacidade instalada. São em 9 hidrelétricas, 2 em térmicas e 1 em eólicas, renováveis e atômicas. O Brasil gasta em média 6 'Itaipus'. De noite não gasta. Tem que medir capacidade de geração por pico, ou dá blackout. Se os 43 milhões de automóveis da frota brasileira fossem elétricos, gastaríamos 0,6 'Itaipus' a mais. Ou seja: é impacto zero, principalmente se carregar à noite. Não afeta em nada a crise de energia”.
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