O que é melhor: carro com motor de 3 ou 4 cilindros?
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira |
É bem comum que hoje as montadoras utilizem motores de três cilindros em seus carros considerados de entrada, ou aqueles em que há motorização pequena e de baixa cilindrada, como 1.0 e 1.3. Aos poucos, as opções com quatro cilindros foram deixando de ser usuais nos motores de quatro tempos, com uma ou outra exceção.
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Os motores de três cilindros são essencialmente mais eficientes porque há menos atrito criado no processo de abertura e fechamento das válvulas e na biela com o virabrequim. É matemático: com um cilindro a menos, menor é o esforço, e é possível extrair mais potência, torque e economia com essa mudança.
Quando essa tecnologia foi trazida aos carros, majoritariamente para os compactos, foi notável a melhora de desempenho, redução de custos e maior eficiência. Traduzindo em números: pense que um carro 1.0 tem 1000 cm³ de capacidade volumétrica e que cada cilindro suporta até 400 cm³. Com os tricilindricos, essa conta fecha de maneira mais uniforme do que quando tínhamos os quadricilindricos.
Com um cilindro a menos, o carro fica sem um pistão e seu pino, uma biela, válvulas e as molas. Isso sem falar no virabrequim menor. Em um automóvel, cada grama a menos conta e, obviamente, isso vai influenciar no desempenho como um todo. Menos calor, arrefecimento superior e mais espaço no cofre do motor.
Quais as vantagens do motor de três cilindros?
Tudo bem, mas e quais as reais vantagens de se ter um motor de três cilindros?
Os motores mais modernos receberam um banho de tecnologia em prol da eficiência, mas a mecânica e a engenharia também se aproveitaram disso para proporcionar melhoras significativas no peso, espaço e funcionamento desses propulsores.
Para facilitar, vamos listar as principais vantagens do motor de três cilindros.
Peso
Com a retirada de um cilindro, obviamente o motor ficou mais leve, e isso influencia no peso total do carro. Para que possamos traduzir em números, com um cilindro a menos, os propulsores 1.0, por exemplo, podem perder até 30kg em comparação com uma versão de quatro cilindros. Faça a conta: menos peso, melhor relação peso/potência no veículo.
Menos atrito
Como tem um cilindro a menos, o motor tricilindrico gasta menos energia, já que há menos um pistão. Na comparação com um de quatro cilindros, o aumento de eficiência nesse quesito é de 20%. Menos atrito gera menos calor, menos desperdício de energia e, claro, menos desgaste dos componentes.
Consumo de combustível
Com a redução do peso, é natural que o carro fique mais eficiente no gasto energético e possa ter ganhos de economia de combustível e menor emissão de gases poluentes, tanto na gasolina quanto no etanol. Mas não é só isso.
Esses motores, por terem um cilindro a menos, puderam receber melhorias na câmara de combustão e da cabeça dos pistões, resultando em uma perda menor de troca de energia na saída de escape.
Mais potência e torque
Os motores de três cilindros também são mais potentes e torcudos, já que todas essas mudanças mecânicas favorecem uma extração maior de energia do propulsor. Um exemplo pode ser dado pela linha de motores da Fiat, a antiga Fire e a nova Firefly, essa última tricilindrica.
O Fiat Mobi ainda é equipado com o valente e confiável motor 1.0 Fire, que lhe rende 75cv e 9,89 kgf/m de torque. Mas o subcompacto já teve uma versão com o novo e mais moderno Firefly, que hoje equipa modelos como o Argo e o Cronos. Nesse propulsor, temos 77cv e 10,9 kgf/m de torque.
A versão 1.3 do motor Firefly ainda tem quatro cilindros, mas, nesse caso, a eficiência volumétrica torna o motor muito competente.
Quais as desvantagens do motor de três cilindros?
O motor de três cilindros é um avanço na indústria automotiva, mas não quer dizer que ele seja perfeito. Ganhamos em alguns setores, perdemos em outros. Veja abaixo as desvantagens:
Vibração
Nós já testamos vários carros de três cilindros aqui no Canaltech, sejam eles aspirados ou turbo, e, na maioria esmagadora, percebe-se uma enorme vibração no funcionamento do motor, que é espalhada na dianteira do veículo.
Isso acontece porque, como há uma quantidade ímpar de cilindros, há um certo desbalanceamento na distribuição do peso e da força gerada, causando relativo desequilíbrio e desbalanceamento no funcionamento do motor, o que gera a vibração.
Além disso, pistões posicionados dentro do motor não têm par de mesma posição. Para ajustar isso, os motores de três cilindros possuem contrapesos e coxins especiais para equilibrar esse efeito, algo que, na maioria dos casos, não é perfeito.
Ruído
Também pudemos aferir isso em nossos testes aqui no Canaltech. Como tem um cilindro a menos e todos os componentes foram retrabalhados para trazer mais eficiência, isso gera mais esforço do motor, sobretudo por conta da cabeça dos pistões e do novo formato da câmara de combustão.
Resultado: um ruído muito maior pode ser sentido na cabine, e com um barulho que não é "gostoso" como de um quatro cilindros. E como esses propulsores são, geralmente, utilizados em carros de entrada ou compactos, há um isolamento acústico inferior do que em modelos premium. Ou seja: mais barulho.