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O futuro da nuvem é a descentralização, diz Maddog na Campus Party Natal

Por| 12 de Abril de 2018 às 19h30

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Sergio Oliveira/Canaltech
Sergio Oliveira/Canaltech

Quem já foi a alguma Campus Party certamente já deu de cara com a figura de Jon Hall. Mais conhecido como "Maddog", "por causa do meu temperamento explosivo quando era jovem", o senhor de barba e cabelos brancos já é visto por muitos campuseiros como uma lenda, tendo participado de 11 edições do evento, que ele diz jamais cansar de vir para "fazer jovens conhecerem a maravilha que é o software livre".

Assim como a Campus Party, entretanto, esta é a primeira vez que o norte-americano considerado um dos gurus do software livre vem a Natal. Principal atração do segundo dia de #CPNatal, que acontece no Centro de Convenções até domingo (15), ele falou de temas que já vêm abordando há algum tempo: linguagens abertas de programação, sistemas operacionais baseados em Unix e algumas iniciativas focadas em open source em que vem trabalhando mundo afora.

Ambição que não decolou

Há cerca de sete anos, Maddog apresentou um dos seus mais ambiciosos projetos: o Cauã. Basicamente, a ideia era instalar servidores em espaços subutilizados e incentivar jovens a aprenderem sobre instalação, montagem e manutenção tanto de software quanto de hardware livre. Dessa forma, seriam gerados até 2 milhões de empregos de alta tecnologia somente no Brasil, e cerca de 4 milhões em toda a América Latina.

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Com um planejamento digno de uma grande empresa, o Projeto Cauã, infelizmente, não decolou como seu idealizador imaginou. "É difícil conseguir tempo livre para investir no desenvolvimento de um negócio próprio", lamenta Maddog referindo-se à indisponibilidade de profissionais e estudantes brasileiros para tocar um projeto como esse. "Mesmo assim, o Cauã está tomando novas formas e queremos ajudar estudantes a ganharem entre R$ 500 e R$ 1.000 para custearem sua educação".

Além de pincelar esse assunto, o "cachorro louco" aproveitou sua fala para atacar grandes empresas que fornecem soluções na nuvem. "Não podemos confiar em companhias como AWS, Google e Microsoft", esbravejou.

"E sabe por quê? Porque o modelo de negócio dos serviços de nuvem dessas empresas é todo centralizado nos Estados Unidos. Apesar de esse ser o meu país, eu tenho que dizer que não podemos confiar nele. A legislação de lá permite que agências e programas de espionagem acessem seus dados quando você pensa que está tudo bem, e essas empresas obedecem a essa legislação".

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Então, qual seria a solução?

Subutai

Para Maddog, o futuro da computação na nuvem é a descentralização da infraestrutura com o uso de softwares open source peer-to-peer. Sua aposta, nesse sentido, é o Subutai, ferramenta de cloud computing descentralizada criada pela OptDyn, da qual ele é CEO.

Ele explica que a principal vantagem do Subutai em relação ao que chama de "Big Cloud" é que o usuário pode não só criar sua própria nuvem, mas também controlar todos os seus recursos: "Ao invés de comprar e pagar por recursos, você pode determinar quanto de CPU, memória e disco serão alocados para a sua nuvem, e eventualmente vendê-los para outras pessoas que estiverem precisando disso".

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Outra característica da plataforma é que o usuário pode determinar quais dispositivos funcionarão em sua nuvem - ela não precisa necessariamente ficar restrita a computadores. Diante disso, abre-se a possibilidade de criar uma cadeia aberta de dispositivos voltados para a mineração de criptomoedas.

Software livre é o caminho

Muitas pessoas criticam as ideias de Maddog dizendo que elas são ótimas no papel, mas que na prática não decolam e não encontram espaço no mercado. É difícil dizer se o Subutai vai seguir os mesmos caminhos do Projeto Cauã, empacando como um protótipo, ou se vai decolar de vez.

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Em todo caso, Jon Hall, que atualmente também é diretor do Linux Professional Institute, acredita que o mais importante é o que aprendemos com o software livre. "É um conhecimento gratuito que você leva com você por toda a sua vida; e é o que as empresas querem saber de você quando estão procurando contratar alguém, se você sabe algo de código aberto, livre", defende de maneira entusiasmada.

E é justamente desse conhecimento livre e compartilhado por toda uma comunidade que Maddog acredita que surgem grandes ideias e grandes negócios que podem mudar os rumos da economia global.